segunda-feira, 25 de julho de 2011

Consciência e redes neurais

A consciência é um "boiar sutil em uma rede de pensamentos".

Como explicar isto ?

Vamos explicar com base em uma rede que sustenta uma idéia. Teoricamente, uma rede como esta se apoia de forma tênue (pensar é algo muito sutil e efêmero) em Entidades, Atributos e Fatos. Os Atributos são os mais relativos, podendo ser as vezes chamados de propriedades, métodos, comportamentos (behavior). As Entidades podem ser instituições ou elementos de uma instituição ou mesmo definições ou conceitos. E Fatos são coisas como que precursoras de verdades físicas (acontecem e se situam no espaço/tempo).

Um momento sustentando uma idéia

Você está trabalhando e olha o relógio. Está quase na hora do almoço. Você começa a "sustentar" no pensamento (momento efêmero) as pessoas com as quais vai almoçar, em qual restaurante, se vai pagar no Vale Refeição, em dinheiro ou cartão, se vai a algum lugar depois, etc.

As entidades são: o almoço, o restaurante, os amigos, o pagamento. Os amigos se subdividem em cada um que você puder pensar. O pagamento se subdivide nas formas de pagamento. Rapidamente sua mente passeia por estes "nós" da rede, e você se mantém ocupado neles, pulando de um para o outro, sem quase se dar conta, e, "tchan tchan": você se manteve consciente por alguns instantes.

Cumprimentos aos colegas no corredor, a ida ao banheiro, o descer das escadas, tudo são atos mecânicos e praticamente insconscientes. O principal é o lugar, a rede, onde você já está, antes de encontrar com a primeira pessoa que vai almoçar com você, antes de entrar no restaurante e antes de comer.

Este quadro é quase um estado de pré-ansiedade:

Ansiedade é estar aqui, enquanto se pensa em estar lá.

Cotidiano e consciência

Quanto mais repetitivos os atos que fazemos, mais automáticos andamos, menos conscientes estamos.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Oposição e comparações demandam esforço linguístico

Nossas primeiras expressões depois de conhecer um pouco mais o mundo são coisas como:

- O homem é forte. Ele é alto. O outro é fraco.

O correto seria dizer que o homem é mais alto que outro que servisse de base de tamanho. O mesmo se aplica para forte e fraco, grande e pequeno.

Este é um embrião do que vai se transformar na operação mental de comparação. O primeiro passo é reconhecer um padrão, expressão da média, do comum, do aceito, do praticado. Depois de reconhecê-lo, questione-se se este padrão se aplica a todos os contextos e a todos os tempos. Por exemplo, entre as formigas, o tamanduá é conhecido como grande. Já entre os elefantes ele é um ser pequeno.

Portanto, é preciso ter cuidado na aplicação dos adjetivos conforme o contexto. Por contexto podemos entender agora, neste artigo realmente esclarecedor, um conjunto de parâmetros médios que tem relação linguística lógica com aquilo que está sendo estudado ou observado.

Novamente falando das formigas, vamos nos reduzir ao seu tamanho, pensar em um ser que tem pernas mas não tem dedos e que utiliza como matéria-prima para o seu alimento as folhas, principalmente. Vamos pensar no parâmetro de tamanho em dimensões de cerca de 2 centímetros, no de população em milhares, no provável local de vida a terra (se bem que agora elas invadiram as nossas casas).

É por não levar em conta o contexto, que escutamos e lidanmos com absurdos em nossa vida, como o horário dos bancos, que é quase exatamente o nosso, nos obrigando a usar o horário do almoço para fazer as transações bancárias. Ao analisar o seu horário de funcionamento, os banqueiros colocam como contexto o horário comercial de trabalho (ainda diminuído de 3 horas), ao invés de colocarem neste contexto o horário disponível dos clientes para fazerem operações bancárias. Por este motivo, os bancos espalharam caixas eletrônicos sob os quais não tem nenhum controle sobre a sua segurança. As câmeras de vigilância só possibilitam correr atrás dos assaltantes quando o roubo já foi efetuado.

Percebendo o contexto

Ora, para levantar um contexto, para depois serem possíveis as operações de oposição e comparação, é preciso levantar todo o vocabulário envolvido naquele contexto. Para o caso das formigas:

Formiga, antena, patas, terra, grama, formigueiro, saúva, soldados, fazendeiras, fungo, folhas, floresta, árvores, tatu, etc.

Comparação

Para a comparação, é preciso conhecer contextos parecidos com o da vida das formigas, como por exemplo comparar o formigueiro com uma grande metrópole ou com um quartel militar.

Exemplo

Vamos analisar o trecho inicial do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas do inteligentíssimo Machado de Assis:


Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou
pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a
minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento,
duas considerações me levaram a adotar diferente método: a
primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um
defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que
o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também
contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: diferença
radical entre este livro e o Pentateuco.

Este período contém as duas operações mentais de comparação e oposição, esquematizadas a seguir:


A oposição pode ser feita entre dois contextos (oposição de direção), no caso entre a direção em que o os autores escrevem suas memórias e obras (ordem cronológica) e a direção escolhida por Brás Cubas (a inversa). E também pode ser feita pela ordem na oração e pela inversão substantivo adjetivo de palavras que possuem ao mesmo tempo estas duas funções gramaticais.

Conclusão

É preciso conhecer as funções sintáticas e ter a capacidade de colocar mais de um contexto em uma idéia para se obter relações lado a lado e analisá-las, linguisticamente, para fazer as comparações e oposições, aumentando a capacidade de visão proporcionada pela linguagem do ser humano. Em outras palavras, você faz um esforço linguístico para aumentar seu poder linguístico, como nos exercícios físicos: você exercita o músculo para fazê-lo mais forte.

domingo, 3 de julho de 2011

Uso dos números, ordem de grandeza e outras ciências

Os números podem nos ajudar a ter mais domínio sobre as coisas do que imaginamos.

Este pode ser o motivo pelo qual os alunos não gostam de matemática. Ela, sem aplicação, sem uma inserção profunda em nossa vida, não provoca interesse, já que reina em um mundo altamente abstrato, quando sozinha.

Ordem de grandeza

Se, no mundo matemático, digo que 1000 é maior que 4, estou certo, matematicamente correto, mas não chego ao mundo real. Isto é uma expressão do mundo abstrato, pois no real não temos números por si só, e sim entidades, coisas.

Uso da ordem de grandeza

Seja a frase:

"A cidade de Atenas tem 4 milhões de habitantes, um terço da população do próprio país".

Em termos matemáticos, a cidade tem 4 milhões e o país 12 milhões. Colocando mais ênfase, poderíamos dizer:

"A cidade de Atenas tem 4 milhões de habitantes, o que representa um terço da população do país inteiro".

Ao dizer "que representa", expressamos ênfase da cifra numérica. O "inteiro" também enfatiza que a cifra total está próxima (em termos) da cifra menor, mesmo que sejam milhões de diferença. Entra então o conceito de demografia. Em demografia, espera-se que a população de uma cidade não tenha uma fração muito significativa da população total, digamos de 1/50 em países pequenos (um país com 50 municípios cuja população seja significativa). No Brasil, com mais de 2000 municípios (5546 no total), cerca de 400 tem população significativa. Se a Grande São Paulo tivesse um terço da população do país (por volta de 183 milhões) isto representaria algo em torno de 61 milhões.

Em nosso senso de percepção demográfica, temos (nestes anos 2000) que uma cidade grande tem por volta de 2,5 milhões de habitantes. Portanto, na comparação entre 61 milhões e 2,5 milhões, sentimos que a cidade de São Paulo simplesmente explodiria.

Ordem de grandeza e o senso humano

É neste ponto que queríamos chegar: as ordens de grandeza "impressas" no senso comum humano de um adulto. Se estamos medianamente informados sobre um assunto, tomamos conhecimento das ordens de grandeza dos números "embutidos" naquele assunto. E desta forma, podemos fazer bom uso dos números, e compreender os vários ramos da ciência pelas expressões numéricas das mesmas.

Sem uma escala numérica ou sensitiva dos valores envolvidos em uma ciência, não podemos compreendê-la, e portanto não podemos utilizá-la na prática.