Exploração dos mecanismos físicos (fisiologia) e evidenciais (linguagem) para compreensão do funcionamento do Cérebro. Blog da Rede Blogazine
Conteúdos com Pesquisa e Revisão
Recentemente se descobriu um tipo de célula cerebral, cuja função é a nutrição e manutenção das células nervosas.
Também recentemente é que se descobriu o fenômeno da migração neuronal, ou seja, o movimento da nova célula de memória de seu local de nascença - o hipotálamo - até o córtex cerebral.
No entanto, não se sabia como era feito o caminho destas células até o seu lugar definitivo na memória de longa duração. No caso das células sanguíneas, a migração se dá pelos vasos sanguíneos. No caso das células do sistema imunológico, o fenômeno se dá pelo sistema linfático. E no caso das nervosas ?
A resposta está na rede que as células gliais estabelecem. Elas formam o caminho pelo qual os neurônios migram. E faz muito sentido. Este sistema estabelecido pelas células gliais (que em breve deve ganhar nome específico) é o "arruamento" por onde as células nervosas se movimentam.
Veja que fantástico o instantâneo de duas células nervosas "caminhando" pelo sistema Glial do cérebro.
E este vídeo:
Hatten and Edmondson, 1987. (J. Neurosci.) Durante o sono, o que está na memória de curta duração do ser humano, num local chamado de Hipocampo, e que foi potencializado por uma revisão antes que a pessoa durma, é lançado (migrado) para a memória de longa duração (córtex cerebral).
Neste post vamos falar sobre a relação mestre discípulo e da transmissão de conhecimento, além do objetivo de se questionar as coisas.
O questionamento é um impulso necessário e natural do ser humano, destinado a suscitar na mente da pessoa, ainda não totalmente instruída em um assunto, o trinômio análise/comparação/síntese.
Dois conversando
Bastam duas pessoas conversando sobre algo de um gênero não narrativo, como uma ideia, para se estabelecer o duplo trinômio. Quando estamos pensando, precisamos buscar as várias situações ("cases") que conhecemos, para fazermos comparações. No entanto, não existe a operação negação, que cria "espelhos" de nossos pensamentos. Em outras palavras, os reflexos contrários de nossos pensamentos são importantes para acharmos contraprovas, provas por absurdo e para aumentar a exploração do contextos que está sendo analisado.
Para se informar sobre estas operações mentais, leia:
Quando existe o diálogo, as análises e sínteses começam a se dar a razão de 4 para 1 em relação a uma ideia colocada.
O ensino
Quando o ensino é corretamente ministrado, coloca-se uma ideia nova, ou uma ideia já conhecida com novas abordagens em discussão. Sim, ensinar corretamente é colocar uma ideia em discussão, pois até neófitos podem apresentar uma nova síntese ou uma nova análise sobre o que está sendo exposto.
Pois bem. Enquanto a ideia é introduzida, faz-se uma apresentação da mesma na forma de uma síntese (uma definição ou um conceito).
Por exemplo, vamos introduzir uma nova ideia HIPOTÉTICA, a que daremos o nome de LUPANOV. LUPANOV foi descoberto em laboratórios de parapsicologia, e é um fenômeno que ocorre quando um ser humano atinge determinado estado mental que possibilita penetrar com sua mão em uma parede, por exemplo.
Como é um fenômeno novo, desconhecido dos alunos, eles permanecem calados, sem propor nada, a princípio. Então o mestre propõe:
" Vamos supor que a explicação do fenômeno é magnética, o que vocês tem a dizer ?"
Os alunos são estimulados a buscar em sua mente respostas e ideias correlatas. A diferença para o que se pode estar pensando é que aqui não há construtivismo. O mestre fez uma suposição. No construtivismo a condução é livre e pode se direcionar para o caos.
Então, em nosso exemplo, um aluno pode propor que os campos magnéticos da mão e da parede interagem e então o fenômeno é produzido. Então o professor pode lhe pedir para desenhar o modelo de magnetismo, com as cargas para explicar o fenômeno. Este é o verdadeiro ensino, a investigação:
Faz-se uma suposição, sem saber se é a verdade, e sobre ela constrói-se um modelo.
E se o mestre parte da suposição e pede que sejam propostos modelos, ele não está "empurrando" verdades sobre seus alunos, ele está ativando a interação entre ele, seus discípulos e os discípulos entre si.
O modelo é uma representação da análise, e as conclusões em forma de conceitos são as sínteses.
As perguntas
Ao ser feito um questionamento, e a pessoa aceitá-lo como uma proposta de resolução estimulante, o cérebro entra em processo de Neurogênese. As associações estimuladas a se formarem, demandando neurônios para os conceitos intermediários, provocam a formação de novos neurônios e fortalecimento dos já existentes. O processo então se auto-alimenta.
Em outras palavras, a pergunta desencadeia um processo de PROCURA, BUSCA ("search") no "banco de dados de ideias e conceitos" da pessoa questionada. Ela entra em um processo de tensão incipiente, que alimenta as regiões estimuladas. Neurônios de apoio (os mais próximos do conceito em questão) começam a "tatear" por neurônios que representam conceitos próximos, e se houver uma relação lógica entre eles NO CONTEXTO da discussão, eles formam uma ligação. E podem ser achados vários conceitos e portanto estabelecidas várias ligações.
Se houver uma conclusão nova, que não esteja nestes conceitos (a eles está relacionada, no entanto), um novo neurônio representativo do conceito que esta conclusão estabeleceu se forma. E este, totalmente novo, vai migrar para a memória de longa-duração, no próximo sono do indivíduo. (Veja o vídeo).
Conclusão
O mestre pergunta, propõe, mas seus saber, da forma colocada, não é algo estático e pronto, é algo que vai ser absorvido após uma modelagem pelos alunos. Ou seja, o sentimento de aprendizado é PESSOAL e GRUPAL.
No inconsciente coletivo estão os reflexos da Revolução Industrial que perdura até hoje. Mas um agravante se apresenta desde o advento da Internet: a Revolução Digital. Enquanto a primeira "sequestrou" o corpo, a segunda vem "sequestrando" a mente. E uma vez sequestrados, estamos em uma situação de "consciência no limite".
Através da Revolução Industrial estamos sendo tornados aptos a experimentar os limites extremos. Extremos de velocidade, extremos de profundidade com as minas cada vez mais profundas, extremos de altitude com prédios altos, trânsito em aviões, extremos da ciência e tecnologia que levaram à Revolução Digital.
Através da Revolução Digital, estamos sendo levados aos extremos da informação. Esta afeta diretamente a consciência. Somos levados, hoje, a saber o que está ocorrendo no mundo todo, via YouTube, via Google, via jornais digitais, e o que é pior: a cada segundo. Se uma informação cai na rede, já está visível para todo o mundo (com exceção da China).
Desta forma, nós fomos colocados na rede. Fomos absorvidos pela "MATRIX" do filme que se tornou tão notório. Viramos parte da máquina. Achamos que se não soubermos de determinada coisa sobre a qual se está falando, estamos excluídos. Pela rede, funcionando assim on-line como está, temos a nossa consciência aumentada.
Consciência aumentada e memória
Mas a consciência aumentada apresenta seus prejuízos. Para nos mantermos conscientes, um determinado conjunto de processos mentais deve estar funcionando, para sermos considerados seres que estão prestando a atenção ao seu estado presente a cada segundo. E o cotidiano é uma forma de tratamento destes processos mentais que possibilita à mente funcionar com a menor quantidade de energia. Como tudo é repetido no cotidiano, já o fazemos de forma automática, sem esforço. Com a consciência aumentada, mais processos vem dividir a nossa atenção.
A sucessão de dia e noite, como um ritmo lógico-mental, é como um relógio que possibilita refrescar e realimentar a nossa memória. Talvez 24 horas seja o tempo do ciclo mais perfeito para ritmar a nossa vida, sem permitir que, no final do dia, esqueçamos de tudo o que se passou ao longo do mesmo.
Todos os nossos processo mentais precisam trazer informações para a memória de curta duração, no momento em que elas são necessárias. Podemos até definir Consciência como:
Estado mental de uso constante da memória de curta duração
Memória de curta duração
Estado natural da Memória de Curta Duração
Suponhamos que você precisa se lembrar da senha de sua conta bancária. O cérebro terá que trazer esta informação para a memória de curta duração, até porque você poderá optar pela troca desta senha. Ora, no indivíduo que está neste estado de consciência aumentada, pelo uso frequente dos recursos digitais da atualidade, a memória de curta duração está "apertada". Ali não está cabendo mais nada, mas você precisou de um espaço, mesmo pequeno, para utilizar AGORA.
Estado natural da Memória de Curta Duração na Consciência Aumentada
Ambas as figuras podem ser entendidas em termos de quantidade de energia utilizada pelo cérebro para manter cada processo citado.
Existe portanto a possibilidade de nossa memória falhar.
No caso de uma nova tarefa ou processo ou situação que saia completamente do cotidiano, podemos dizer que, na primeira vez, a não ser que você cole um papel na frente dos olhos, ou amarre um cordão no dedo, ou coloque um peso nos pés, a nossa memória FALHARÁ.
A este fenômeno daremos o nome de Quebra do Cotidiano
Um exemplo é o caso do pai em Volta Redonda, estado do Rio de Janeiro, que deixou a filha dentro do carro, porque, naquele único dia, estava levando a filha de 10 meses para a escolinha. Outro é o do detento que, quase no final da pena, comete um crime dentro da penitenciária, para não sair, pois já se acostumou aquela vida.
Em uma tarde em família, estávamos observando nossa cadelinha mordendo o "casaquinho" que demos no inverno deste ano. Ela acabara de sair do cio. É uma cadelinha bassê muito boazinha. Mas neste dia, se alguém tentava tirar o casaquinho dela, ela protestava com rosnados convincentes.
É preciso completar a história citando que o casaquinho estava em meio a roupas para lavar. Dias antes, ela fuçava na pilha de roupa suja, gemendo baixinho. De repente percebemos que era ele que ela procurava, e o demos com um carinho. Ela já estava no cio.
Pois bem, sabe-se que algumas cadelas sofrem de gravidez psicológica. Nossa cadela tomou o casaco não como um filhote, mas como ALGO PARA DEFENDER, PARA SE TOMAR CONTA, OU SEJA, um Símbolo físico.
Os símbolos
Já falamos sobre símbolos e símbolos impróprios. O ser humano, dotado de razão, lógico e com todo o seu potencial e informação, por diversas vezes é pego em uma armadilha de símbolos e é vítima das metáforas mentais. O caso mais comum é o de homens e mulheres que caem nos enganos da paixão, por confundirem mulher ou marido com mãe e pai, respectivamente, ou a professora com a mãe, o professor com o pai, numa gama de possibilidades enorme.
Mais próximo da realidade, tem pessoas que amam as mães, mesmo elas sendo megeras, torturadoras, algozes, madrastas mesmo. Este é o melhor exemplo de Querer Acreditar. A mãe, neste caso, é mais uma PESSOA SÍMBOLO do que uma PESSOA SAPIENS CARNALIS (pessoa racional em carne). Poderíamos chamar as Pessoas Símbolo de Atores. Como não correspondem, em ações, ao Símbolo que carregam consigo em Relação ao Contexto Social, não passam de arroubos de gente mal resolvida. Pessoas deste tipo podem receber a alcunha de Falsos, Fingidos, Duas Caras ou Dissimulados.
A salvação social destas pessoas, para quem os rodeiam é o Querer Acreditar. O filho que tem uma megera como mãe, faz uma "maquiagem", pintando com cores os locais da personalidade deste tipo de pessoa que são brancos ou cinza, de modo que corresponda a aquilo que idealiza CONFORME OS MODELOS DISPONÍVEIS NA SOCIEDADE.
Nossas crenças
Se você pensa ser um Pai, você tem que reforçar isto na sua mente, tendo consciência e exercendo o Modelo Previsto. Na ausência do seu filho, você se sente menos Pai ? Os Símbolos humanos tem um mantenedor, que é a mente, ou se você preferir, a memória. Até Deus em sua palavra falou algumas vezes que "se lembrou". Tem cabimento ? O supremo Criador e Controlador se "lembrou dos hebreus" quando os viu em escravidão no Egito. Pode ?
Claro que pode, pois nós temos que fazê-lo a toda hora. Quem sofre do mal de Alzheimer, que entre outras coisas causa perda progressiva da memória, perde a identidade. Somos construídos a partir dos Símbolos que fabricamos na mente,
A crença em Deus como exemplo
Ora, a expressão mais fidedigna do "Querer Acreditar" é a Crença em Deus, chamada de Fé. Não é preciso gastar muito discurso. Quem crê em Deus o faz com a força do "Querer Acreditar". Estas pessoas crêem mais nEle do que até nas coisas visíveis,
Mas com base na teoria de que o Cérebro é um Simulador, até para vivermos, PRECISAMOS CRER QUE A VIDA É REAL. Sim. Como temos dois estados, de Consciência e de Sono, não podemos afirmar em qual dos dois estamos em um momento com CERTEZA ABSOLUTA.
Levando ao extremo
Você tem que crer que o próximo dia realmente vai acontecer, que o ônibus vai chegar, que sua esposa ou marido vão chegar, que o filho vai chegar da escola, que vão depositar seu salário, que o remédio vai fazer efeito, de que suas pernas vão andar quando seu corpo acordar, que vai haver energia elétrica na hora de ligar um aparelho, etc. Tudo depende de um "Querer acreditar", e estamos falando ANTES da fé em Deus. Você vive neste estado O TEMPO TODO, e não sabe.
Os doentes de síndrome de pânico sabem muito bem o que isto quer dizer. Seu "Querer acreditar" fica afetado ou inexistente até na hora de simplesmente atravessar uma rua. Converse com um deles.
Passa o tempo e fica tudo mais claro. Em todas as épocas temos relatos dos pais de que alguns filhos estão indo mal em matemática na escola, que vão tomar bomba, etc.
Agora motivos científicos e experimentais vem à tona. E este vem da Universidade de Chicago, pelo trabalho de Sian Bellock.
Quando o indivíduo está diante de um enunciado de matemática, seu cérebro experimenta um pequeno estado de ansiedade. Para quem JÁ POSSUI um temor de resolver problemas deste tipo, a sensação experimentada é a mesma da preparação para a dor Mapeada a área afetada por este contexto, achou-se as áreas mostradas na figura excitadas:
Isto é extremamente esclarecedor para se compreender o porquê da reação das pessoas quando estão à frente de resolver problemas desta matéria tão assustadora. O estado de ansiedade se revela até antes do problema vir. Pode ser simplesmente por tomar o livro de matemática na mão, caminhar para a aula desta matéria e coisas relacionadas.
Seria este um caminho para tratar o MEDO ? Poder-se-ia preparar o indivíduo para enfrentar situações de ansiedade como se fosse resolver um simples problema de matemática ?
De acordo com o estudo desta cientista, escrever sobre esta ansiedade antes de um teste de matemática ajuda a se obter uma melhor performance.