domingo, 12 de agosto de 2012

A paixão, sugadora de recursos do cérebro

Durante o curso de nossa vida, precisamos de fortes apoios afetivos para continuarmos vivendo.

De uma forma mais técnica, baseado no estudo de Redes Neurais, de que os neurônios trabalham em Assembleia para resolver problemas e nas Colunas Neuronais, todos os assuntos já abordados neste blog, o apoio para o cérebro se manter motivado a sustentar o ser que o sustenta (o corpo) é a REDE MAIS DESENVOLVIDA DENTRE TODAS AS OUTRAS.

O indivíduo que tem um ideal tem este ideal em uma REDE NEURAL bem desenvolvida. O tenista tem a Rede Neural responsável pelos movimentos das mãos e braços mais desenvolvida. O aficcionado por carros tem uma Rede Neural repleta das informações sobre este assunto mais ramificada que as demais. E assim por diante.

Portanto, a Rede Neural daquilo que mais motiva um indivíduo é a mais desenvolvida dentre as demais, e por onde circula mais sangue, nutrientes e impulsos.

A Paixão

Quando o indivíduo está apaixonado, ele cria no seu cérebro uma Rede Neural com a aparência do ser amado, suas expressões verbais, o histórico dos encontros que com sua paixão teve, as comidas que este ser gosta, e outras informações pertinentes ao objeto de sua paixão. Em outras palavras, é quase como se criar no Cérebro UMA FORMA NEURAL E VIRTUAL de uma pessoa. Isto é fantástico e é GRAVE no sentido de que pode levar à loucura.

Existe uma música de Vanderly que diz em uma de suas frases "que querem SER o outro". Esta é uma expressão da Rede Neural de que falamos levada ao seu mais alto grau: o ser amado acaba indo MORAR na mente do apaixonado. Um dos lados bons do casamento é que esta Rede com uma imagem idealizada (pois o cérebro acaba fazendo inferências cada vez mais inexatas e idealizadas) vai se desfazendo aos poucos, e dando lugar ao que o ser amado REALMENTE É. Não existe nada mais sadio do que a imagem real das pessoas.

 Uma pessoa é um ser de carne, virtudes e defeitos

Graças a Deus. Imagens ideais se conseguem fazendo estátuas, desenhos, romances, e todas as outras formas artísticas que ajudam em nossa fuga da realidade e em nossa catarse, para que não se caia no abismo da loucura.

Nossa vida tem várias fases, e uma delas é a paixão, para que encontremos alguém. Mas se esta paixão demora a se realizar, e toma a forma de um monstro cerebral, uma Rede Neural gigante e tirana, deve ser reconhecida e abandonada.

A vontade

O fenômeno de crescimento e domínio desta Rede da paixão é tão válido, que é capaz de impulsionar a nossa Vontade a fazer coisas que seriam impossíveis no domínio completo da racionalidade. O bombeiro se enfia em um incêndio para salvar uma pessoa devido à paixão pelo outro, desenvolvida em vários episódios de sua vida que o empurraram a seguir esta profissão, por admiração ao trabalho de resgate de uma vida.

A vontade empurra o atleta a treinar, suportando a dor e o cansaço, pela paixão pela fama, ou superação, ou pelo prazer de atingir um objetivo. E OBJETIVO é apenas uma Rede Neural dentro do cérebro de um indivíduo em particular que clama por crescer (adquirir conhecimento).

A fantasia

Um desejo, uma motivação, à medida em que é alimentado, vai recrutando neurônios para a sua satisfação. Só PENSAR já é uma ORDEM de RECRUTAMENTO de neurônios para formar uma Rede Neural. E quando esta ordem é persistente, a Rede se forma (a Matrix do famoso filme). E quando a Rede se torna suficientemente grande e realimentada, a fantasia toma a identidade de uma obsessão. Então o indivíduo acha que ela é concreta.

Em outro post já mostramos que o Cérebro é o melhor simulador da realidade. Alguém pode achar que a fantasia agora é real, porque o Cérebro é capaz de FAZER a coisa real.

Deus

Devido ao perigo que os pensamentos em coisas terrenas representa para o ser humano, a Bíblia enfatiza que em primeiro lugar se deve amar a Deus. Este amar um Ser Invisível, coisa que parece loucura, não se constitui em fantasia, dado que não temos um retrato de Deus e nunca falamos direta e pessoalmente com Ele. Podemos idealizá-lo, mas nunca como o faz a Paixão, pois não podemos deturpá-lo sem O conhecer totalmente.

A Rede Neural de Deus dentro do cérebro pode crescer mais e mais, pois sua compreensão é muito longa, e não temos notícia de alguém que já O compreendeu em sua totalidade.

No entanto, tem loucos que tentam comparar Deus a pessoas ou coisas existentes, e por isto ficam loucos. A busca por Deus demora toda uma vida, e SERÁ QUE O ENTENDEREMOS ?

Por isto a "paixão" pelos assuntos de Deus são mais sadias, porque não existe idealização por deturpação, coisa que acontece no amor entre duas pessoas. Quando uma pessoa quer mandar na outra em uma relação amorosa, esta relação acaba (e costuma dar em morte). Já na relação com Deus, ele age como Quem manda. Nada mais correto, pois Ele conhece tudo, e nós ACHAMOS QUE CONHECEMOS.

Conclusão

Cuidado com o que você pensa, e o quanto pensa, pois pensamentos podem CRIAR um ser de existência quase Real dentro da mente.


sábado, 4 de agosto de 2012

Ouvir, dialogar e olhar no olho - Crescimento pessoal

Um bebê aprende a falar de tanto ouvir. Isto é parte de um gigantesco trabalho, completado pelo cérebro. Concomitantemente, ele troca olhares com a mãe, com o pai, com a babá, com os tios, primos e vizinhos.

Até dominar as frases complexas, o indivíduo humano dá, inconscientemente, grande valor a estas trocas visuais e auditivas. Na adolescência, no entanto, por se achar senhor da verdade, o indivíduo passa a evitar o excesso de troca e se recolhe mais de forma a desenvolver seu próprio pensamento.

Isto é natural, e nisto não existe engano.

Mas imagine que o indivíduo continuasse, pelo menos, ouvindo e "pesando" os fatos em sua cabeça. Ele aumentaria o seu depósito de idéias e conceitos, formando uma infra-estrutura de raciocínio muito maior. Tente dizer isto a um adolescente.

Os adultos também, nos locais de trabalho, pensam que sabem tudo, escolhem demais as suas companhias e podem chegar a se fechar completamente. É o "indivíduo individualista". Temos tendência natural a evitar conversas chatas, companhias que falam o que não concordamos e grupos que julgamos de baixo nível cultural.

Pelo menos até os quarenta anos, o brasileiro tem que se avaliar como total ignorante, e hoje ainda mais, pois a leitura é um hábito muito distante e até desprezado.

As opiniões diversas

Seja qual for nossa opinião ou visão sobre algo, é importante ouvir pelo menos mais duas, pois haverá diversidade e possibilidade indubitável de desempate. Qualquer opinião traz um ponto de vista, e mesmo com um vício da faceta abordada, seu exagero pode ser registrado para ser refutado em sua natureza. Não que toda opinião seja válida, mas oferecendo um lado absurdo, constitui-se em um erro registrado para não ser imitado e ponto de apoio para se achar a verdade.

A conversa chata

O que mais nos incomoda em uma conversa é o indivíduo "do contra". Por um problema de formação de raciocínio este tipo de indivíduo não sai da "adolescência cerebral". Este tipo não inicia conversa nenhuma, a não ser que esteja estimulado por algum acontecimento que lhe tocou o ego. Ele embarca na conversa dos outros, contando casos e dando "o contra". É mais fácil. Diálogo de reação. Repare como estas pessoas frequentemente iniciam frases com "não".

Até esta conversa é proveitosa, pois traz os "elementos do senso comum". Sempre se oferece uma faceta mais absurda e mundana do raciocínio humano. E preste atenção, pois uma vez em cem, ou menos ainda, este indivíduo pode dar uma contribuição que você nunca imaginou, quando o seu íntimo ficar excessivamente exposto. Então ele vira um sábio por alguns minutos. Este pode contribuir muito, se você tiver a paciência de um pescador esperando um peixe em uma lagoa que quase não os tem.

O ouvir

Fique então sem ouvir muito tempo uma conversa, um ouvinte. Você murcha. Somos acostumados à ativação pelo que vemos. O sentido da visão fica ligado e recebendo informação de doze à dezesseis horas por dia. Mas o ouvir só se realiza por pouquíssimas horas somadas. Ouvir é importante. A língua é aprendida pelo sentido da audição.

E qualquer audição besta, aparentemente insignificante, é necessária para nos manter vivos e sadios psicologicamente. Não basta as pessoas se movendo à nossa volta. É preciso que falem, e se estiverem fazendo isto se dirigindo a nós é melhor ainda.

O aspecto linguístico

A conversa humana ativa de forma capital duas áreas do cérebro conhecidas como área de Wernicke e de Broca, responsáveis pela manipulação e compreensão linguística das palavras. E todo o cérebro vem participar da conversa. No post "No cérebro as decisões são tomadas em Assembléia" vimos que o próprio cérebro adotou o modelo "parlamentarista" para não estranhar muito a vida linguística social.

O olhar

Recentemente foi descoberto que os olhos não são propriamente órgãos de um sentido, e sim uma parte do cérebro. O "olho no olho" pode revelar se a pessoa está ou não falando a verdade. O olho que insiste em "cair" em direção do pescoço ou tronco da pessoa com quem se conversa pode revelar submissão, medo, insegurança ou traição. Quem não consegue sustentar o olhar frente ao outro provavelmente está tendo uma conversa tensa.

O olho é a janela da alma, e a correta interpretação de sua posição e movimentos traz muito conhecimento sobre a natureza de nossos interlocutores. O lado bom é que um simples olhar sincero ajuda muito a manter a nossa saúde mental e física.

A migração dos diálogos para redes sociais perverteu o sentido da verdadeira conversa presencial, com a audição e com a troca de olhares que lhe são peculiares. O facebook e os chats são a falência da conversa sadia.

O homem sozinho

Ao homem sozinho resta se olhar no espelho, mas isto não lhe acrescenta nada. Somos animais sociais (não sei se sociáveis no estágio em que o mundo se encontra). E o mais profundo é que formamos UM GRANDE ORGANISMO SOCIAL, com a necessidade de aproximação corporal, diálogo e observação. O inteligentíssimo Machado de Assis descreve em suas obras os cacoetes que personagens solitários desenvolvem ao tentar "casar com si mesmos".

A mais tempo via os solitários com uma garrafa de cerveja como sua companheira, cumprindo um horário bem constante, e sendo conhecidos dos garçons, sentando-se sempre no mesmo lugar. A cerveja lhes servia de apoio (e ainda serve) e desculpa para a falta de uma companhia. Então passavam horas observando as outras pessoas, e se alimentando de suas presenças. Após umas horas, pagavam a conta e iam embora satisfeitos. Isto ainda ocorre em nossos dias.

Uma versão atualizada deste tipo é o solitário que assenta na praça de alimentação, abre o notebook, netbook ou tablet, e inicia seu passeio virtual. Mas se está interagindo nas redes sociais da Internet, para que precisa sair de casa ? Para "sentir em seus ossos" que está perto dos outros. É uma necessidade visceral. Melhor seria se marcasse para encontrar com os "corpos físicos" dos colegas, e manter sua saúde psíquica.

Conclusão

Converse, e olhe seus interlocutores no olho, para se desenvolver totalmente, e observe se eles te olham no olho. Ouça até aquelas pessoas que, em seu julgamento, não lhe acrescentarão nada. Este é o lado científico do amor entre as pessoas.