quinta-feira, 17 de março de 2011

Inveja, o lado sombrio da Comparação

Repetindo, somente para leitores que não tenham lidos os anteriores, as três operações fundamentais no raciocínio são:


  • Análise
  • Síntese
  • Comparação


Vamos nos ater à Comparação. É através dela que os elementos de um conjunto, que as coisas de um sistema são categorizados e tipificados. Assim fica mais fácil compreender as coisas que nos cercam. Por exemplo, olhamos diversos veículos no trânsito e pensamos um pouco. Reparamos então que o Nissan Tiida é parecido com o Fiat Stilo, que o Captiva é parecido com o BMW 1 Series, etc. Então procuramos saber quantas marchas cada um tem, para Comparar mais um atributo, mais uma característica de ambos.

Estamos fazendo Comparações o tempo todo. Comparamos nossas roupas com as dos colegas, nossas moradias, funções, local de trabalho, salário, o que comemos, onde vamos passar as férias, etc. A Comparação é boa como atividade cerebral e quase tão espontânea como o ato de respirar. Mas ela tem o seu lado sombrio nos meandros dos cérebros daqueles que não tiveram a sua personalidade bem formada.

Por personalidade bem formada neste aspecto (pois a personalidade é um universo) entendemos que a Comparação deve reconhecer que existe identidade, cujo axioma deve ser:

Eu não sou o outro, eu sou eu

Isto é uma afirmação de identidade, semelhante à frase que Deus disse no Êxodo, quando perguntado como seria apresentado ao faraó:

Eu Sou o que Sou

A pessoa se reconhece Separada dos outros indivíduos, algo evidente em nosso próprio corpo limitado em tamanho, limitado em alcance (até nossos braços só chegam até determinada distância).

A princípio, então, podemos dizer que a inveja (Comparação com confusões de personalidade) parte de um transtorno de personalidade. Vamos a alguns ensaios verbais de até onde podem ir as Comparações:

A casa do meu vizinho é maior que a minha.

Até aqui é uma simples constatação, absolutamente técnica, mostrando a relação entre a dimensão entre as duas casas. Chamaremos maior de adjetivo "provocativo" de tamanho.

A casa do vizinho é maior que a minha. Eu queria ter uma casa maior [que a minha, não necessariamente do tamanho da dele]

Bem, talvez a necessidade de quem está falando seja digna, pois existem pessoas que moram em casas bem pequenas e insalubres.

A casa do vizinho é maior que a minha. Eu queria ter uma casa maior que a dele

A colocação do pronome final (dele) demonstra intenções subliminares já querendo aflorar. Seria para mostrar ao vizinho que sua casa é melhor, ou a casa do vizinho ainda é pequena. Uma coisa que precisa ser dita é que as nossas comparações sobem degraus. O que vem a ser isto ? A mente do homem comum se satisfaz com qualquer "upgrade" (melhora em pequenas proporções). A mente do empresário de visão realmente pode pensar em incrementos em que ele vê que o seu empreendimento vai dar um lucro compensador, pois assim precisa ser esta classe. Mas o homem comum sabe que deve ir melhorando aos poucos. A intenção da última frase fica então revelada como sendo INVEJA.

A casa do vizinho é maior que a minha. Eu queria ter a casa dele


Agora saímos da INVEJA comum para a inveja de rapina. O indivíduo acha mais fácil conquistar o que vê do que algo parecido e por meios lícitos. O vizinho, neste caso, em sua mente paranóica, o está agredindo com suas posses. É um transtorno isto que a pessoa em questão está sofrendo. Seu pensamento de refreamento deve ser: "quem sabe ele me vende" ou "vou procurar uma casa parecida em outro lugar".

Por isto que se diz que as pessoas razoáveis, que impedem que sua mente fique transtornada, PENSAM.

A INVEJA então pode ser vista como um ato apressado, imediatista de quem não PENSA com o número suficiente de etapas éticas.

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