terça-feira, 17 de julho de 2012

Rituais na construção e manutenção da identidade

Durante o dia, oscilamos entre RITUAIS e estados verdadeiro de CONSCIÊNCIA.

Já falamos sobre cotidiano e sobrevivência em posts anteriores, mas agora é hora de ir mais a fundo nos RITUAIS. Primeiro vamos explicar os:

Automatismos

Automatismos são ações não ligadas ao metabolismo do chamado Sistema Vago, aqueles que funcionam por si só, sem nossa intervenção consciente. Eles apontam na direção da maturidade de tarefas aprendidas e dominadas. O objetivo é diminuir a quantidade de energia dispendida para se fazer determinada tarefa muito frequente em determinado momento da vida.

Um exemplo se refere a andar de bicicleta, outro seria o de dirigir um veículo e outro ainda seria o de fazer peças de artesanato de baixa complexidade.

A memória armazena os procedimentos e referências dos automatismos já consolidados em uma rede neural  que abrange nervos musculares e neurônios dos centros motores do cérebro, complementado pela rede neural de conceitos e idéias associados aos movimentos que precisam ser executados. Este é um exemplo para automatismos dos membros da ossatura, além dos músculos envolvidos na atividade.

No caso das memórias não associadas ao movimento, algo se forma envolvendo a visão, a audição, a fala e até o olfato se for o caso, para dar ampla cobertura e formar a "impressão" da idéia em questão.

Automatismo obsessivo

Os automatismos, por serem repetitivos, podem fazer uma várias área do cérebro entrarem em "assembléia", e assim mantidos por um tempo relativamente longo, se tornarem obsessivos. O cérebro é uma máquina e, pior que isso, uma máquina química CAPAZ DE PRODUZIR "AUTO-DOPING".

Automatismo compulsivo

Quando o Automatismo Obsessivo estabelece o seu regime químico e um certo efeito é produzido sobre as áreas de prazer, ele se transforma em um Automatismo Compulsivo, e o indivíduo passa a pensar FREQUENTEMENTE em entrar em regime daquele Automatismo em particular. É o VÍCIO.

Vícios

Os vícios são automatismos assumidos pelo indivíduo como resultado da crença de que um Ritual prazeroso ou de ocupação trará algum prazer para ele. O que se nota, à medida em que o Vício toma conta da pessoa, é a diminuição cada vez maior do prazer. O vício NÃO TEM CARÁTER eminentemente RITUAL porque não possui associação com algo AFETIVO. Ele tem aspectos de dependência, fortes razões químicas, pois a abstinência da substância provoca dor e aflição. Um alcoólatra, um fumante, um viciado em crack ou cocaína possuem vícios. Já o indivíduo que sai de casa todo dia para comprar jornal, ou correr para manter uma lembrança viva de um hábito de algum familiar perdido está executando um RITUAL.

Manias
A mania é um "vício menor". Este "menor" indica que ele pode ser interrompido por intervenção externa. Por exemplo, a mania de roer unhas; quando somos chamados à atenção, paramos instintivamente.

Rituais

Em primeira instância, os Rituais são HÁBITOS COMPLEMENTARES de nossa saúde mental. A identidade é construída a partir de Rituais, somos reconhecidos TAMBÉM pelos rituais que executamos e construímos novos Rituais para crescermos. Outras pessoas construíram os Rituais em que estamos mergulhados hoje.

Mas qual é a raiz e o significado dos Rituais ?

A própria sucessão incansável dos parâmetros do tempo é um Ritual da natureza, infra-estrutura dos nossos Rituais. Nós já entramos na vida PARTICIPANDO de Rituais viscerais já estabelecidos pelo Criador (tecnicamente falando, pois não queremos vincular o assunto a nenhuma entidade para não ferir susceptibilidades).

Os Rituais da natureza, no que diz respeito ao tempo, nos orientam, em primeiro grau, em relação à nossa higiene e manutenção da saúde pessoal. Pelo andar do tempo em um dia, sabemos a hora das refeições que mantém a nossa saúde, de forma a cumprir outros rituais. A interrupção deste tipo, pelo ritmo da vida diária, que pretende manter o ser humano o tempo todo ocupado com obrigações ilusórias, leva à doença.

Efetuando portanto estes Rituais, de forma saudável, vem a primeira consequência, ou seja, a transferência, através da educação, para os futuros participantes de nossos rituais: NOSSOS FILHOS. Existe um forte caráter SOCIAL nos Rituais. Eles representam a manutenção de um mecanismo global, de forma que o tecido da Sociedade esteja bem costurado e não rasgue, ou seja, não se deteriore o modo de vida do grupo.

O mecanismo Ritual Social

Pais transferem os Rituais para seus filhos. Um indivíduo que não tem Rituais para observar, não aprende nada, não tem orientação, não tem direção. Isto porque a memória tanto mais se constrói e fortifica com a repetição. E a repetição só aparece se existir um procedimento efetuado frequentemente, um conjunto de ações, que podemos chamar de Ritual.

 Vamos analisar o Ritual do Café da Manhã

O Café da Manhã foi concebido indelevelmente pela necessidade biológica, conjugada à praticidade (colocar uma só vez as louças e alimentos e retirá-las também de uma só vez) e aliada a um propósito de união da família. Um Ritual perfeito para se analisar.

Neste ritual, o mestre de cerimônias é a comida.

A preparação

A preparação de um Ritual já é um Ritual por si só, pois possui uma ordem, uma lógica e uma razão. A ordem é a metáfora da disciplina. O Ritual (com este sentido social, religioso) é concebido não para que se obtenha um produto, mas para que se cultive a paciência e se alcance a sabedoria. Os utensílios se destacam não pela sua beleza, mas pelo seu significado, pela posição em que ficam e pela sua forma.

Se você não está entendendo o significado da posição, pense, neste caso do café da manhã, na posição privilegiada da cabeceira, geralmente reservada ao chefe da família: o pai. Provavelmente a mãe se assenta na cabeceira oposta, o filho mais velho à direita do pai, etc. Tudo tem um significado no Ritual.

Os utensílios

Colheres, garfos e facas tem suas funções, e sua posição está associada à ordem e fatores humanos.  Como a posição destra é a mais comum, a faca é colocada do lado direito do prato. O garfo é colocado do lado esquerdo. Mas existem vários garfos e várias facas. Os talheres de sobremesa fica mais internos, ou seja, mais próximos do prato inicial, POIS SERÃO OS ÚLTIMOS a serem utilizados.

Como as pessoas à mesa fazem parte da mesma família, as louças individuais devem ser do mesmo padrão, talvez com tamanhos diferentes para as crianças. Existe uma série de detalhes em torno de um simples Ritual.

A celebração

Todos se assentam, provavelmente juntos, para significar que esta é uma família unida, e o chefe da família deve ser o primeiro a se servir, mostrando aos outros quem manda. A mãe se serve em seguida, ou serve os filhos menores. O filho mais velho pode se servir em paralelo à mãe, ou, para demonstrar absoluto respeito, após sua progenitora.

Conclusão

Tudo em nossa vida tem significados sociais e neurológicos. Nossos costumes nos educam em meio a um contexto envolvendo tarefas que tem ordem e lógica. E é isto que vai moldando o nosso cérebro com o objetivo de termos paciência e saúde.






quinta-feira, 12 de julho de 2012

O alcoolismo e o cérebro na adolescência

Muito já se disse sobre os efeitos do álcool sobre o cérebro, o início do vício, a propensão de uns e outros para o alcoolismo e etc.

Porém, hoje, após anos de pesquisa e uma maior precisão dos estudos tanto químicos quanto estatísticos, existe uma direção:

É extremamente perigoso expor a pessoa às bebidas alcoólicas quando estas estão jovens.

A explicação está em um comportamento muito conhecido do cérebro: a capacidade de aprender. A juventude nos é dada para que estejamos suficientemente flexíveis para aprender. Então, ansioso e propenso à aprender, o cérebro, quando novo, se exposto à bebida, APRENDE DESDE CEDO A BEBER.

Vamos colocar a coisa em termos dramáticos, dizendo que é o cérebro, e não nós, que aprende a beber. Pois ele está, quando jovem, justamente aprendendo, e neste estado, se lhe é apresentada a bebida, com os componentes químicos que lhe dão relaxamento e bem estar, é claro que ele vai gostar.

Daí o perigo extremo de se oferecer bebida aos jovens. Daí a lei que proíbe a sua venda a menores. Substâncias que podem provocar vício só podem ser "experimentadas" por cérebros já formados. O mesmo acontece com os fumantes. Geralmente eles dão início à "aspiração de fumaça" bem novos.

A lógica

O cérebro precisa desta "vontade" e propensão a aprender, à experimentação, para se desenvolver. Ele aceita com mais facilidade, devido à sua maior plasticidade, o que lhe é mostrado na juventude. É uma questão de sobrevivência. E com as bebidas alcoólicas, ele cai em uma verdadeira armadilha, pois, como é a hora de aprender, ele interpreta que deve viver com aquilo, como vive de açúcar, oxigênio, etc.

Conclusão

Conscientize os jovens ao seu redor deste mecanismo biológico que pode traí-los.

sábado, 7 de julho de 2012

Evoluindo do pensamento dual para Consciência

No post anterior abordamos o pensamento dual básico do ser humano.

Temos de prosseguir, utilizando este pensamento dual para compor as camadas mais evoluídas do Raciocínio, para sermos reconhecidos como humanos verdadeiros, e não animais de dupla decisão.

Os valores espirituais, éticos e morais

Se eu estou diante de determinada situação, como um bombeiro, e me vejo em perigo, o Raciocínio Dual me impele a FUGIR da situação. Então eu me abstraio deste modelo, egoísta em sua origem, e submeto a situação aos três escopos que fazem do homem este ser diferente:

Espiritual: Eu tenho uma alma, e outras dependem de mim.

Ético: Eu fiz um juramento como bombeiro, e nele estava o aspecto de salvar uma outra vida (aqui é uma vida, e não uma alma).

Moral: Tendo os meios, e sabendo que existe uma grande possibilidade de salvar meus companheiros que já estão no incêndio e pessoas, que me fizeram ter certeza que estão lá, precisando de ajuda, eu tenho que entrar e cumprir com o meu dever.

Desta forma, eu tenho que entrar no incêndio, e fazer o meu trabalho.

A consciência

A consciência ultrapassa os valores éticos e morais, pois mesmo eu não sendo bombeiro, eu me projeto para dentro do incêndio, e digo para o meu ser:

PODIA SER QUE FOSSE EU QUE ESTIVESSE PRECISANDO DE AJUDA

Isto, principalmente, nos distingue de seres guiados por leis, normas e regulamentos. A consciência, desenvolvida através de valores espirituais da civilização humana, mesmo que não tenhamos fé, pode ser despertada para seguir as idéias e conceitos mais enraizados na face espiritual do ser humano. Afinal, feitos à imagem e semelhança de Deus, guardamos esta face, mesmo que ela esteja lá nas profundezas do inconsciente adormecido.

Como um ser programado, já que nem nós mesmos sabemos com precisão o nosso propósito nesta vida, nem quem a inventou (falo como um ateu), obedecemos a uma programação bem básica, que nos colocou uma estranha sensação de SABERMOS QUE ESTAMOS VIVOS. À esta estranha e indescritível sensação damos o nome de CONSCIÊNCIA.

Conclusão

A evolução do pensamento Dual, temperado com os diversos fatores do contexto humano, leva ao pensamento CONSCIENTE.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Pensamento dual básico - Lógica binária

Em certas situações de nosso interesse, costumamos perguntar às pessoas o que acham ou acharam de determinada coisa: um carro, um filme, uma comida, etc. E recebemos uma resposta pobre, curta e infantil:

É bom. Eu gostei.

Esta resposta faz parte da lógica básica dual da raiz do cérebro (a amígdala):

Bom ou ruim.

Sim, certamente nossa percepção quando bebês, a respeito do mundo, era assim. Choro se está ruim e riso se está bom.

O amadurecimento

Quando amadurecemos, sabemos expressar idéias intermediárias, além de justificativas para as nossa impressões. É o crescimento relacional do cérebro, a construção de conceitos complexos, o ajuste fino de nossas idéias e a apreciação de detalhes.

A valorização de casos apenas

A nossa volta observamos, principalmente após a chegada do Youtube, o gosto pelos pequenos casos do dia-a-dia, principalmente acidentes. Este tipo de ideia é bem visual. Basta contar o que se viu e aquilo que nos impressionou. Não existe mais o gosto pela discussão de detalhes. Fala-se somente da parte que mais se destacou, no caso dos acidentes, principalmente se o veículo envolvido se espatifou todo, ou se algum "pedaço" de uma pessoa voou pelos ares.

A síntese

Isto demonstra como as operações mentais, hoje em dia, estão deslocadas para a síntese, e a mais crua e curta possível. Ninguém quer pensar. Quatro parágrafos já entediam o homem moderno. Estamos ficando carentes de análises, e podemos notar este fenômeno em atividades e serviços de que precisamos, onde quem nos atende só sabe cumprir as normas e tem preguiça de pensar, sempre dizendo:

ISTO NÃO É POSSIVEL FAZER

Conclusão

Em termos de operações mentais, o ser humano está caminhando para um comportamento primitivo: o da dualidade.