sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Até onde o cérebro da criança pode ir na matemática ?

A matemática é uma ciência abstrata por excelência. Seu mundo é um império a parte, com regras próprias, complicadas e diferentes do que se observa entre o homem e o cotidiano.

O cotidiano do homem é feito com movimento e de leis sociais. O movimento precisa ser feito e não medido. As leis sociais também não levam em conta medidas precisas, mas um meio termo detectável pela razão, evitando a falta e o exagero ao mesmo tempo.

Já a matemática exige medidas do pouco e do muito, do muito pouco e até do muito de dimensões astronômicas. Nem cogitamos viajar para a estrela mais próxima, no entanto nos lançamos à difícil tarefa de medir esta distância, mesmo que não possa ser percorrida utilizando todo o tempo de nossa vida. Ou seja, a matemática possibilita ultrapassar os limites dentro dos quais estamos fisicamente aprisionados.

O problema do tempo da viagem

Um exemplo de controle do cérebro em termos de estabelecimento de uma linha direcional de raciocínio, divisão em etapas de um objetivo em metas e de reconhecimento de unidades é o do cálculo de tempo de viagem:

Uma pessoa sai de casa para viajar às 8:30 da manhã. Viaja por 4 horas e faz uma parada para almoço por 45 minutos. Terminado o almoço, dirige por mais 2 horas e 15 minutos, chegando ao seu destino.

Qual foi o tempo total da viagem ?

Primeiro será preciso explicar à criança que o problema se refere à uma viagem composta de três etapas. E então, dever-se-á utilizar argumentos que combatam a ansiedade da criança em ver o problema resolvido logo e a preguiça da mesma em entender as etapas de uma viagem. Isto deverá ser feito com um desenho bem colorido:


Mostre à criança que cada retângulo é uma etapa ou "pedaço" da viagem.

Primeira etapa

Pergunte à criança que horas teremos 4 horas depois das 8:30. Diga-lhe que esqueça, por ora, o resto da viagem, e se preocupe só com esta parte. Provavelmente, ela lhe responderá da forma certa: 12:30. Existe uma chance razoável dela dizer 12:00, pois a hora composta, para pequenos adultos se apresenta como algo de percepção apressada e incompleta. Eles se concentram nas horas, pois elas são mais significativas do que os minutos. Algo parecido ocorre com a interpretação dos números com casas decimais: olhamos com mais atenção para a parte inteira, e desprezamos as casas decimais.

Segunda Etapa

Faça um novo desenho com o resultado da primeira etapa:


Comemore com a criança esta etapa, peça que ela respire, e concentre-se na segunda etapa. Agora estão envolvidos minutos, e um "vai um" caso ultrapassem 60 minutos. Mostre que com mais 30 minutos, destes 45 da segunda etapa, chega-se às 13:00 horas. Pergunte à ela quantos minutos sobram dos 45 após se usar estes 30. Mostre que é só uma subtração (45-30=15). Estes 15 minutos se somam às 13:00 horas. Temos então 13:15.

Terceira etapa

Faça um novo desenho com o resultado da segunda etapa:


Novamente mostre entusiasmo "chegamos até aqui, estamos quase no fim, vamos vencer". Explique à criança que agora se trata de uma soma de duas quantidades de horas com a "casa" das horas e a "casa" dos minutos. Faça então as 13 horas mais as 2 horas (15 horas). Diga a ela que vocês não podem esquecer os minutos: 15 minutos mais 15 minutos (30 minutos). Juntando as duas partes - 15 horas e os 30 minutos - temos 15:30 horas.

Esta é a resposta final. Pule bastante, bata palmas com a criança, abrace-a, para promover um momento de felicidade associado à resolução de um "enigma".

O principal

Explique que ao fazer o problema em partes, ao se avançar a cada etapa, cuidadosamente, estamos seguros de que a etapa anterior está correta. Mostre que é preciso paciência para se fazer algo bem feito.

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