segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Consciência, aqui, agora e aberrações

O maior mistério para neurocientistas, psicólogos e filósofos é a questão da consciência. Não faremos perguntas e sim constatações do senso comum. Já foi dito que:

Penso, logo existo (cogito, ergo sum) - René Descartes

Ser ou não ser, eis a questão - William Shakespeare

Não critiquemos, prossigamos.

A consciência é se saber, agora mesmo, que estamos aqui e agora. É a completa noção de onde estamos no espaço-tempo.

Antes das próximas digressões, eis um diagrama:


Por ele pode se ver como é difícil a noção de consciência. E justamente esta aparente complexidade também explicita as aberrações de consciência que andam perto de nós. Consideraremos aberrações a manutenção da consciência por menos do que três aspectos. Pela descrição das aberrações é que teremos a idéia da verdadeira conciência no final.

Consciência existencial

A consciência existencial diz ao indivíduo o que ele é, mas construída a partir tanto de seu histórico, quanto de seus objetivos, quanto de ambos. Existem indivíduos que vivem somente do seu histórico (passado) e estacionaram no tempo. Não tem objetivos e se hajam grandes só pelo seu passado e isto lhes basta. É a primeira aberração. Existem indivíduos tão  concentrados em seus objetivos que são incapazes de viver o aqui e o agora. Do lado bom representam elementos que serão responsáveis por grandes conquistas científicas, antropológicas e obras concretas. Do lado ruim, são aqueles criminosos psicopatas ou indivíduos perversos, ou então aqueles que correm atrás do vento. Estas duas são expressões da segunda aberração.

Não basta dizer o que eu sou. É mais valioso receber esta constatação pela observação dos outros.

Consciência material

Representa, quando sozinha e inchada, a consciência dos materialistas. O materialista só se considera "em existindo" quando relata o que possui, quando diz que tem algo que os outros tem (e sempre melhor) ou que os outros não tem (superioridade). E esta expressão não precisa ficar restrita à matéria explícita. Este tipo pode também dizer que tem amigos influentes, ou que tem amigos que tem aquilo que está em discussão (ter por terceiros). Então, o amigo ou conhecido, passa a ser uma espécie de mordomo daquilo que ele pensa que tem (posse indireta, mas indevida).

Consciência espacial

O indivíduo que tem esta parte da consciência inchada e superlativa é incapaz de sair do lugar. O local onde está agora é o mais seguro, pois está ali há algum tempo, e nada lhe aconteceu.

Conclusão

A consciência plena é um delicado equilíbrio entre as três consciências. O indivíduo pode ir a qualquer lugar pelo fato da consciência espacial não ser a dominante, pode ser flexível e se relacionar com os outros pois a consciência existencial não é a dominante, e pode dar e adquirir coisas (desapego) pois o que tem não é a sua identidade, nem tão pouco pede identidade emprestada aos amigos e conhecidos que tem algo que está em discussão (consciência material).

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