terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Complementando a consciência

Apresentamos a consciência como sendo uma tríade, para não sobrecarregar demais o leitor do Blog. No entanto, ele possui dois complementos de outra natureza: a consciência física e a consciência do além-físico.

Consciência Física

A consciência física é a constatação do corpo, a qual praticamente ignoramos na maior parte do tempo, pois afinal, estamos tão integrados a ele que o mesmo acaba passando desapercebido. O momento em que devemos restaurar esta consciência é o do banho, de uma massagem ou de um relaxamento.

Consciência do além-físico

Antes de entrarmos no terreno espiritual, vamos esclarecer que o além-físico seria tudo aquilo que não pode ser captado pelos nossos sentidos. Para dar um exemplo bem ao alcance de nossa época, vamos falar do celular. O telefone celular trabalha como um rádio, possibilitando as conversas à distância, sem uma via física visível. O percurso das ondas não pode ser visto. Este terreno das ondas de rádio e alta frequência, que o celular utiliza seria o além-físico de que estamos falando. Esta consciência, então, reconhece que existem manifestações de um mundo paralelo invisível que transporta alguma coisa, e que através de dispositivos de "amplificação de consciência do além-físico", conseguimos transformar em som, luz, letras em um visor de um aparelho, etc.

Então, como não existem aparelhos que possam captar a fé e exibí-la em um visor, excluímos a fé deste tipo de consciência. A fé está ainda mais longe da consciência e precisa ser aprendida e bem afixada à memória do ser humano.

Diagrama


Leia Consciência e Redes Neurais e Consciência, aqui, agora e aberrações

Conclusão

A consciência plena é uma meta trabalhosa obtida através de um equilíbrio muito maduro do ser ao buscar o balanceamento correto de suas "constatações do instante". Quanto mais este diagrama estiver equilibrado, mais balanceado estará o ser.

Não estamos completamente conscientes, devido ao grande número de pequenos pensamentos que temos no dia (da ordem dezenas de milhares segundo a coleção mente e cérebro). O que realmente vivemos são momentos de "coleta de um aglomerado de informações" quando estas informações são bem relevantes para a nossa existência.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Consciência, aqui, agora e aberrações

O maior mistério para neurocientistas, psicólogos e filósofos é a questão da consciência. Não faremos perguntas e sim constatações do senso comum. Já foi dito que:

Penso, logo existo (cogito, ergo sum) - René Descartes

Ser ou não ser, eis a questão - William Shakespeare

Não critiquemos, prossigamos.

A consciência é se saber, agora mesmo, que estamos aqui e agora. É a completa noção de onde estamos no espaço-tempo.

Antes das próximas digressões, eis um diagrama:


Por ele pode se ver como é difícil a noção de consciência. E justamente esta aparente complexidade também explicita as aberrações de consciência que andam perto de nós. Consideraremos aberrações a manutenção da consciência por menos do que três aspectos. Pela descrição das aberrações é que teremos a idéia da verdadeira conciência no final.

Consciência existencial

A consciência existencial diz ao indivíduo o que ele é, mas construída a partir tanto de seu histórico, quanto de seus objetivos, quanto de ambos. Existem indivíduos que vivem somente do seu histórico (passado) e estacionaram no tempo. Não tem objetivos e se hajam grandes só pelo seu passado e isto lhes basta. É a primeira aberração. Existem indivíduos tão  concentrados em seus objetivos que são incapazes de viver o aqui e o agora. Do lado bom representam elementos que serão responsáveis por grandes conquistas científicas, antropológicas e obras concretas. Do lado ruim, são aqueles criminosos psicopatas ou indivíduos perversos, ou então aqueles que correm atrás do vento. Estas duas são expressões da segunda aberração.

Não basta dizer o que eu sou. É mais valioso receber esta constatação pela observação dos outros.

Consciência material

Representa, quando sozinha e inchada, a consciência dos materialistas. O materialista só se considera "em existindo" quando relata o que possui, quando diz que tem algo que os outros tem (e sempre melhor) ou que os outros não tem (superioridade). E esta expressão não precisa ficar restrita à matéria explícita. Este tipo pode também dizer que tem amigos influentes, ou que tem amigos que tem aquilo que está em discussão (ter por terceiros). Então, o amigo ou conhecido, passa a ser uma espécie de mordomo daquilo que ele pensa que tem (posse indireta, mas indevida).

Consciência espacial

O indivíduo que tem esta parte da consciência inchada e superlativa é incapaz de sair do lugar. O local onde está agora é o mais seguro, pois está ali há algum tempo, e nada lhe aconteceu.

Conclusão

A consciência plena é um delicado equilíbrio entre as três consciências. O indivíduo pode ir a qualquer lugar pelo fato da consciência espacial não ser a dominante, pode ser flexível e se relacionar com os outros pois a consciência existencial não é a dominante, e pode dar e adquirir coisas (desapego) pois o que tem não é a sua identidade, nem tão pouco pede identidade emprestada aos amigos e conhecidos que tem algo que está em discussão (consciência material).

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Oposição visão planejamento

Na incessante pesquisa sobre o cérebro, achamos sempre os mapas esquemáticos deste órgão, mostrando que, apesar dos olhos estarem à frente do crânio, internamente o processamento da imagem é feito na parte traseira do cérebro (córtex visual).

O centro de planejamento (lobo frontal) fica à frente do cérebro, responsável pelas simulações consoantes com o tempo futuro.

Mas por que esta oposição ? Não deveria o centro processador da visão ficar bem pertinho dos olhos ? A chegada da informação não seria mais rápida ? Compreendi, nas incansáveis pesquisas, e com a vivência, que o que chega no córtex visual não é apenas imagem. Vocês já ouviram a frase:

A gente vê o que quer ver

Os raios luminosos refletidos pelos corpos "que achamos que vemos como são" chegam ao córtex visual já "empacotados" junto com nossos conceitos, preconceitos, medos e emoções. Um exemplo claro é o da visão de um cão. A imagem NUNCA vem sem o acompanhamento de um pensamento de "será que ele morde" ou "adoro cães". Ficou claro ?

A visão de cada um é única, repleta de elementos adicionados conforme o histórico de vida de quem vê uma cena em particular. Nossa visão é INDIVIDUAL.

Daí o significado filosófico de estar o interpretador da visão tão longe dos olhos. Existe um outro significado, de que, antes de acreditarmos no que vemos, antes devemos submeter esta visão à nossa razão.

E quanto ao lobo frontal, nada mais eticamente correto do que ter este centro responsável pelo planejamento à frente do cérebro. O centro que olha para o futuro tem que estar na frente mesmo, pois que se atrás estivesse, olharia para o passado.

E se o leitor achar que esta visão paradoxal de olhos contra planejamento é muito filosófica, lembre-se do que o nosso corpo ensina com os membros duplicados (olhos, ouvidos, braços, pernas) quanto à nossa dualidade de pensamento.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Hierarquia das idéias na linguagem - III

Nível 2 - A casa



Neste nível estão idéias físicas somente. Não existe confusão com idéias de família ( a ser tratada no próximo nível ). Trata-se somente das idéias e conceitos de posição e divisão de espaços no mundo que a criança vê logo no início de sua vida.

Espaço

Já foi demonstrado pelas técnicas de fMRI em ratos que o cérebro não reproduz o espaço à nossa volta na forma de coordenadas cartesianas. Nosso corpo é a referência, e utilizamos artifícios de referência não para descobrirmos nosso posicionamento em relação às coisas que estão ao redor, e sim para descobrirmos o posicionamento destas coisas em relação a nós. E o cérebro simplifica muito, apenas lembrando o que está na frente e nos lados (esquerda e direita). Atrás é uma referência quase sempre esquecida, bem como em baixo e em cima, pois nossos olhos olham para a frente.

Pessoas mais conscientes e para as quais o posicionamento é muito importante (policiais, bombeiros, motoristas) podem, com treino, guardar algumas referências a mais para os lados, frente/trás e em baixo e em cima quando necessário. No caso de policiais, eles ainda trocam informações destas referencias com os colegas através de sinais. Bombeiros estudam plantas no espaço cartesiano antes de entrar em um local. Os motoristas fazem um planejamento ainda mais extenso de sua rota, e isto fica evidente no estudo do funcionamento do hipocampo de motoristas de taxi, região cerebral que fica aumentada durante toda a vida destes profissionais, pela necessidade de se deslocarem com eficiência pelas ruas das cidades.

Divisão

A primeira noção que é "injetada" na mente da criança em casa é a idéia de separação dos cômodos, de paredes que separam ambientes, de portas que ora separam e ora permitem passagem, de um cômodo em especial onde toma o banho (banheiro), de outro de onde vem um cheirinho gostoso de comida, etc. E estas atribuições dos cômodos, cabe lembrar, são absolutas para as crianças bem novas. Ao adentrar na casa de terceiros, ela fica completamente confusa, pois, para ela, as divisões da sua casa são uma lei.

E como resultado, as divisões produzem a idéia bipolar de dentro/fora, par com o qual vai conviver linguisticamente a sua vida inteira.

Lugar

Alguns dias em casa serão suficientes para dar à criança a noção de que ela tem um lugar no mundo, e aliás, até certo ponto, ela vai achar que o mundo se resume à sua casa, até que amadureça o pensamento e perceba que existem outras pessoas também vivendo em casas como ela. Aqui amadurecimento está ligado à percepção de que existem outros, e que, como ela, tem todo um mundo parecido com o seu. Amadurecimento então se liga ao desligamento de um egocentrismo natal.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cada neurônio é único

À semelhança dos flocos de neve (dizem), do DNA e das digitais, cada neurônio é único. Como unidade de memória, e supondo que cada um guarde uma informação (cor, sabor, substantivo, adjetivo), sobrepondo o fato de que cada pessoa tem sua própria impressão de cada informação, não fica difícil aceitar tal assertivo, resultado do discurso dos neurocientistas.

Aqui reforçamos esta afirmação com a eterna pergunta sem resposta:

"Será que o outro vê o vermelho como eu vejo ?"

O vermelho, na vida de um indivíduo, tem uma história completamente diversa de outro. Um associa a cor vermelha a uma pipa com a qual brincava com o pai. Outro lembra do vestido vermelho da mãe. Ainda outro lembra do primeiro carro de brinquedo vermelho que ganhou. Na cabeça de cada um deles, a idéia de vermelho está associada à uma memória AFETIVA que envolve algo com a cor vermelha.

Portanto, se neurônios guardam protótipos de idéias, e como cada uma delas é única, eles devem ser como nós, únicos também.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Porque precisamos dormir

Em um artigo do Dr. Kenneth Wesson (kwesson@sjeccd.org) li a perturbadora frase:

"...the creativity involved in art and music do for brain during the day, what dreaming does for the brain at night".

que traduzido para o português significa:

A criatividade envolvida na arte e na música faz pelo cérebro durante o dia aquilo que dormir faz pelo cérebro à noite.

Já falamos sobre o lado direito do cérebro (LDC) e sobre o lado esquerdo do cérebro (LEC). As artes e a música são processadas no LDC e a racionalidade reside no LEC. Durante o dia, aquilo que nos conhecemos como consciência é mantido pelo LEC. De noite, a consciência é desligada, e o LDC toma conta. Mas como não é um bom administrador do razoável, o resultado são os eventos desencontrados e a fusão de elementos das diversas ações do dia, antes e depois dele em sonhos confusos e absurdos. No entanto, o efeito é benéfico, pois as memórias recentes são fixadas e o ciclo de recuperação das células do corpo é levado a cabo.

Outras conclusões possíveis são as seguintes:

Ouvir música e exercer atividades artísticas, sem exageros, ajuda a recuperar o corpo e a mente, mantendo a nossa capacidade de raciocinar e tomar decisões durante o período consciente.

{Acréscimo} Formação de memórias

Em estudos mais recentes, foi demonstrado que o sono é essencial para a formação das memórias, pois é preciso repouso para que nossa energia metabólica possa se concentrar na Migração Neuronal. É um processo fantástico e necessário. Assista o filme deste link para ter uma ideia do esforço do cérebro para manter sua organização, adquirir conhecimento e consolidar este conhecimento.

O sono também limpa aquelas memórias que não foram potencializadas por revisões. O que isto quer dizer ? Aquilo que não despertou interesse da pessoa, não foi relembrado, revisto, é jogado fora da Memória de Curta Duração, para não abarrotar a mente do indivíduo.