sábado, 15 de dezembro de 2012

Por que existem pessoas que reclamam de tudo ?

Reclamar da vida e das pessoas é um comportamento social. Pode ser uma atitude de defesa, de auto-afirmação, de tentativa de interação social ou de ato reflexo devido aos "neurônios espelho".

Você pode começar lendo a explicação sobre "Neurônios Espelho" neste mesmo blog, pois ela conduz ao entendimento do que vamos explicar.

Comportamentos sociais

Você pode se entrosar com o seu grupo social:


  • Concordando com tudo que lhe dizem;
  • Discordando de tudo que te propõem;
  • Indo a todos os lugares que os outros vão;
  • Fazendo tudo que o seu grupo faz.


Não estamos discutindo os meios, apenas os atos. Se isto vai ser feito por meio de mídias sociais, ou encontros presenciais, pouco importa. O que importa é a atitude.

A verdadeira integração do indivíduo ao seu grupo, em termos dos humanos, se dá por meio da avaliação que os outros fazem da sua firmeza de opinião e da propriedade ou impropriedade de suas opiniões.

Concordar com tudo

Este comportamento é óbvio para integração social. Principalmente desde a década de 1990, até os dias de hoje, seja social ou profissionalmente, os líderes estão gostando de quem concorda com tudo, sem ter que explicar o porquê das coisas que pedem. Estamos na "ERA DOS MEDÍOCRES", que não gostam que ninguém discorde deles.

Discordar de tudo

Estes assumem esta posição por dois motivos:

Justificar-se para não se comprometer e ter que fazer;
Instinto exagerado de auto-defesa por uma malformação da personalidade.

Agindo desta forma, eles precisam compensar o grupo de alguma forma, como:


  • Promover encontros sociais (reuniões, churrascos, almoços);
  • Coleta de dinheiro para eventos e crises (aniversários, falecimentos, ajuda a terceiros).


Se não o fizerem, serão excluídos. Este tipo facilmente lembra do aniversário dos outros e dá presentes até para quem não gosta.

Os outros tipos

Os demais são tão óbvios que não precisam ser detalhados. Aceitam todos os convites para ir a qualquer lugar.

A explicação

Estas formas de comportamento são muito comuns, estamos cansados de constatar. Mas por quê ocorrem ? O que dispara tal comportamento ?

Vamos falar o óbvio:

TUDO VEM DA EDUCAÇÃO

Isto é óbvio. Mas existem várias formas de educação.


  • Educação baseada na tradição;
  • Educação baseada na conveniência;
  • Educação baseada na formação da opinião.

Educação baseada na tradição

Vamos voltar uns 6000 anos atrás. No Egito, sábio era aquele que sabia tudo que era passado pelos adultos. A tradição era uma VERDADE ABSOLUTA. A criança egípcia não era encorajada a pensar. Esta é a educação baseada na tradição. Muitos grupos humanos da atualidade, principalmente nas ilhas do Pacífico praticam esta forma de educação.

Educação baseada na conveniência

Esta tem como orientação a busca da aceitação de uma forma que, fazendo a pessoa se aproximar de quem lhe possa ajudar de alguma forma, seu futuro estará garantido. O grupo passa a ser somente o "solvente" destas pessoas "mais capazes" (soluto), e ajuda até a esconder o INTERESSE desta pessoa que recebeu a educação de conveniência (INTERESSEIRO).

Educação baseada na formação de opinião

Esta é a mais difícil. O pai e a mãe tem que ir explicando à criança as coisas, e a cada nova situação ir instigando a criança a explicar a situação, ajudando, sem expor como VERDADE coisas sem comprovação. Tradições tem que ser explicadas à criança com as razões pelas quais começaram a existir. Deve-se perguntar sempre à criança desta forma de educação:


  • Você já viu algo parecido ?
  • Isto te lembra alguma coisa ?
  • Você acha isto bom para você ?
  • Você acha que o resultado disto vai ser bom ?


Exageros, no entanto, devem ser coibidos, como deixar a criança questionar coisas óbvias ou de entendimento ainda não apropriado à sua idade. O construtivismo nas escolas foi algo desta classe de exageros.

Também deve-se orientar a criança a nunca dar opiniões taxativas sobre assuntos que não conheça bem através da principal referência deste assunto. Por exemplo, não se pede a alguém que não conhece Engenharia para que opine sobre um desabamento, construção, ou algo do gênero. E principalmente sobre Religião, nunca se deve dar uma opinião sem conhecimento de História Universal, Bíblia, Alcorão, Geografia, etc.

E notamos nos meios de comunicação que estes desvios de opinião estão acontecendo direto e reto. Está sendo valorizado o senso comum em assuntos graves e de repercussão. E por quê ? Porque sai mais barato colocar o povo falando na TV e Rádio (Internet nem se diga) do que pagar o cachê de um profissional gabaritado.

Este tipo de educação é o mais TRABALHOSO, e hoje as pessoas estão se orientando pela PREGUIÇA.

A emulação social

Quando a educação não se pauta pelo estímulo à formação de uma opinião, ou seja, ao treino para que se busque as informações para a formação de uma opinião própria, existe também o caminho da "Emulação Social". O indivíduo tende a copiar desde os comportamentos do grupo até suas expressões. Nos meios de comunicação constatamos pessoas que são perguntadas a respeito de sua opinião frente a certos fatos, e elas repetem frases de novelas, de políticos, de artistas famosos, etc.

Então, como a maioria reclama, pois se sente impotente frente às situações, quem está em volta tende a fazer a mesma coisa. Eles não acham uma saída, então reclamam.

É a forma de "sobrevivência social" mais fácil:

Você não pensa, e sim deixa que os outros pensem por você.

Mas tem outras consequências. Os profissionais do jornalismo encontram uma massa "fraca da cabeça", e incutem idéias nestas mesmas cabeças. E então, o objetivo está completo. A cabeça da maioria pode ser manipulada. Canais de TV fazem dos telespectadores o que querem, empurram os ídolos mais adequados aos negócios comerciais. E estes passam a ser também porta-vozes das verdades fabricadas.

Conclusão

Educação exige investimento, tempo, esforço e preparação de quem está educando. É mais fácil seguir a maioria, ou seja, imitar comportamentos de quem está em volta.






domingo, 9 de dezembro de 2012

Qual o significado da brincadeira com bonecas ?

Senso comum era, até hoje, que a brincadeira de bonecas para meninas e a de soldadinhos para os meninos era um preparativo para a realidade.

A finalidade das brincadeiras

No princípio de sua vida, a criança precisa tomar contato com o mundo, com a realidade. Mas as entidades que compõem a realidade são muito cheias de detalhes, e expressam-se por si mesmas. A criança não vai conseguir captar todos os atributos das entidades. Assim, o brinquedo, por ser um "modelo estático", além de estar em uma proporção não tão avantajada quanto a coisa real, é passível de manipulação, de percepção e de entendimento.

Os carrinhos de brinquedo, para os meninos, são menores, não se movem, não podem provocar atropelamentos e nem acidentes graves sobre a criança. Os soldadinhos não atiram de verdade, livrando os meninos da morte. As bonecas, como réplicas em menor tamanho das meninas, não vão ofender ou fazer troça das meninas que as manipulam. Vão chorar ou sorrir, de acordo com o gosto de quem as manipula.

Os soldadinhos, ou bonecos de ação, como se chama agora os bonecos com os quais os meninos brincam, vão obedecer a questões estratégicas da mente dos meninos, além de proporcionar aquele clima de ação agressiva de que eles tanto gostam. Um exército contra o outro.

As bonecas, no entanto, trazem um elemento afetivo, e encenam os dramas da vida diária que a menina capta com os seus sentidos de todos os fatos que se desenrolam à sua volta. Para ambos, meninos e meninas, ressalta na brincadeira o elemento da manipulação. Eles podem fazer com os bonecos ou soldadinhos o que querem. Mas no caso das bonecas, existe mais "conversa". As meninas simulam situações e diálogos com forte componente de "exposição da alma".

Você não vê o menino simulando uma conversa entre dois soldadinhos, tal como:

"Estou cansado de tanto atirar. Será que é preciso matar tanto ?"

Mas em meio à brincadeira das meninas você pode ouvir:

"Você vai à minha festa ? Eu queria tanto que você fosse."

"Não gosto da Tereza. Eu não vou convidá-la para a festa."

Elementos frios e elementos afetivos

A brincadeira dos garotos é bem fria, e orientada para disputas de poder, elegendo um "exército" que vai vencer (geralmente o dos soldadinhos contra os índios). Já a das meninas expõe o seu interior e as pequenas disputas sociais.

Além do elemento de "contato controlado" com o mundo, a brincadeira tem o elemento de catarse, ou seja, colocar para fora aquilo que está incomodando por dentro.

Ora, quando se simula ações em torno de elementos afetivos, entra em jogo um enorme conjunto de emoções. Se bem utilizadas, elas serão uma ferramenta de convencimento, de expressão de revolta e de manipulação em geral. Os discursos políticos dos grandes manipuladores é recheado de manipulação de elementos afetivos, que atingem os centros emocionais dos ouvintes. É a manipulação linguística e tonal (tom) do discurso. Certas ações e sugestões também se constituem em discurso afetivo, sempre que se destinarem à manipulação.

Os jogos sociais entre as mulheres

Quando as mulheres precisam obter alguma coisa, já em idade avançada, aquelas que passaram pelas brincadeiras de bonecas estão PRONTAS para a manipulação de elementos afetivos. Elas podem não lembrar claramente do conteúdo exato de suas brincadeiras (pois a memória que resta é mais simbólica do que factual), mas estas se tornaram um exercício eficiente de preparo para os jogos sociais entre adultos.

O caso de uma

Se houve um traço de caráter malformado, que deturpou a personalidade justamente no atributo de competitividade, a menina crescida (esta é a denominação adequada, pois mulher é outra coisa muito mais evoluída) estará pronta para utilizar os elementos afetivos para manipular as colegas. A estratégia é bem conhecida, mas parece que as mulheres se esqueceram disto. A menina crescida se aproxima, toda sorrisos, e começa a querer estabelecer laços, usando o tom de voz de amizade, um interesse nos fatos da vida e fazendo o possível para ficar próxima tempo bastante para influenciar a VÍTIMA.

Plantar dúvidas, através de histórias a respeito das pessoas em volta da VÍTIMA, é o mais eficaz dos meios. A serpente usou este truque simples com Eva, e aí está o resultado.

O caso de duas

Quando duas mulheres resolvem manipular uma terceira, a manipulação tem uma carga mais potente. Quando duas estão juntas, em propósito, só por serem dupla já tem a natureza de uma instituição. Elas já formam um grupo. A produção de elementos de manipulação é mais numerosa. Uma concorda com a outra, e no ouvido da vítima são duas vozes sugerindo, afirmando e, com o tempo, mandando subliminarmente.

De onde vem esta tendência ?

Esta tendência a corromper os laços genuínos de amizade vem do caráter interno, reforçado pelo treino com a brincadeira de bonecas. Se não existissem as bonecas, fatalmente a mais manipuladora encontraria uma alma fraca para se exercitar, para depois levar a cabo seus instintos.

O significado para a mente

Talvez, para muitas pessoas, poder associado ao dinheiro, bens ou cargos não signifique tanto quanto a capacidade de influenciar, desviar, em suma, manipular outras pessoas. É como se fosse um jogo. É fazer com que os outros façam aquilo que o manipulador quer. Isto lhes dá prazer.

Como se prevenir ?

Procure, antes de estabelecer laços com uma pessoa, conhecê-la bem: de onde vem, por onde passou, como chegou aí do seu lado. Veja se suas convicções estão de acordo com sua ações. Se a amiga agarrar muito, e reclamar "por que você não foi", "por que você não vem", tome distância.






sábado, 17 de novembro de 2012

As células gliais e a migração neuronal

Recentemente se descobriu um tipo de célula cerebral, cuja função é a nutrição e manutenção das células nervosas.

Também recentemente é que se descobriu o fenômeno da migração neuronal, ou seja, o movimento da nova célula de memória de seu local de nascença - o hipotálamo - até o córtex cerebral.

No entanto, não se sabia como era feito o caminho destas células até o seu lugar definitivo na memória de longa duração. No caso das células sanguíneas, a migração se dá pelos vasos sanguíneos. No caso das células do sistema imunológico, o fenômeno se dá pelo sistema linfático. E no caso das nervosas ?

A resposta está na rede que as células gliais estabelecem. Elas formam o caminho pelo qual os neurônios migram. E faz muito sentido. Este sistema estabelecido pelas células gliais (que em breve deve ganhar nome específico) é o "arruamento" por onde as células nervosas se movimentam.


Veja que fantástico o instantâneo de duas células nervosas "caminhando" pelo sistema Glial do cérebro.

E este vídeo:



Hatten and Edmondson, 1987. (J. Neurosci.)

Durante o sono, o que está na memória de curta duração do ser humano, num local chamado de Hipocampo, e que foi potencializado por uma revisão antes que a pessoa durma, é lançado (migrado) para a memória de longa duração (córtex cerebral).

Ensino e Diálogo - Se você já sabe, para que está perguntando

Neste post vamos falar sobre a relação mestre discípulo e da transmissão de conhecimento, além do objetivo de se questionar as coisas.

O questionamento é um impulso necessário e natural do ser humano, destinado a suscitar na mente da pessoa, ainda não totalmente instruída em um assunto, o trinômio análise/comparação/síntese.

Dois conversando

Bastam duas pessoas conversando sobre algo de um gênero não narrativo, como uma ideia, para se estabelecer o duplo trinômio. Quando estamos pensando, precisamos buscar as várias situações ("cases") que conhecemos, para fazermos comparações. No entanto, não existe a operação negação, que cria "espelhos" de nossos pensamentos. Em outras palavras, os reflexos contrários de nossos pensamentos são importantes para acharmos contraprovas, provas por absurdo e para aumentar a exploração do contextos que está sendo analisado.

Para se informar sobre estas operações mentais, leia:


Análise, Síntese e Comparação

Bases para Comparação

Comparação

Quando existe o diálogo, as análises e sínteses começam a se dar a razão de 4 para 1 em relação a uma ideia colocada.

O ensino

Quando o ensino é corretamente ministrado, coloca-se uma ideia nova, ou uma ideia já conhecida com novas abordagens em discussão. Sim, ensinar corretamente é colocar uma ideia em discussão, pois até neófitos podem apresentar uma nova síntese ou uma nova análise sobre o que está sendo exposto.

Pois bem. Enquanto a ideia é introduzida, faz-se uma apresentação da mesma na forma de uma síntese (uma definição ou um conceito).

Por exemplo, vamos introduzir uma nova ideia HIPOTÉTICA, a que daremos o nome de LUPANOV. LUPANOV foi descoberto em laboratórios de parapsicologia, e é um fenômeno que ocorre quando um ser humano atinge determinado estado mental que possibilita penetrar com sua mão em uma parede, por exemplo.

Como é um fenômeno novo, desconhecido dos alunos, eles permanecem calados, sem propor nada, a princípio. Então o mestre propõe:

" Vamos supor que a explicação do fenômeno é magnética, o que vocês tem a dizer ?"

Os alunos são estimulados a buscar em sua mente respostas e ideias correlatas. A diferença para o que se pode estar pensando é que aqui não há construtivismo. O mestre fez uma suposição. No construtivismo a condução é livre e pode se direcionar para o caos.

Então, em nosso exemplo, um aluno pode propor que os campos magnéticos da mão e da parede interagem  e então o fenômeno é produzido. Então o professor pode lhe pedir para desenhar o modelo de magnetismo, com as cargas para explicar o fenômeno. Este é o verdadeiro ensino, a investigação:

Faz-se uma suposição, sem saber se é a verdade, e sobre ela constrói-se um modelo.

E se o mestre parte da suposição e pede que sejam propostos modelos, ele não está "empurrando" verdades sobre seus alunos, ele está ativando a interação entre ele, seus discípulos e os discípulos entre si.

O modelo é uma representação da análise, e as conclusões em forma de conceitos são as sínteses.

As perguntas

Ao ser feito um questionamento, e a pessoa aceitá-lo como uma proposta de resolução estimulante, o cérebro entra em processo de Neurogênese. As associações estimuladas a se formarem, demandando neurônios para os conceitos intermediários, provocam a formação de novos neurônios e fortalecimento dos já existentes. O processo então se auto-alimenta.

Em outras palavras, a pergunta desencadeia um processo de PROCURA, BUSCA ("search") no "banco de dados de ideias e conceitos" da pessoa questionada. Ela entra em um processo de tensão incipiente, que alimenta as regiões estimuladas. Neurônios de apoio (os mais próximos do conceito em questão) começam a "tatear" por neurônios que representam conceitos próximos, e se houver uma relação lógica entre eles NO CONTEXTO da discussão, eles formam uma ligação. E podem ser achados vários conceitos e portanto estabelecidas várias ligações.

Se houver uma conclusão nova, que não esteja nestes conceitos (a eles está relacionada, no entanto), um novo neurônio representativo do conceito que esta conclusão estabeleceu se forma. E este, totalmente novo, vai migrar para a memória de longa-duração, no próximo sono do indivíduo. (Veja o vídeo).



Conclusão

O mestre pergunta, propõe, mas seus saber, da forma colocada, não é algo estático e pronto, é algo que vai ser absorvido após uma modelagem pelos alunos. Ou seja, o sentimento de aprendizado é PESSOAL e GRUPAL.

sábado, 10 de novembro de 2012

Quebra do cotidiano, consciência e memória

Já temos falado de:

Rituais na Construção e Manutenção da Identidade

Mau humor de fim de semana

O ser humano máquina

No inconsciente coletivo estão os reflexos da Revolução Industrial que perdura até hoje. Mas um agravante se apresenta desde o advento da Internet: a Revolução Digital. Enquanto a primeira "sequestrou" o corpo, a segunda vem "sequestrando" a mente. E uma vez sequestrados, estamos em uma situação de "consciência no limite".

Através da Revolução Industrial estamos sendo tornados aptos a experimentar os limites extremos. Extremos de velocidade, extremos de profundidade com as minas cada vez mais profundas, extremos de altitude com prédios altos, trânsito em aviões, extremos da ciência e tecnologia que levaram à Revolução Digital.

Através da Revolução Digital, estamos sendo levados aos extremos da informação. Esta afeta diretamente a consciência. Somos levados, hoje, a saber o que está ocorrendo no mundo todo, via YouTube, via Google,  via jornais digitais, e o que é pior: a cada segundo. Se uma informação cai na rede, já está visível para todo o mundo (com exceção da China).

Desta forma, nós fomos colocados na rede. Fomos absorvidos pela "MATRIX" do filme que se tornou tão notório. Viramos parte da máquina. Achamos que se não soubermos de determinada coisa sobre a qual se está falando, estamos excluídos. Pela rede, funcionando assim on-line como está, temos a nossa consciência aumentada.

Consciência aumentada e memória

Mas a consciência aumentada apresenta seus prejuízos. Para nos mantermos conscientes, um determinado conjunto de processos mentais deve estar funcionando, para sermos considerados seres que estão prestando a atenção ao seu estado presente a cada segundo. E o cotidiano é uma forma de tratamento destes processos mentais que possibilita à mente funcionar com a menor quantidade de energia. Como tudo é repetido no cotidiano, já o fazemos de forma automática, sem esforço. Com a consciência aumentada, mais processos vem dividir a nossa atenção.

A sucessão de dia e noite, como um ritmo lógico-mental, é como um relógio que possibilita refrescar e realimentar a nossa memória. Talvez 24 horas seja o tempo do ciclo mais perfeito para ritmar a nossa vida, sem permitir que, no final do dia, esqueçamos de tudo o que se passou ao longo do mesmo.

Todos os nossos processo mentais precisam trazer informações para a memória de curta duração, no momento em que elas são necessárias. Podemos até definir Consciência como:

Estado mental de uso constante da memória de curta duração

Memória de curta duração

Estado natural da Memória de Curta Duração


Suponhamos que você precisa se lembrar da senha de sua conta bancária. O cérebro terá que trazer esta informação para a memória de curta duração, até porque você poderá optar pela troca desta senha. Ora, no indivíduo que está neste estado de consciência aumentada, pelo uso frequente dos recursos digitais da atualidade, a memória de curta duração está "apertada". Ali não está cabendo mais nada, mas você precisou de um espaço, mesmo pequeno, para utilizar AGORA.

Estado natural da Memória de Curta Duração na Consciência Aumentada
Ambas as figuras podem ser entendidas em termos de quantidade de energia utilizada pelo cérebro para manter cada processo citado.


Existe portanto a possibilidade de nossa memória falhar.

No caso de uma nova tarefa ou processo ou situação que saia completamente do cotidiano, podemos dizer que, na primeira vez, a não ser que você cole um papel na frente dos olhos, ou amarre um cordão no dedo, ou coloque um peso nos pés, a nossa memória FALHARÁ.

A este fenômeno daremos o nome de Quebra do Cotidiano

 Um exemplo é o caso do pai em Volta Redonda, estado do Rio de Janeiro, que deixou a filha dentro do carro, porque, naquele único dia, estava levando a filha de 10 meses para a escolinha. Outro é o do detento que, quase no final da pena, comete um crime dentro da penitenciária, para não sair, pois já se acostumou aquela vida.

domingo, 4 de novembro de 2012

Símbolos - Querer acreditar


Em uma tarde em família, estávamos observando nossa cadelinha mordendo o "casaquinho" que demos no inverno deste ano. Ela acabara de sair do cio. É uma cadelinha bassê muito boazinha. Mas neste dia, se alguém tentava tirar o casaquinho dela, ela protestava com rosnados convincentes.

É preciso completar a história citando que o casaquinho estava em meio a roupas para lavar. Dias antes, ela fuçava na pilha de roupa suja, gemendo baixinho. De repente percebemos que era ele que ela procurava, e o demos com um carinho. Ela já estava no cio.

Pois bem, sabe-se que algumas cadelas sofrem de gravidez psicológica. Nossa cadela tomou o casaco não como um filhote, mas como ALGO PARA DEFENDER, PARA SE TOMAR CONTA, OU SEJA, um Símbolo físico.

Os símbolos

Já falamos sobre símbolos e símbolos impróprios. O ser humano, dotado de razão, lógico e com todo o seu potencial e informação, por diversas vezes é pego em uma armadilha de símbolos e é vítima das metáforas mentais. O caso mais comum é o de homens e mulheres que caem nos enganos da paixão, por confundirem mulher ou marido com mãe e pai, respectivamente, ou a professora com a mãe, o professor com o pai, numa gama de possibilidades enorme.

Mais próximo da realidade, tem pessoas que amam as mães, mesmo elas sendo megeras, torturadoras, algozes, madrastas mesmo. Este é o melhor exemplo de Querer Acreditar. A mãe, neste caso, é mais uma PESSOA SÍMBOLO do que uma PESSOA SAPIENS CARNALIS (pessoa racional em carne). Poderíamos chamar as Pessoas Símbolo de Atores. Como não correspondem, em ações, ao Símbolo que carregam consigo em Relação ao Contexto Social, não passam de arroubos de gente mal resolvida. Pessoas deste tipo podem receber a alcunha de Falsos, Fingidos, Duas Caras ou Dissimulados.

A salvação social destas pessoas, para quem os rodeiam é o Querer Acreditar. O filho que tem uma megera como mãe, faz uma "maquiagem", pintando com cores os locais da personalidade deste tipo de pessoa que são brancos ou cinza, de modo que corresponda a aquilo que idealiza CONFORME OS MODELOS DISPONÍVEIS NA SOCIEDADE.

Nossas crenças

Se você pensa ser um Pai, você tem que reforçar isto na sua mente, tendo consciência e exercendo o Modelo Previsto. Na ausência do seu filho, você se sente menos Pai ? Os Símbolos humanos tem um mantenedor, que é a mente, ou se você preferir, a memória. Até Deus em sua palavra falou algumas vezes que "se lembrou". Tem cabimento ? O supremo Criador e Controlador se "lembrou dos hebreus" quando os viu em escravidão no Egito. Pode ?

Claro que pode, pois nós temos que fazê-lo a toda hora. Quem sofre do mal de Alzheimer, que entre outras coisas causa perda progressiva da memória, perde a identidade. Somos construídos a partir dos Símbolos que fabricamos na mente,

A crença em Deus como exemplo

Ora, a expressão mais fidedigna do "Querer Acreditar" é a Crença em Deus, chamada de Fé. Não é preciso gastar muito discurso. Quem crê em Deus o faz com a força do "Querer Acreditar". Estas pessoas crêem mais nEle do que até nas coisas visíveis,

Mas com base na teoria de que o Cérebro é um Simulador, até para vivermos, PRECISAMOS CRER QUE A VIDA É REAL. Sim. Como temos dois estados, de Consciência e de Sono, não podemos afirmar em qual dos dois estamos em um momento com CERTEZA ABSOLUTA.

Levando ao extremo

Você tem que crer que o próximo dia realmente vai acontecer, que o ônibus vai chegar, que sua esposa ou marido vão chegar, que o filho vai chegar da escola, que vão depositar seu salário, que o remédio vai fazer efeito, de que suas pernas vão andar quando seu corpo acordar, que vai haver energia elétrica na hora de ligar um aparelho, etc. Tudo depende de um "Querer acreditar", e estamos falando ANTES da fé em Deus. Você vive neste estado O TEMPO TODO, e não sabe.

Os doentes de síndrome de pânico sabem muito bem o que isto quer dizer. Seu "Querer acreditar" fica afetado ou inexistente até na hora de simplesmente atravessar uma rua. Converse com um deles.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O medo da matemática

Passa o tempo e fica tudo mais claro. Em todas as épocas temos relatos dos pais de que alguns filhos estão indo mal em matemática na escola, que vão tomar bomba, etc.

Agora motivos científicos e experimentais vem à tona. E este vem da Universidade de Chicago, pelo trabalho de Sian Bellock.

Quando o indivíduo está diante de um enunciado de matemática, seu cérebro experimenta um pequeno estado de ansiedade. Para quem JÁ POSSUI um temor de resolver problemas deste tipo, a sensação experimentada é a mesma da preparação para a dor  Mapeada a área afetada por este contexto, achou-se as áreas mostradas na figura excitadas:


Isto é extremamente esclarecedor para se compreender o porquê da reação das pessoas quando estão à frente de resolver problemas desta matéria tão assustadora. O estado de ansiedade se revela até antes do problema vir. Pode ser simplesmente por tomar o livro de matemática na mão, caminhar para a aula desta matéria e coisas relacionadas.

Seria este um caminho para tratar o MEDO ? Poder-se-ia preparar o indivíduo para enfrentar situações de ansiedade como se fosse resolver um simples problema de matemática ?

De acordo com o estudo desta cientista, escrever sobre esta ansiedade antes de um teste de matemática ajuda a se obter uma melhor performance.

Leia o artigo completo em inglês

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Causas do mal de Alzheimer

O tabu em torno do mal de Alzheimer cresce a cada dia que sai um novo jornal ou revista científica.

Já se especulou sobre o alumínio (originário das panelas) e sobre a gordura, além de fatores genéticos. Também os produtos químicos podem saturar os tecidos cerebrais.

Mas o que é o mal de Alzheimer ?

Em poucas palavras, este mal é uma doença neuro-degenerativa. Degeneração é uma destruição de tecido. E uma neuro-degeneração é a destruição de tecido nervoso.

As doenças degenerativas precisam de fatores disparadores. Como é típica da velhice próxima (entre 50 e 60 anos), envolve a vulnerabilidade, ou seja, temos fatores que combatem a degeneração, no entanto estes fatores ou deixam de agir, ou, influenciados por substâncias catalisadoras, são destruídos mais rapidamente.

No caso de fatores genéticos, a informação dos genes da pessoa acabam por ordenar a síntese de substâncias que fatalmente apressam a degeneração que talvez viesse anos depois, quando o corpo já está bem debilitado no TODO. Dizer que é um MAL se deve à situação em que o corpo TODO está sadio, mas os neurônios ficam doentes independente disto. E, recentemente, ela passou a ser denominada DOENÇA DE ALZHEIMER, pois isto é o que ela realmente é.

Doença de Alzheimer à luz da Biologia Molecular

O que era um estudo de sintomas e de evolução dos mesmos ao longo do tempo, passou a ter maior suporte após a absorção pela comunidade médica da Biologia Molecular, que olha o corpo como um sistema constituído de "nano-máquinas". Agora pode-se estudar o lado "mecânico" das moléculas em interação umas com as outras. Ou seja, agora o estudo das doenças se tornou VERDADEIRAMENTE científico.

Segundo o estudo de O.P. Almeida, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, o cerne da questão está nos microtúbulos construídos e destruídos continuamente nas células nervosas. Estes microtúbulos são as vias através das quais o organismo transporta as substâncias necessárias à manutenção, no caso, das células nervosas.

No Alzheimer, uma proteína é a vilã: a chamada beta-amilóide. Esta proteína é achada nas placas senis que se espalham no indivíduo que sofre desta doença.

Esta é a causa final da doença. Não importa se os mecanismos disparadores são substâncias externas (alumínio, colesterol, benzeno, fenóis, etc) ou manifestações genéticas.

Causas

Não existe prova nenhuma da influência desta ou daquela substância como facilitadora do Alzheimer. Se a doença surge na idade avançada, quaisquer contaminantes industriais ou inorgânicos provocariam demência bem antes dos 51 anos, como identificado na primeira paciente com esta manifestação.

Prevenção

Existe um estudo do grau de escolaridade dos doentes em relação à idade, e este fator parece proteger os virtuais candidatos quanto ao fator cruzado idade. Ou seja, chegando-se à faixa etária de probabilidade de desenvolver esta doença, os de maior escolaridade estarão mais protegidos, devido ao que é conhecido como Neurogênese (fenômeno que ocorre quando da ligação entre neurônios quando se pensa em algo).

Portanto, pensar faz bem à saúde dos mais velhos. E é só. Qualquer outra especulação é prematura e temerária.






sábado, 13 de outubro de 2012

As ideias se conectam no momento em que pensamos

Este vídeo mostra os neurônios se conectando.

A tradução é a seguinte:


Neurogênese: Ciência inovadora de modificação da mente;
Toda vez que você tem um pensamento significativamente novo, seu cérebro cria novos caminhos neurais;
Veja este vídeo que mostra o escaneamento em tempo real no momento em que cria um novo caminho neural:

















New connection: Nova conexão;
Veja novamente em câmera lenta (Slow-motion);
A biologia deste fenômeno é uma via de mão dupla: Quando você pára de pensar em algo, o caminho neural é desconectado;
Pruning: poda, corte de galho da árvore, no caso de um "galho" neural;
Você PODE mudar deliberadamente o seu cérebro de forma dramática. Seu cérebro foi projetado especificamente para você fazer EXATAMENTE ISTO;
Isto é chamado de Neurogênese: Esta habilidade não diminui com a idade. Seu cérebro está constantemente construindo e rompendo caminhos neurais;
Novos pensamentos;
Mudam a sua vida;

Este vídeo explica MECANICAMENTE porque as pessoas são capazes de, frente a novos fatos, mudar de opinião. Ter Opinião, alguma, e depois mudá-la em função de novos fatos e relações não tem a ver com mudança de personalidade. Muita gente confunde as duas coisas. A Personalidade é o comportamento global, e não somente verbal, frente ao mundo. E opinião é uma conclusão frente aos fatos apresentados, ou seja, a arquitetura de Relações que o indivíduo constrói a partir destes fatos. Como nem todo mundo forma as mesmas relações a partir dos mesmos fatos (com resultados por vezes bizarros), temos opiniões diversas sobre a mesma coisa.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Cérebro, quociente de inteligência e linguagem


Que tipo de linguagem devemos utilizar ?

A língua das nações que se transformaram em países tem um vocabulário rico, e seu vernáculo tende a aumentar. Já a língua de nações que continuam mantendo valores tribais, como alguns países árabes e africanos e habitantes de ilhas do Atlântico e até do Pacífico tendem a se manter estáticas. Em nações desta estirpe, os novos elementos são vistos como uma ameaça às tradições e aos costumes milenares.

Os costumes em evolução e a vida urbana, bem como a tecnologia, tendem a fazer com que o vocabulário da língua de um país se avolume. Os acordos comerciais internacionais, assim como a absorção de cultura estrangeira também provocam a incorporação de novos vocábulos.

O vocabulário

Em termos de crescimento humano, é esperado que o indivíduo adquira, em determinado momento, a capacidade de pronunciar palavras que ouviu, analisar padrões de ordem e circunstância das mesmas, e depois desenvolver seu raciocínio expressando-o com palavras. Com o empenho da vontade do indivíduo para melhorar o raciocínio, espera-se que este vocabulário aumente, devido à exposição a novos contextos, novas opiniões, outras línguas, etc.

Um estudo recente levado a termo pela Universidade de Bauru, em trabalho de Ana Cláudia Bortolozzi, verificou a relação entre vocabulário e o QI (Quociente de Inteligência). Dentre as várias conclusões, o aumento do vocabulário mostrou relação com o aumento do QI.

As Redes Neurais

As ideias do contexto de nossa existência precisam ser expressas por símbolos em nosso cérebro, pois ele é um equipamento e precisa de dados concretos para representá-las. Estes dados concretos são as palavras, seja em que língua os mesmos se apresentem.

E as relações entre as ideias (pois elas não existem solitárias, são tão gregárias quantos nós como pessoas) formam redes neurais em nosso cérebro. Já foi demonstrado que os neurônios trabalham em Assembleia.
Estas redes neurais, portanto, são mais poderosas quanto mais conceitos relacionados elas são capazes de ligar na hora em que o indivíduo pensa em uma determinada situação. E como elas ligam ideias, REPRESENTADAS PELAS PALAVRAS (símbolos das ideias), seu poder é proporcional ao número de PALAVRAS ligadas naquele momento.

Pelo exposto, conhecer um grande número de palavras ajuda tanto no conhecimento quanto no desenvolvimento da linguagem, quanto no entendimento de uma situação, tornando o indivíduo mais articulado no uso da Linguagem. É como uma bola de neve.

Conclusão parcial

Ora, se a aquisição de mais vocabulário aumenta o domínio da linguagem, e até o QI, percebemos que a linguagem é uma ferramenta muito útil em nossa vida prática, ultrapassando as simples finalidades de leitura e escrita.

Como devemos usar a linguagem ?

A dúvida está em que direção devemos utilizar esta poderosa ferramenta: devemos falar na linguagem de quem nos ouve ou na linguagem citadina com seus ricos elementos ?

Comunicadores dos regimes de exceção e também dos regimes fascistas e nacionalistas souberam manipular o pensamento da população através de uma linguagem dirigida. Novas expressões foram criadas em função de novos conceitos que precisavam ser fixados nas mentes dos ouvintes. Nesta situação, o vocabulário era aumentado. Novas situações, novos conceitos, novas expressões e novas palavras.

Mas e numa situação do dia a dia de um mundo já estabilizado econômica e politicamente ?

A pergunta expressa já um erro de interpretação, pois hoje existem situações críticas sem armas. Por associarmos nossa situação cotidiana a algo estático, julgamos que vivemos em estabilidade, pensamento este que mantém o ser humano na estagnação. De forma nenhuma. Cada dia se constitui em incremento de vocabulário (nesta nossa abordagem da linguagem). Se ao final do dia você julgar que nada foi para a frente, leia algum artigo interessante na mídia. Este hábito também traz saúde, e é recomendado para quem está apresentando problemas de memória.

Princípio do Convencimento

Portanto, se falamos algo, devemos ser simples, mas não simplistas. E se queremos CONVENCER alguém de alguma coisa, devemos utilizar a linguagem como uma Arma. Para isto, devemos operar linguisticamente num nível ligeiramente superior a quem nos ouve, pois a intenção é sobrepujar o discurso do outro. O vocabulário é a munição desta Arma da qual falamos.

A linguagem, nesta geração das redes sociais veio sendo empobrecida de elementos como conjunções, pronomes, adjetivos e até artigos. As inversões não são mais usadas. Isto proporciona comunicação rápida, mas NÃO PERMITE O CONVENCIMENTO. Quem nos ouve, nesta tentativa de convencimento, acha que está em posição de igualdade. Quem fica em igualdade NÂO ESTÀ SENDO SOBREPUJADO E NEM CONVENCIDO. A mídia simples das rádios e TVs tentam perverter este princípio, dizendo: “FALAMOS A LÍNGUA DO POVO”. Devemos nós fazer isto também ? Não seria esta uma desculpa de quem simplesmente não está querendo se esforçar ?

Vejamos o caso das ciências jurídicas. As petições não empregam a linguagem popular. Elas tem se simplificado, mas não estão falando a linguagem de rua. A linguagem por elas utilizada é a de convencimento, e este deve seguir o princípio citado anteriormente.

Um exemplo popular

Os “Call-centers” migraram para a linguagem popular, para ideias simplistas, e o que aconteceu ? O cliente se acha igual a quem o atende do outro lado da linha (pois sabem que se trata de gente inexperiente) desacatam os atendentes sistematicamente. Eles podem dar explicações simples, mas não de forma simplista. É preciso ter um discurso elaborado, sem ser pedante, mas com forte conteúdo linguístico. E isto é uma arma de propaganda, que tem que ser bem usada.

sábado, 6 de outubro de 2012

A exploração do discurso vazio

Quem trabalha em grandes empresas, frequenta missas e cultos, e assiste entrevistas vem notando, nos últimos 10 anos, um fenômeno humano preocupante:

Fala-se muito e nada se diz

Devido à proliferação de canais de TV, abertas e a cabo, o número de programas se multiplicou, bem como o de apresentadores. E como ninguém quer pagar bem, os apresentadores são os mais despreparados, desarticulados, com pouco ou nenhum conhecimento. Daí vem o fato observável ao ouvi-los:

Usa-se muitas frase repetidas

A criatividade e a "pessoalidade" não são mais percebidas. Para não errar, e para não gerar situações constrangedoras, os apresentadores estão preferindo usar as expressões que todo mundo usa, fazer perguntas vazias e ainda elogiar as respostas imbecis.

Nas missas, até as de sétimo dia, mais emocionais, e portanto de tipo que seria de esperar que algo novo e profundo saísse, nada sai. Só frases feitas do cotidiano católico. O mesmo se dá nos cultos evangélicos, onde as expressões que identificam os crentes são utilizadas, reutilizadas, faladas e repetidas, pois parece que todos estão com preguiça de pensar .

Conversa de Político

Um dos principais exemplos da Exploração do Discurso Vazio é a fala dos políticos. Político fala, fala, fala o que as pessoas querem ouvir, e as pessoas acreditam neles, pois a fala é fácil de ser digerida. Exploradores deste tipo de discurso fácil são: Lula, Paulo Maluf, Antônio Roberto, e estes jornalistazinhos populistas dos programas sensacionalistas de "o que está acontecendo pela cidade", e que adoram falar de crimes.

O pseudo-escritor Paulo Coelho é também um explorador deste tipo de discurso: fácil de ler e fácil de engolir.

Causas

A principal causa, no Brasil, é o contexto de bem estar. Os últimos 10 anos de governo federal tornaram o consumo um hábito que suga a atenção das pessoas. Temos crédito, benefícios, turismo, passagem de avião barata, computador, rede social, em suma FACILIDADES. Ora, quando é que aflora a CRIATIVIDADE ? Na hora de superar DIFICULDADES. Sem dificuldades não há crescimento.

O melhor humorismo foi produzido na época da ditadura no Brasil: época de dificuldades.

Outra causa é a HERANÇA DE PERSONALIDADE (Leia o Post Compensação de Incapacidade ). Para quer passar pelo árduo trabalho de desenvolver a consciência, para depois moldar o Caráter e depois construir uma Personalidade ? Como demora, o indivíduo vira um Camaleão, se adaptando aos discursos que prevalecem nos locais que frequenta ou que vive.

Os livros e autores de auto-ajuda, atrás APENAS DE DINHEIRO, também usam o discurso fácil, e encontram milhares e milhares de admiradores.

O Remédio

As pessoas desta geração e da anterior devem ler aquilo que a juventude dos anos 60 e 70 liam: filosofia. A filosofia ajuda a ter várias visões sobre o mundo, para que a pessoa escolha a dela, mas baseada em filósofos verdadeiros, e não destes modernos, que vivem no bem-estar, cuja preocupação não é a busca da verdade, mas a busca de lucro e fama.

domingo, 30 de setembro de 2012

O cérebro, as pessoas e a Internet

Somos devedores dos nossos amigos, colegas, vizinhos, professores, parentes e da Internet em matéria de conhecimento.

Apesar de existir um juízo de valor, serve ou não serve, estas pessoas construíram, sem dúvida, o arcabouço de nosso conhecimento. Dizemos muito:

Aprendi muito com fulano;
Meu professor me ensinou muito;
Meu avô me ensinou ...;

No entanto, isto fica no terreno de transferência de conhecimento, e a análise é muito individual.Centramos o nosso ponto de vista em nosso cérebro, como os antigos acreditavam que a terra era o centro do sistema solar. Mas não é isto. Somos só um NEURÔNIO HUMANO convivendo com uma INFINIDADE DE OUTROS NEURÔNIOS, que são estas pessoas, livros, instituições e com a Internet.

O leitor compreendeu esta ótica ? Ao nus juntarmos às outras pessoas, compartilhando conhecimentos, com um dos Neurônios humanos servindo de NEURÔNIO MESTRE na condução da organização destes conhecimentos, e na direção do diálogo e troca dos mesmos, temos uma Rede Neural de pessoas. Esta Rede tem sido muito corrompida por interesses pessoais. Mas a Internet, por sua impessoalidade, e pela intensa e numerosa troca de informações, anula em grande parte os interesses pessoais.

Se o usuário de Internet quiser negar conhecimento ao público, de nada adiantará, pois para cada indivíduo egoísta existem uns 5 que dão seu conhecimento, seja por altruísmo, seja pela vontade de que os outros vejam que ele sabe alguma coisa. A enormidade de páginas, blogs e fóruns prova tal coisa.

Num significado mais amplo, com a Internet um grande cérebro coletivo foi concebido. Se um grande número de pessoas decidir sair da Rede, as instituições vão resolver fazer uma outra. Aliás,.a gigante Google estaria muito interessada em tomar as rédeas de toda a Internet, pois as melhores ferramentas são da Google, e ela possui calibre para substituir todas as outras.

Conclusão

Nós, humanos, acabamos de nos integrar em raciocínio e informação através da Internet. Já existem pessoas, empresários e profissionais que ficam estressados se a Internet fica lenta ou não funciona a contento.

sábado, 29 de setembro de 2012

Depressão e ambiente de trabalho: rotatividade e distúrbios de comportamento

As instituições vem se modernizando em um ritmo não linear no Brasil. Isto significa que, num determinado momento, em virtude de alguma exigência de concorrência ou enquadramento em novos contextos, elas são obrigadas a acelerar o seu ritmo de mudanças.

Um deste contextos é a Bolsa de Valores. Este artigo não é financeiro, a entrada de uma empresa para Bolsa só vai contar como um fator de mudança. Os mecanismos precisos desta mudança não serão objeto da discussão neste momento. O que importa é o que as mudanças que provocam mais responsabilidade das empresas, e elas não conseguem lidar direito com isto, PRINCIPALMENTE NO BRASIL, país que não está acostumado com compromissos, com metas e com o saudável hábito de LEVAR AS COISAS ATÉ O FIM.

Esta última citação (levar as coisas até o fim) é um dos sustentáculos da firmeza de personalidade do ser humano. Ora, como todo trabalho exige isto, pois em um determinado momento ALGUÉM VAI VIR COBRAR O QUE FOI PEDIDO, o indivíduo envolvido pode resolver FUGIR, ou seja, mudar de emprego.

Existe a segunda situação, derivada desta, se estabelece quando o responsável pela gerência deste indivíduo é o agente da culpa, pois nossos líderes políticos e gerenciais, que também NÃO LEVAM AS COISAS ATÉ O FIM, ordenam que interrompamos a cadeia lógica de um projeto, para assumir outro. Neste caso, e após várias ocorrências deste tipo de situação, o empregado se aborrece, e resolve FUGIR, ou seja, trocar de emprego.

A troca de emprego

Trocar de emprego dispara aquilo que conhecemos como ROTATIVIDADE. Não importa o fator: desvalorização, opressão, brigas, invejas, serviço demais, competência de menos, gerentes ruins; o empregado acaba ficando pouquíssimo tempo no emprego.

A consequência para o ambiente

Para o empregado que sai, é uma fuga, ou uma conquista. Mas para o empregado que fica, as consequências psicológicas são indeléveis, lentas e subliminares.

A saída de um colega, por mudança, demissão, fim de estágio ou mudança de área na própria empresa, seja o que for, é uma PERDA.

A literatura de psicologia esta repleta de discussões sobre as Perdas afetivas e sobre a morte, a Perda definitiva, pelo menos nesta vida.

As reclamações

Nossos jovens, de 29 a 35 anos (pós-adolescentes avançados) estão reclamando de depressão e dores que há duas gerações eram objetos de reclamação de pessoas com mais de 50. Até 1994, as mudanças eram mais lentas e o espírito industrial convivia com uma forte impressão de família no trabalho. Porém, com a maior estruturação empresarial e com uma doentia ênfase no lucro, empresas deixaram de ser a casa das pessoas (aliás, como deve ser). Mas as duas últimas gerações, acostumadas a ter tudo na mão, inclusive bens de consumo devido a uma indústria que pode fabricar de tudo mais barato (pelo menos em relação aos anos 80), e devido ao afrouxamento na educação em família (pai e mãe que trabalham fora)., não formaram estrutura psicológica capaz de lidar com perdas.

A isto pode-se somar empregados que trabalham pouco ou não trabalham, pois julgam pouco o seu salário, em oposição à geração de nossos pais que encaravam o trabalho como fator de fortalecimento da honra e do caráter. Esta forma de encarar o trabalho era como uma dose de calmante.

O não

O "NÃO" é o remédio caseiro de maior eficácia contra este mal da Perda. É como "vacina psíquica" na mente da pessoa, conforme citado por psicólogos e psiquiatras em suas teses. E é um remédio disponível em todas as casas, só que é preciso usá-lo. Ele vem nas formas:

Agora não;
Não pode;
Não vai não;
Não quero que você faça isto;

Não precisa nem de embalagem.

Os medicamentos

Ora, nunca se fez tanto uso de remédios calmantes quanto nos anos de 98 a 2012 (agora). E os pacientes que deles faziam uso , geralmente senhoras acima de 45 anos, se deslocaram para a faixa de 29 em diante.

Conclusão

A rotatividade e a educação deficiente


domingo, 12 de agosto de 2012

A paixão, sugadora de recursos do cérebro

Durante o curso de nossa vida, precisamos de fortes apoios afetivos para continuarmos vivendo.

De uma forma mais técnica, baseado no estudo de Redes Neurais, de que os neurônios trabalham em Assembleia para resolver problemas e nas Colunas Neuronais, todos os assuntos já abordados neste blog, o apoio para o cérebro se manter motivado a sustentar o ser que o sustenta (o corpo) é a REDE MAIS DESENVOLVIDA DENTRE TODAS AS OUTRAS.

O indivíduo que tem um ideal tem este ideal em uma REDE NEURAL bem desenvolvida. O tenista tem a Rede Neural responsável pelos movimentos das mãos e braços mais desenvolvida. O aficcionado por carros tem uma Rede Neural repleta das informações sobre este assunto mais ramificada que as demais. E assim por diante.

Portanto, a Rede Neural daquilo que mais motiva um indivíduo é a mais desenvolvida dentre as demais, e por onde circula mais sangue, nutrientes e impulsos.

A Paixão

Quando o indivíduo está apaixonado, ele cria no seu cérebro uma Rede Neural com a aparência do ser amado, suas expressões verbais, o histórico dos encontros que com sua paixão teve, as comidas que este ser gosta, e outras informações pertinentes ao objeto de sua paixão. Em outras palavras, é quase como se criar no Cérebro UMA FORMA NEURAL E VIRTUAL de uma pessoa. Isto é fantástico e é GRAVE no sentido de que pode levar à loucura.

Existe uma música de Vanderly que diz em uma de suas frases "que querem SER o outro". Esta é uma expressão da Rede Neural de que falamos levada ao seu mais alto grau: o ser amado acaba indo MORAR na mente do apaixonado. Um dos lados bons do casamento é que esta Rede com uma imagem idealizada (pois o cérebro acaba fazendo inferências cada vez mais inexatas e idealizadas) vai se desfazendo aos poucos, e dando lugar ao que o ser amado REALMENTE É. Não existe nada mais sadio do que a imagem real das pessoas.

 Uma pessoa é um ser de carne, virtudes e defeitos

Graças a Deus. Imagens ideais se conseguem fazendo estátuas, desenhos, romances, e todas as outras formas artísticas que ajudam em nossa fuga da realidade e em nossa catarse, para que não se caia no abismo da loucura.

Nossa vida tem várias fases, e uma delas é a paixão, para que encontremos alguém. Mas se esta paixão demora a se realizar, e toma a forma de um monstro cerebral, uma Rede Neural gigante e tirana, deve ser reconhecida e abandonada.

A vontade

O fenômeno de crescimento e domínio desta Rede da paixão é tão válido, que é capaz de impulsionar a nossa Vontade a fazer coisas que seriam impossíveis no domínio completo da racionalidade. O bombeiro se enfia em um incêndio para salvar uma pessoa devido à paixão pelo outro, desenvolvida em vários episódios de sua vida que o empurraram a seguir esta profissão, por admiração ao trabalho de resgate de uma vida.

A vontade empurra o atleta a treinar, suportando a dor e o cansaço, pela paixão pela fama, ou superação, ou pelo prazer de atingir um objetivo. E OBJETIVO é apenas uma Rede Neural dentro do cérebro de um indivíduo em particular que clama por crescer (adquirir conhecimento).

A fantasia

Um desejo, uma motivação, à medida em que é alimentado, vai recrutando neurônios para a sua satisfação. Só PENSAR já é uma ORDEM de RECRUTAMENTO de neurônios para formar uma Rede Neural. E quando esta ordem é persistente, a Rede se forma (a Matrix do famoso filme). E quando a Rede se torna suficientemente grande e realimentada, a fantasia toma a identidade de uma obsessão. Então o indivíduo acha que ela é concreta.

Em outro post já mostramos que o Cérebro é o melhor simulador da realidade. Alguém pode achar que a fantasia agora é real, porque o Cérebro é capaz de FAZER a coisa real.

Deus

Devido ao perigo que os pensamentos em coisas terrenas representa para o ser humano, a Bíblia enfatiza que em primeiro lugar se deve amar a Deus. Este amar um Ser Invisível, coisa que parece loucura, não se constitui em fantasia, dado que não temos um retrato de Deus e nunca falamos direta e pessoalmente com Ele. Podemos idealizá-lo, mas nunca como o faz a Paixão, pois não podemos deturpá-lo sem O conhecer totalmente.

A Rede Neural de Deus dentro do cérebro pode crescer mais e mais, pois sua compreensão é muito longa, e não temos notícia de alguém que já O compreendeu em sua totalidade.

No entanto, tem loucos que tentam comparar Deus a pessoas ou coisas existentes, e por isto ficam loucos. A busca por Deus demora toda uma vida, e SERÁ QUE O ENTENDEREMOS ?

Por isto a "paixão" pelos assuntos de Deus são mais sadias, porque não existe idealização por deturpação, coisa que acontece no amor entre duas pessoas. Quando uma pessoa quer mandar na outra em uma relação amorosa, esta relação acaba (e costuma dar em morte). Já na relação com Deus, ele age como Quem manda. Nada mais correto, pois Ele conhece tudo, e nós ACHAMOS QUE CONHECEMOS.

Conclusão

Cuidado com o que você pensa, e o quanto pensa, pois pensamentos podem CRIAR um ser de existência quase Real dentro da mente.


sábado, 4 de agosto de 2012

Ouvir, dialogar e olhar no olho - Crescimento pessoal

Um bebê aprende a falar de tanto ouvir. Isto é parte de um gigantesco trabalho, completado pelo cérebro. Concomitantemente, ele troca olhares com a mãe, com o pai, com a babá, com os tios, primos e vizinhos.

Até dominar as frases complexas, o indivíduo humano dá, inconscientemente, grande valor a estas trocas visuais e auditivas. Na adolescência, no entanto, por se achar senhor da verdade, o indivíduo passa a evitar o excesso de troca e se recolhe mais de forma a desenvolver seu próprio pensamento.

Isto é natural, e nisto não existe engano.

Mas imagine que o indivíduo continuasse, pelo menos, ouvindo e "pesando" os fatos em sua cabeça. Ele aumentaria o seu depósito de idéias e conceitos, formando uma infra-estrutura de raciocínio muito maior. Tente dizer isto a um adolescente.

Os adultos também, nos locais de trabalho, pensam que sabem tudo, escolhem demais as suas companhias e podem chegar a se fechar completamente. É o "indivíduo individualista". Temos tendência natural a evitar conversas chatas, companhias que falam o que não concordamos e grupos que julgamos de baixo nível cultural.

Pelo menos até os quarenta anos, o brasileiro tem que se avaliar como total ignorante, e hoje ainda mais, pois a leitura é um hábito muito distante e até desprezado.

As opiniões diversas

Seja qual for nossa opinião ou visão sobre algo, é importante ouvir pelo menos mais duas, pois haverá diversidade e possibilidade indubitável de desempate. Qualquer opinião traz um ponto de vista, e mesmo com um vício da faceta abordada, seu exagero pode ser registrado para ser refutado em sua natureza. Não que toda opinião seja válida, mas oferecendo um lado absurdo, constitui-se em um erro registrado para não ser imitado e ponto de apoio para se achar a verdade.

A conversa chata

O que mais nos incomoda em uma conversa é o indivíduo "do contra". Por um problema de formação de raciocínio este tipo de indivíduo não sai da "adolescência cerebral". Este tipo não inicia conversa nenhuma, a não ser que esteja estimulado por algum acontecimento que lhe tocou o ego. Ele embarca na conversa dos outros, contando casos e dando "o contra". É mais fácil. Diálogo de reação. Repare como estas pessoas frequentemente iniciam frases com "não".

Até esta conversa é proveitosa, pois traz os "elementos do senso comum". Sempre se oferece uma faceta mais absurda e mundana do raciocínio humano. E preste atenção, pois uma vez em cem, ou menos ainda, este indivíduo pode dar uma contribuição que você nunca imaginou, quando o seu íntimo ficar excessivamente exposto. Então ele vira um sábio por alguns minutos. Este pode contribuir muito, se você tiver a paciência de um pescador esperando um peixe em uma lagoa que quase não os tem.

O ouvir

Fique então sem ouvir muito tempo uma conversa, um ouvinte. Você murcha. Somos acostumados à ativação pelo que vemos. O sentido da visão fica ligado e recebendo informação de doze à dezesseis horas por dia. Mas o ouvir só se realiza por pouquíssimas horas somadas. Ouvir é importante. A língua é aprendida pelo sentido da audição.

E qualquer audição besta, aparentemente insignificante, é necessária para nos manter vivos e sadios psicologicamente. Não basta as pessoas se movendo à nossa volta. É preciso que falem, e se estiverem fazendo isto se dirigindo a nós é melhor ainda.

O aspecto linguístico

A conversa humana ativa de forma capital duas áreas do cérebro conhecidas como área de Wernicke e de Broca, responsáveis pela manipulação e compreensão linguística das palavras. E todo o cérebro vem participar da conversa. No post "No cérebro as decisões são tomadas em Assembléia" vimos que o próprio cérebro adotou o modelo "parlamentarista" para não estranhar muito a vida linguística social.

O olhar

Recentemente foi descoberto que os olhos não são propriamente órgãos de um sentido, e sim uma parte do cérebro. O "olho no olho" pode revelar se a pessoa está ou não falando a verdade. O olho que insiste em "cair" em direção do pescoço ou tronco da pessoa com quem se conversa pode revelar submissão, medo, insegurança ou traição. Quem não consegue sustentar o olhar frente ao outro provavelmente está tendo uma conversa tensa.

O olho é a janela da alma, e a correta interpretação de sua posição e movimentos traz muito conhecimento sobre a natureza de nossos interlocutores. O lado bom é que um simples olhar sincero ajuda muito a manter a nossa saúde mental e física.

A migração dos diálogos para redes sociais perverteu o sentido da verdadeira conversa presencial, com a audição e com a troca de olhares que lhe são peculiares. O facebook e os chats são a falência da conversa sadia.

O homem sozinho

Ao homem sozinho resta se olhar no espelho, mas isto não lhe acrescenta nada. Somos animais sociais (não sei se sociáveis no estágio em que o mundo se encontra). E o mais profundo é que formamos UM GRANDE ORGANISMO SOCIAL, com a necessidade de aproximação corporal, diálogo e observação. O inteligentíssimo Machado de Assis descreve em suas obras os cacoetes que personagens solitários desenvolvem ao tentar "casar com si mesmos".

A mais tempo via os solitários com uma garrafa de cerveja como sua companheira, cumprindo um horário bem constante, e sendo conhecidos dos garçons, sentando-se sempre no mesmo lugar. A cerveja lhes servia de apoio (e ainda serve) e desculpa para a falta de uma companhia. Então passavam horas observando as outras pessoas, e se alimentando de suas presenças. Após umas horas, pagavam a conta e iam embora satisfeitos. Isto ainda ocorre em nossos dias.

Uma versão atualizada deste tipo é o solitário que assenta na praça de alimentação, abre o notebook, netbook ou tablet, e inicia seu passeio virtual. Mas se está interagindo nas redes sociais da Internet, para que precisa sair de casa ? Para "sentir em seus ossos" que está perto dos outros. É uma necessidade visceral. Melhor seria se marcasse para encontrar com os "corpos físicos" dos colegas, e manter sua saúde psíquica.

Conclusão

Converse, e olhe seus interlocutores no olho, para se desenvolver totalmente, e observe se eles te olham no olho. Ouça até aquelas pessoas que, em seu julgamento, não lhe acrescentarão nada. Este é o lado científico do amor entre as pessoas.


terça-feira, 17 de julho de 2012

Rituais na construção e manutenção da identidade

Durante o dia, oscilamos entre RITUAIS e estados verdadeiro de CONSCIÊNCIA.

Já falamos sobre cotidiano e sobrevivência em posts anteriores, mas agora é hora de ir mais a fundo nos RITUAIS. Primeiro vamos explicar os:

Automatismos

Automatismos são ações não ligadas ao metabolismo do chamado Sistema Vago, aqueles que funcionam por si só, sem nossa intervenção consciente. Eles apontam na direção da maturidade de tarefas aprendidas e dominadas. O objetivo é diminuir a quantidade de energia dispendida para se fazer determinada tarefa muito frequente em determinado momento da vida.

Um exemplo se refere a andar de bicicleta, outro seria o de dirigir um veículo e outro ainda seria o de fazer peças de artesanato de baixa complexidade.

A memória armazena os procedimentos e referências dos automatismos já consolidados em uma rede neural  que abrange nervos musculares e neurônios dos centros motores do cérebro, complementado pela rede neural de conceitos e idéias associados aos movimentos que precisam ser executados. Este é um exemplo para automatismos dos membros da ossatura, além dos músculos envolvidos na atividade.

No caso das memórias não associadas ao movimento, algo se forma envolvendo a visão, a audição, a fala e até o olfato se for o caso, para dar ampla cobertura e formar a "impressão" da idéia em questão.

Automatismo obsessivo

Os automatismos, por serem repetitivos, podem fazer uma várias área do cérebro entrarem em "assembléia", e assim mantidos por um tempo relativamente longo, se tornarem obsessivos. O cérebro é uma máquina e, pior que isso, uma máquina química CAPAZ DE PRODUZIR "AUTO-DOPING".

Automatismo compulsivo

Quando o Automatismo Obsessivo estabelece o seu regime químico e um certo efeito é produzido sobre as áreas de prazer, ele se transforma em um Automatismo Compulsivo, e o indivíduo passa a pensar FREQUENTEMENTE em entrar em regime daquele Automatismo em particular. É o VÍCIO.

Vícios

Os vícios são automatismos assumidos pelo indivíduo como resultado da crença de que um Ritual prazeroso ou de ocupação trará algum prazer para ele. O que se nota, à medida em que o Vício toma conta da pessoa, é a diminuição cada vez maior do prazer. O vício NÃO TEM CARÁTER eminentemente RITUAL porque não possui associação com algo AFETIVO. Ele tem aspectos de dependência, fortes razões químicas, pois a abstinência da substância provoca dor e aflição. Um alcoólatra, um fumante, um viciado em crack ou cocaína possuem vícios. Já o indivíduo que sai de casa todo dia para comprar jornal, ou correr para manter uma lembrança viva de um hábito de algum familiar perdido está executando um RITUAL.

Manias
A mania é um "vício menor". Este "menor" indica que ele pode ser interrompido por intervenção externa. Por exemplo, a mania de roer unhas; quando somos chamados à atenção, paramos instintivamente.

Rituais

Em primeira instância, os Rituais são HÁBITOS COMPLEMENTARES de nossa saúde mental. A identidade é construída a partir de Rituais, somos reconhecidos TAMBÉM pelos rituais que executamos e construímos novos Rituais para crescermos. Outras pessoas construíram os Rituais em que estamos mergulhados hoje.

Mas qual é a raiz e o significado dos Rituais ?

A própria sucessão incansável dos parâmetros do tempo é um Ritual da natureza, infra-estrutura dos nossos Rituais. Nós já entramos na vida PARTICIPANDO de Rituais viscerais já estabelecidos pelo Criador (tecnicamente falando, pois não queremos vincular o assunto a nenhuma entidade para não ferir susceptibilidades).

Os Rituais da natureza, no que diz respeito ao tempo, nos orientam, em primeiro grau, em relação à nossa higiene e manutenção da saúde pessoal. Pelo andar do tempo em um dia, sabemos a hora das refeições que mantém a nossa saúde, de forma a cumprir outros rituais. A interrupção deste tipo, pelo ritmo da vida diária, que pretende manter o ser humano o tempo todo ocupado com obrigações ilusórias, leva à doença.

Efetuando portanto estes Rituais, de forma saudável, vem a primeira consequência, ou seja, a transferência, através da educação, para os futuros participantes de nossos rituais: NOSSOS FILHOS. Existe um forte caráter SOCIAL nos Rituais. Eles representam a manutenção de um mecanismo global, de forma que o tecido da Sociedade esteja bem costurado e não rasgue, ou seja, não se deteriore o modo de vida do grupo.

O mecanismo Ritual Social

Pais transferem os Rituais para seus filhos. Um indivíduo que não tem Rituais para observar, não aprende nada, não tem orientação, não tem direção. Isto porque a memória tanto mais se constrói e fortifica com a repetição. E a repetição só aparece se existir um procedimento efetuado frequentemente, um conjunto de ações, que podemos chamar de Ritual.

 Vamos analisar o Ritual do Café da Manhã

O Café da Manhã foi concebido indelevelmente pela necessidade biológica, conjugada à praticidade (colocar uma só vez as louças e alimentos e retirá-las também de uma só vez) e aliada a um propósito de união da família. Um Ritual perfeito para se analisar.

Neste ritual, o mestre de cerimônias é a comida.

A preparação

A preparação de um Ritual já é um Ritual por si só, pois possui uma ordem, uma lógica e uma razão. A ordem é a metáfora da disciplina. O Ritual (com este sentido social, religioso) é concebido não para que se obtenha um produto, mas para que se cultive a paciência e se alcance a sabedoria. Os utensílios se destacam não pela sua beleza, mas pelo seu significado, pela posição em que ficam e pela sua forma.

Se você não está entendendo o significado da posição, pense, neste caso do café da manhã, na posição privilegiada da cabeceira, geralmente reservada ao chefe da família: o pai. Provavelmente a mãe se assenta na cabeceira oposta, o filho mais velho à direita do pai, etc. Tudo tem um significado no Ritual.

Os utensílios

Colheres, garfos e facas tem suas funções, e sua posição está associada à ordem e fatores humanos.  Como a posição destra é a mais comum, a faca é colocada do lado direito do prato. O garfo é colocado do lado esquerdo. Mas existem vários garfos e várias facas. Os talheres de sobremesa fica mais internos, ou seja, mais próximos do prato inicial, POIS SERÃO OS ÚLTIMOS a serem utilizados.

Como as pessoas à mesa fazem parte da mesma família, as louças individuais devem ser do mesmo padrão, talvez com tamanhos diferentes para as crianças. Existe uma série de detalhes em torno de um simples Ritual.

A celebração

Todos se assentam, provavelmente juntos, para significar que esta é uma família unida, e o chefe da família deve ser o primeiro a se servir, mostrando aos outros quem manda. A mãe se serve em seguida, ou serve os filhos menores. O filho mais velho pode se servir em paralelo à mãe, ou, para demonstrar absoluto respeito, após sua progenitora.

Conclusão

Tudo em nossa vida tem significados sociais e neurológicos. Nossos costumes nos educam em meio a um contexto envolvendo tarefas que tem ordem e lógica. E é isto que vai moldando o nosso cérebro com o objetivo de termos paciência e saúde.






quinta-feira, 12 de julho de 2012

O alcoolismo e o cérebro na adolescência

Muito já se disse sobre os efeitos do álcool sobre o cérebro, o início do vício, a propensão de uns e outros para o alcoolismo e etc.

Porém, hoje, após anos de pesquisa e uma maior precisão dos estudos tanto químicos quanto estatísticos, existe uma direção:

É extremamente perigoso expor a pessoa às bebidas alcoólicas quando estas estão jovens.

A explicação está em um comportamento muito conhecido do cérebro: a capacidade de aprender. A juventude nos é dada para que estejamos suficientemente flexíveis para aprender. Então, ansioso e propenso à aprender, o cérebro, quando novo, se exposto à bebida, APRENDE DESDE CEDO A BEBER.

Vamos colocar a coisa em termos dramáticos, dizendo que é o cérebro, e não nós, que aprende a beber. Pois ele está, quando jovem, justamente aprendendo, e neste estado, se lhe é apresentada a bebida, com os componentes químicos que lhe dão relaxamento e bem estar, é claro que ele vai gostar.

Daí o perigo extremo de se oferecer bebida aos jovens. Daí a lei que proíbe a sua venda a menores. Substâncias que podem provocar vício só podem ser "experimentadas" por cérebros já formados. O mesmo acontece com os fumantes. Geralmente eles dão início à "aspiração de fumaça" bem novos.

A lógica

O cérebro precisa desta "vontade" e propensão a aprender, à experimentação, para se desenvolver. Ele aceita com mais facilidade, devido à sua maior plasticidade, o que lhe é mostrado na juventude. É uma questão de sobrevivência. E com as bebidas alcoólicas, ele cai em uma verdadeira armadilha, pois, como é a hora de aprender, ele interpreta que deve viver com aquilo, como vive de açúcar, oxigênio, etc.

Conclusão

Conscientize os jovens ao seu redor deste mecanismo biológico que pode traí-los.

sábado, 7 de julho de 2012

Evoluindo do pensamento dual para Consciência

No post anterior abordamos o pensamento dual básico do ser humano.

Temos de prosseguir, utilizando este pensamento dual para compor as camadas mais evoluídas do Raciocínio, para sermos reconhecidos como humanos verdadeiros, e não animais de dupla decisão.

Os valores espirituais, éticos e morais

Se eu estou diante de determinada situação, como um bombeiro, e me vejo em perigo, o Raciocínio Dual me impele a FUGIR da situação. Então eu me abstraio deste modelo, egoísta em sua origem, e submeto a situação aos três escopos que fazem do homem este ser diferente:

Espiritual: Eu tenho uma alma, e outras dependem de mim.

Ético: Eu fiz um juramento como bombeiro, e nele estava o aspecto de salvar uma outra vida (aqui é uma vida, e não uma alma).

Moral: Tendo os meios, e sabendo que existe uma grande possibilidade de salvar meus companheiros que já estão no incêndio e pessoas, que me fizeram ter certeza que estão lá, precisando de ajuda, eu tenho que entrar e cumprir com o meu dever.

Desta forma, eu tenho que entrar no incêndio, e fazer o meu trabalho.

A consciência

A consciência ultrapassa os valores éticos e morais, pois mesmo eu não sendo bombeiro, eu me projeto para dentro do incêndio, e digo para o meu ser:

PODIA SER QUE FOSSE EU QUE ESTIVESSE PRECISANDO DE AJUDA

Isto, principalmente, nos distingue de seres guiados por leis, normas e regulamentos. A consciência, desenvolvida através de valores espirituais da civilização humana, mesmo que não tenhamos fé, pode ser despertada para seguir as idéias e conceitos mais enraizados na face espiritual do ser humano. Afinal, feitos à imagem e semelhança de Deus, guardamos esta face, mesmo que ela esteja lá nas profundezas do inconsciente adormecido.

Como um ser programado, já que nem nós mesmos sabemos com precisão o nosso propósito nesta vida, nem quem a inventou (falo como um ateu), obedecemos a uma programação bem básica, que nos colocou uma estranha sensação de SABERMOS QUE ESTAMOS VIVOS. À esta estranha e indescritível sensação damos o nome de CONSCIÊNCIA.

Conclusão

A evolução do pensamento Dual, temperado com os diversos fatores do contexto humano, leva ao pensamento CONSCIENTE.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Pensamento dual básico - Lógica binária

Em certas situações de nosso interesse, costumamos perguntar às pessoas o que acham ou acharam de determinada coisa: um carro, um filme, uma comida, etc. E recebemos uma resposta pobre, curta e infantil:

É bom. Eu gostei.

Esta resposta faz parte da lógica básica dual da raiz do cérebro (a amígdala):

Bom ou ruim.

Sim, certamente nossa percepção quando bebês, a respeito do mundo, era assim. Choro se está ruim e riso se está bom.

O amadurecimento

Quando amadurecemos, sabemos expressar idéias intermediárias, além de justificativas para as nossa impressões. É o crescimento relacional do cérebro, a construção de conceitos complexos, o ajuste fino de nossas idéias e a apreciação de detalhes.

A valorização de casos apenas

A nossa volta observamos, principalmente após a chegada do Youtube, o gosto pelos pequenos casos do dia-a-dia, principalmente acidentes. Este tipo de ideia é bem visual. Basta contar o que se viu e aquilo que nos impressionou. Não existe mais o gosto pela discussão de detalhes. Fala-se somente da parte que mais se destacou, no caso dos acidentes, principalmente se o veículo envolvido se espatifou todo, ou se algum "pedaço" de uma pessoa voou pelos ares.

A síntese

Isto demonstra como as operações mentais, hoje em dia, estão deslocadas para a síntese, e a mais crua e curta possível. Ninguém quer pensar. Quatro parágrafos já entediam o homem moderno. Estamos ficando carentes de análises, e podemos notar este fenômeno em atividades e serviços de que precisamos, onde quem nos atende só sabe cumprir as normas e tem preguiça de pensar, sempre dizendo:

ISTO NÃO É POSSIVEL FAZER

Conclusão

Em termos de operações mentais, o ser humano está caminhando para um comportamento primitivo: o da dualidade.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O cérebro é um simulador

Antes de nos compreendermos, antes de tomar contato com a lógica, a filosofia, a razão das coisas, estamos como que imersos na vida como móveis atuantes mas inconscientes.

Depois que "caímos em nós mesmos", e só então, começamos a corre atrás das razões e dos significados. Se em sua vida você não se propõe a isto, mas sim apenas a viver, feche este blog, e continue trabalhando pelo churrasco de fim de semana, pelo passeio com os filhos ou com o cachorro, pois não vale a pena se ocupar do significado da vida, se não tem motivação para isto.

Interação

O universo é basicamente composto por interações. Para isto nossa alma foi colocada num corpo com todas as verdades geométricas e a sujeição às leis físicas, de modo a podermos medir distâncias, tocar as coisas e ir descobrindo DE QUE TAMANHO SOMOS E DE QUE TAMANHO É O UNIVERSO.

Medidas e Relações

Não existe pequeno ou grande, perto ou longe. Tudo vai obedecendo a medidas aceitáveis e padrões. O que acho grande o outro não acha tanto, mas quando identificamos este grande, ou o longe com uma entidade comum, as coisas se tornam mais uniformes entre os indivíduos. Portanto, as medidas não são absolutas, pois os indivíduos são diferentes. Cada um "monta" apoios ideológicos, como muletas geométricas em sua cabeça, para compreender o mundo e tentar também compreender O QUE OS OUTROS COMPREENDEM.

Nesta tentativa dinâmica, a linguística ajuda muito. Compreendemos o Universo por linguística, e esta nos provoca sensações de grande e pequeno e de longe e perto. Esta vertente linguística da Compreensão de significados é que fez o homem conceber máquinas de cálculo e de medida, e posteriormente o computador com linguagens cada vez mais evoluídas, que manipulam os circuitos eletrônicos em uma sofrível intenção de tentar reproduzir a própria mente. O homem construiu simuladores, para evitar experimentar a realidade em situações perigosas.

E o homem só partiu para construir simuladores, porque carrega um, o melhor, no topo do seu corpo.

O corpo como ferramenta para o simulador

Um indivíduo só cérebro não consegue medir o seu próprio corpo, e nem tampouco o Universo. No entender do cérebro como "patrão", nossos membros foram concebidos para levar este cérebro de um lugar a outro, para conhecer o mundo em que vive. Os sentidos possibilitam ao "simulador" compreender as expressões do mundo em que vive.

Emoções

Mas este simulador cerebral é diferente de todas as máquinas cuja simulação atende a objetivos bem específicos. Ele "agrupa" resultados de suas medidas, intensidade e duração de sensações naquilo a que nos acostumamos chamar de "emoções".

Esta emoções "deturpam" o resultado de medidas perfeitas pelo menos em relação ao indivíduo em particular. Mas como queremos afirmar a natureza COMPLETA do ser humano como simulador humano, usaremos "completam" ao invés de "deturpam".

As emoções regulam este simulador no sentido de formar PERSONALIDADE, para que TODOS não respondam igualmente a uma experiência ou situação ou cenário, e não tenhamos um bando de robôs, ao invés de termos várias almas com PERSONALIDADE, como deseja um Criador talentoso, que, como um pintor, faz de cada quadro uma obra prima.



sexta-feira, 13 de abril de 2012

O mau humor de fim de semana

Temos parentes e conhecidos que, no final de semana, apresentam um estranho mau humor. Durante a semana eles fazem o seu trabalho, mesmo os mais chatos e desgastantes, como operários, motoristas, policiais, etc. Segundo os colegas de trabalho, neste contexto eles são alegres, conversam, cumprimentam uns aos outros, trocam presentes, fazem as refeições juntos e tudo o mais. Mas no fim de semana, são truculentos com as famílias, vizinhos e irmãos. Isto tem explicação ?

A resposta é o cotidiano, a segurança de estar no trabalho.

Rituais

Nossa identidade é construída e fortalecida pelos rituais resultantes de nossas opções durante a vida. O ritual por excelência é o TRABALHO. É o de mais longa duração e o mais envolvente, a ponto de prejudicar um outro muito importante: a refeição.

Durante os cinco ou seis dias de labor, somos envolvidos pelo ritual do trabalho, onde existem regras coercitivas por vezes até agressivas, mas extremamente condicionantes. No fim de semana este ritual é interrompido. Daí vem a INSEGURANÇA que causa o mau humor em muitas pessoas.

Desativação mental

Por isto, a noite de sexta-feira é importantíssima para estabelecer o desligamento. O indivíduo trabalhador deve sair da empresa e repetir em sua cabeça:

"A semana acabou. Estou indo para casa. Desativar o eu trabalhador. Ligar o eu família".

Aqui não trato o indivíduo que não tem sua família em sua casa (mora sozinho).

Hobbies (atividades paralelas)

Atividades outras que não o trabalho facilitam muito o entendimento destes rituais e do desligamento do trabalho. O próprio hobbie é um ritual, daí o seu poder.

sexta-feira, 23 de março de 2012

TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo

Para começarmos de forma prática ...

Alguns exemplos de TOC:


  • Conferir se a porta de casa está trancada mais de uma vez;
  • Limpar o chão várias vezes, achando que nunca está limpo;
  • Lavar as mãos várias vezes, achando que nunca estão limpas;
  • Conferir se as torneiras do gás estão desligadas;
  • Contar os carros que passam na rua antes de dormir (acredite, isto existe);
  • Só dormir após repassar tudo o que fez no dia;
  • Conferir se as portas do carro estão fechadas ao estacioná-lo;
  • Comer sem necessidade, mas por puro prazer;
  • Adorar cantores ou artistas, querendo ser eles;
  • Olhar as pessoas de alto a baixo para ver como estão vestidas ao passar por elas.


Tudo isto é um efeito colateral produzido no cérebro pela observação, pelo cuidado, pela ansiedade, pela angústia e pelo medo.

Ao longo da vida, somos educados em meio aos ritos do cotidiano, em um esforço hercúleo para produzir em nós um caráter reto, em gerar em nós a consciência própria e um estado sutil de atenção e vigilância. Se o indivíduo exagerar na absorção destes ritos, ou ficar criando defesas para seu próprio ego, surgem os distúrbios e transtornos. E na ânsia de se defender ou até de se esconder, pode desenvolver a obsessão e a compulsão.

A obsessão sem uma realização objetiva, ou seja, seu objetivo nunca é atingido, pois se ocupa mais de sua auto-defesa como indivíduo, produz um hábito diário de "nunca realização", e da repetição. O comportamento repetitivo que se instala em caráter obsessivo leva o indivíduo para o "buraco", ou seja para as raias da compulsão. Instalada a compulsão, a obsessão fica até para trás, pois a pessoa achou um hábito de vida que vale mais que uma personalidade.

A comida em excesso, o cigarro e a bebida se transformam em vícios quando a compulsão se instala. Já a droga começa pela obsessão pela busca do prazer e se transforma em vício por alterar a estrutura dos receptores neuronais. É mais biológica do que psicológica.

Conclusão

As obsessões e compulsões se instalam quando o repositório de rituais realmente oriundos da formação e manutenção da personalidade é pobre, e o indivíduo precisa procurar rituais só pela sua natureza de ritual de "passa tempo" e não de formação da personalidade. Daí surge o transtorno. Portanto, personalidades mal formadas serão propensas a estes transtornos.

O exemplo de adoração aos artistas é o mais elucidativo. A pessoa precisa de uma personalidade acessória para sentir-se apoiada.