Repetindo, somente para leitores que não tenham lidos os anteriores, as três operações fundamentais no raciocínio são:
- Análise
- Síntese
- Comparação
Vamos nos ater à Comparação. É através dela que os elementos de um conjunto, que as coisas de um sistema são categorizados e tipificados. Assim fica mais fácil compreender as coisas que nos cercam. Por exemplo, olhamos diversos veículos no trânsito e pensamos um pouco. Reparamos então que o Nissan Tiida é parecido com o Fiat Stilo, que o Captiva é parecido com o BMW 1 Series, etc. Então procuramos saber quantas marchas cada um tem, para Comparar mais um atributo, mais uma característica de ambos.
Estamos fazendo Comparações o tempo todo. Comparamos nossas roupas com as dos colegas, nossas moradias, funções, local de trabalho, salário, o que comemos, onde vamos passar as férias, etc. A Comparação é boa como atividade cerebral e quase tão espontânea como o ato de respirar. Mas ela tem o seu lado sombrio nos meandros dos cérebros daqueles que não tiveram a sua personalidade bem formada.
Por personalidade bem formada neste aspecto (pois a personalidade é um universo) entendemos que a Comparação deve reconhecer que existe identidade, cujo axioma deve ser:
Eu não sou o outro, eu sou eu
Isto é uma afirmação de identidade, semelhante à frase que Deus disse no Êxodo, quando perguntado como seria apresentado ao faraó:
Eu Sou o que Sou
A pessoa se reconhece Separada dos outros indivíduos, algo evidente em nosso próprio corpo limitado em tamanho, limitado em alcance (até nossos braços só chegam até determinada distância).
A princípio, então, podemos dizer que a inveja (Comparação com confusões de personalidade) parte de um transtorno de personalidade. Vamos a alguns ensaios verbais de até onde podem ir as Comparações:
A casa do meu vizinho é maior que a minha.
Até aqui é uma simples constatação, absolutamente técnica, mostrando a relação entre a dimensão entre as duas casas. Chamaremos maior de adjetivo "provocativo" de tamanho.
A casa do vizinho é maior que a minha. Eu queria ter uma casa maior [que a minha, não necessariamente do tamanho da dele]
Bem, talvez a necessidade de quem está falando seja digna, pois existem pessoas que moram em casas bem pequenas e insalubres.
A casa do vizinho é maior que a minha. Eu queria ter uma casa maior que a dele
A colocação do pronome final (dele) demonstra intenções subliminares já querendo aflorar. Seria para mostrar ao vizinho que sua casa é melhor, ou a casa do vizinho ainda é pequena. Uma coisa que precisa ser dita é que as
nossas comparações sobem degraus. O que vem a ser isto ? A mente do homem comum se satisfaz com qualquer "upgrade" (melhora em pequenas proporções). A mente do empresário de visão realmente pode pensar em incrementos em que ele vê que o seu empreendimento vai dar um lucro compensador, pois assim precisa ser esta classe. Mas o homem comum sabe que deve ir melhorando aos poucos. A intenção da última frase fica então revelada como sendo
INVEJA.
A casa do vizinho é maior que a minha. Eu queria ter a casa dele
Agora saímos da
INVEJA comum para a
inveja de rapina. O indivíduo acha mais fácil conquistar o que vê do que algo parecido e por meios lícitos. O vizinho, neste caso, em sua mente paranóica, o está agredindo com suas posses. É um transtorno isto que a pessoa em questão está sofrendo. Seu pensamento de refreamento deve ser: "
quem sabe ele me vende" ou "
vou procurar uma casa parecida em outro lugar".
Por isto que se diz que as pessoas razoáveis, que impedem que sua mente fique transtornada, PENSAM.
A
INVEJA então pode ser vista como um ato apressado, imediatista de quem não PENSA com o número suficiente de etapas éticas.