quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Fragmentos de linguagem

A visão do cérebro como um montador de fragmentos coaduna com o nosso prazer de recompor as figuras dos quebra-cabeças, de resolver enigmas, de procurar fazer a classificação de tudo o que vemos a nossa volta. Não existe um "continum" na nossa linguagem, e sim estruturas léxicas que unem fragmentos de idéias através de preposições, pronomes relativos (que, qual, cujo) e outros vocábulos de ligação. Estes acabam sendo ignorados pela nossa memória de curta duração, que só guarda o necessário, e as vezes nem isso.

Se nos dizem:

"O presidente Lula afirmou que sai satisfeito com o seu duplo governo, e que a satisfação se completa ao deixar a sua companheira Dilma como praticamente uma substituta capaz ",

o que fica ecoando em nossa mente após esta frase ser dita, após algum tempo é:

Lula está satisfeito, com o governo que fez, e com Dilma em seu lugar.

A mente não fez realmente um resumo como muitos poderiam dizer apressadamente. Ela se submeteu aos fragmentos mais importantes: Lula, satisfeito, governo e Dilma. O que se poderia denominar resumo são as palavras chave de maior expressão, para o contexto de maturidade de quem ouviu. Uma criança, que conheça o polvo e a lula de algum trabalho escolar, mas que não saiba que Lula é um apelido de alguém, talvez suponha que uma forma de peixe ficou satisfeita , mas não saberia bem o porquê, e até esquecesse o nome Dilma, muito menos conhecida do que Lula.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contribua para discussão com críticas e sugestões, mas dentro do assunto.