quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Cérebro, quociente de inteligência e linguagem


Que tipo de linguagem devemos utilizar ?

A língua das nações que se transformaram em países tem um vocabulário rico, e seu vernáculo tende a aumentar. Já a língua de nações que continuam mantendo valores tribais, como alguns países árabes e africanos e habitantes de ilhas do Atlântico e até do Pacífico tendem a se manter estáticas. Em nações desta estirpe, os novos elementos são vistos como uma ameaça às tradições e aos costumes milenares.

Os costumes em evolução e a vida urbana, bem como a tecnologia, tendem a fazer com que o vocabulário da língua de um país se avolume. Os acordos comerciais internacionais, assim como a absorção de cultura estrangeira também provocam a incorporação de novos vocábulos.

O vocabulário

Em termos de crescimento humano, é esperado que o indivíduo adquira, em determinado momento, a capacidade de pronunciar palavras que ouviu, analisar padrões de ordem e circunstância das mesmas, e depois desenvolver seu raciocínio expressando-o com palavras. Com o empenho da vontade do indivíduo para melhorar o raciocínio, espera-se que este vocabulário aumente, devido à exposição a novos contextos, novas opiniões, outras línguas, etc.

Um estudo recente levado a termo pela Universidade de Bauru, em trabalho de Ana Cláudia Bortolozzi, verificou a relação entre vocabulário e o QI (Quociente de Inteligência). Dentre as várias conclusões, o aumento do vocabulário mostrou relação com o aumento do QI.

As Redes Neurais

As ideias do contexto de nossa existência precisam ser expressas por símbolos em nosso cérebro, pois ele é um equipamento e precisa de dados concretos para representá-las. Estes dados concretos são as palavras, seja em que língua os mesmos se apresentem.

E as relações entre as ideias (pois elas não existem solitárias, são tão gregárias quantos nós como pessoas) formam redes neurais em nosso cérebro. Já foi demonstrado que os neurônios trabalham em Assembleia.
Estas redes neurais, portanto, são mais poderosas quanto mais conceitos relacionados elas são capazes de ligar na hora em que o indivíduo pensa em uma determinada situação. E como elas ligam ideias, REPRESENTADAS PELAS PALAVRAS (símbolos das ideias), seu poder é proporcional ao número de PALAVRAS ligadas naquele momento.

Pelo exposto, conhecer um grande número de palavras ajuda tanto no conhecimento quanto no desenvolvimento da linguagem, quanto no entendimento de uma situação, tornando o indivíduo mais articulado no uso da Linguagem. É como uma bola de neve.

Conclusão parcial

Ora, se a aquisição de mais vocabulário aumenta o domínio da linguagem, e até o QI, percebemos que a linguagem é uma ferramenta muito útil em nossa vida prática, ultrapassando as simples finalidades de leitura e escrita.

Como devemos usar a linguagem ?

A dúvida está em que direção devemos utilizar esta poderosa ferramenta: devemos falar na linguagem de quem nos ouve ou na linguagem citadina com seus ricos elementos ?

Comunicadores dos regimes de exceção e também dos regimes fascistas e nacionalistas souberam manipular o pensamento da população através de uma linguagem dirigida. Novas expressões foram criadas em função de novos conceitos que precisavam ser fixados nas mentes dos ouvintes. Nesta situação, o vocabulário era aumentado. Novas situações, novos conceitos, novas expressões e novas palavras.

Mas e numa situação do dia a dia de um mundo já estabilizado econômica e politicamente ?

A pergunta expressa já um erro de interpretação, pois hoje existem situações críticas sem armas. Por associarmos nossa situação cotidiana a algo estático, julgamos que vivemos em estabilidade, pensamento este que mantém o ser humano na estagnação. De forma nenhuma. Cada dia se constitui em incremento de vocabulário (nesta nossa abordagem da linguagem). Se ao final do dia você julgar que nada foi para a frente, leia algum artigo interessante na mídia. Este hábito também traz saúde, e é recomendado para quem está apresentando problemas de memória.

Princípio do Convencimento

Portanto, se falamos algo, devemos ser simples, mas não simplistas. E se queremos CONVENCER alguém de alguma coisa, devemos utilizar a linguagem como uma Arma. Para isto, devemos operar linguisticamente num nível ligeiramente superior a quem nos ouve, pois a intenção é sobrepujar o discurso do outro. O vocabulário é a munição desta Arma da qual falamos.

A linguagem, nesta geração das redes sociais veio sendo empobrecida de elementos como conjunções, pronomes, adjetivos e até artigos. As inversões não são mais usadas. Isto proporciona comunicação rápida, mas NÃO PERMITE O CONVENCIMENTO. Quem nos ouve, nesta tentativa de convencimento, acha que está em posição de igualdade. Quem fica em igualdade NÂO ESTÀ SENDO SOBREPUJADO E NEM CONVENCIDO. A mídia simples das rádios e TVs tentam perverter este princípio, dizendo: “FALAMOS A LÍNGUA DO POVO”. Devemos nós fazer isto também ? Não seria esta uma desculpa de quem simplesmente não está querendo se esforçar ?

Vejamos o caso das ciências jurídicas. As petições não empregam a linguagem popular. Elas tem se simplificado, mas não estão falando a linguagem de rua. A linguagem por elas utilizada é a de convencimento, e este deve seguir o princípio citado anteriormente.

Um exemplo popular

Os “Call-centers” migraram para a linguagem popular, para ideias simplistas, e o que aconteceu ? O cliente se acha igual a quem o atende do outro lado da linha (pois sabem que se trata de gente inexperiente) desacatam os atendentes sistematicamente. Eles podem dar explicações simples, mas não de forma simplista. É preciso ter um discurso elaborado, sem ser pedante, mas com forte conteúdo linguístico. E isto é uma arma de propaganda, que tem que ser bem usada.

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