Senso comum era, até hoje, que a brincadeira de bonecas para meninas e a de soldadinhos para os meninos era um preparativo para a realidade.
A finalidade das brincadeiras
No princípio de sua vida, a criança precisa tomar contato com o mundo, com a realidade. Mas as entidades que compõem a realidade são muito cheias de detalhes, e expressam-se por si mesmas. A criança não vai conseguir captar todos os atributos das entidades. Assim, o brinquedo, por ser um "modelo estático", além de estar em uma proporção não tão avantajada quanto a coisa real, é passível de manipulação, de percepção e de entendimento.
Os carrinhos de brinquedo, para os meninos, são menores, não se movem, não podem provocar atropelamentos e nem acidentes graves sobre a criança. Os soldadinhos não atiram de verdade, livrando os meninos da morte. As bonecas, como réplicas em menor tamanho das meninas, não vão ofender ou fazer troça das meninas que as manipulam. Vão chorar ou sorrir, de acordo com o gosto de quem as manipula.
Os soldadinhos, ou bonecos de ação, como se chama agora os bonecos com os quais os meninos brincam, vão obedecer a questões estratégicas da mente dos meninos, além de proporcionar aquele clima de ação agressiva de que eles tanto gostam. Um exército contra o outro.
As bonecas, no entanto, trazem um elemento afetivo, e encenam os dramas da vida diária que a menina capta com os seus sentidos de todos os fatos que se desenrolam à sua volta. Para ambos, meninos e meninas, ressalta na brincadeira o elemento da manipulação. Eles podem fazer com os bonecos ou soldadinhos o que querem. Mas no caso das bonecas, existe mais "conversa". As meninas simulam situações e diálogos com forte componente de "exposição da alma".
"Estou cansado de tanto atirar. Será que é preciso matar tanto ?"
Mas em meio à brincadeira das meninas você pode ouvir:
"Você vai à minha festa ? Eu queria tanto que você fosse."
"Não gosto da Tereza. Eu não vou convidá-la para a festa."
Elementos frios e elementos afetivos
A brincadeira dos garotos é bem fria, e orientada para disputas de poder, elegendo um "exército" que vai vencer (geralmente o dos soldadinhos contra os índios). Já a das meninas expõe o seu interior e as pequenas disputas sociais.
Além do elemento de "contato controlado" com o mundo, a brincadeira tem o elemento de catarse, ou seja, colocar para fora aquilo que está incomodando por dentro.
Ora, quando se simula ações em torno de elementos afetivos, entra em jogo um enorme conjunto de emoções. Se bem utilizadas, elas serão uma ferramenta de convencimento, de expressão de revolta e de manipulação em geral. Os discursos políticos dos grandes manipuladores é recheado de manipulação de elementos afetivos, que atingem os centros emocionais dos ouvintes. É a manipulação linguística e tonal (tom) do discurso. Certas ações e sugestões também se constituem em discurso afetivo, sempre que se destinarem à manipulação.
Os jogos sociais entre as mulheres
Quando as mulheres precisam obter alguma coisa, já em idade avançada, aquelas que passaram pelas brincadeiras de bonecas estão PRONTAS para a manipulação de elementos afetivos. Elas podem não lembrar claramente do conteúdo exato de suas brincadeiras (pois a memória que resta é mais simbólica do que factual), mas estas se tornaram um exercício eficiente de preparo para os jogos sociais entre adultos.
O caso de uma
Se houve um traço de caráter malformado, que deturpou a personalidade justamente no atributo de competitividade, a menina crescida (esta é a denominação adequada, pois mulher é outra coisa muito mais evoluída) estará pronta para utilizar os elementos afetivos para manipular as colegas. A estratégia é bem conhecida, mas parece que as mulheres se esqueceram disto. A menina crescida se aproxima, toda sorrisos, e começa a querer estabelecer laços, usando o tom de voz de amizade, um interesse nos fatos da vida e fazendo o possível para ficar próxima tempo bastante para influenciar a VÍTIMA.
Plantar dúvidas, através de histórias a respeito das pessoas em volta da VÍTIMA, é o mais eficaz dos meios. A serpente usou este truque simples com Eva, e aí está o resultado.
O caso de duas
Quando duas mulheres resolvem manipular uma terceira, a manipulação tem uma carga mais potente. Quando duas estão juntas, em propósito, só por serem dupla já tem a natureza de uma instituição. Elas já formam um grupo. A produção de elementos de manipulação é mais numerosa. Uma concorda com a outra, e no ouvido da vítima são duas vozes sugerindo, afirmando e, com o tempo, mandando subliminarmente.
De onde vem esta tendência ?
Esta tendência a corromper os laços genuínos de amizade vem do caráter interno, reforçado pelo treino com a brincadeira de bonecas. Se não existissem as bonecas, fatalmente a mais manipuladora encontraria uma alma fraca para se exercitar, para depois levar a cabo seus instintos.
O significado para a mente
Talvez, para muitas pessoas, poder associado ao dinheiro, bens ou cargos não signifique tanto quanto a capacidade de influenciar, desviar, em suma, manipular outras pessoas. É como se fosse um jogo. É fazer com que os outros façam aquilo que o manipulador quer. Isto lhes dá prazer.
Como se prevenir ?
Procure, antes de estabelecer laços com uma pessoa, conhecê-la bem: de onde vem, por onde passou, como chegou aí do seu lado. Veja se suas convicções estão de acordo com sua ações. Se a amiga agarrar muito, e reclamar "por que você não foi", "por que você não vem", tome distância.
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