sexta-feira, 22 de abril de 2011

O ambiente Espacial

O Contexto Espacial é de fácil identificação, com idéias como:

  • Achar e perder;
  • Direita e esquerda;
  • Atrás e à frente;
  • Cima e baixo;
  • Virar, retornar;
  • Subir, descer;
  • Ir, voltar;
Bem jovens aprendemos a utilizar estas idéias de contexto Espacial. Ele também é base para idéias abstratas, e ficaremos em um só exemplo, como Subir significando ascensão de estado, de cargo ou social. Direita e Esquerda se originaram das idéias de certo e errado. Esquerda, assim como canhoto, significavam errado, e direita (a disciplina do Direito, a profissão do advogado) o certo, o direito, o correto.

Vemos claramente que o contexto espacial dá os subsídios para se identificar as raízes dos pensamentos de nível mais abstrato (veja Hierarquia das idéias na Linguagem V ). Nós não fomos formados mentalmente a partir do nível abstrato, mas de níveis baixos e concretos de pensamento. A criança pensa de forma concreta. Todas as abstrações tem que ser cuidadosamente explicadas, sem o que elas se perdem. Aliás, perder-se é uma idéia espacial, a princípio.

Hoje, nas escolas, a disciplina de Geografia tenta, primeiro, dar noções de espaço a partir de figuras mostrando uma rua com os diversos tipos de lojas, e perguntando qual está à esquerda ou em frente da outra, por exemplo.

Portanto:


o espaço é a primeira noção para as posteriores abstrações.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Idéias e raízes culturais da língua

Já introduzimos este assunto em "Conversando e montando um quebra-cabeças".

Para princípio de nossa exposição, vamos criando, ao longo da vida, um grande dicionário composto de dicionários menores (por assunto) em nosso cérebro. Mas, ao contrário dos dicionários comuns (palavra [significando] - significado), o nosso é "tridimensional".

Em nosso dicionário existem associações públicas e associações pessoais. As associações públicas se referem aos significados que a maior parte dos que estão a nossa volta entendem. As associações pessoais só nós entendemos. Por exemplo, a palavra "mãe" para uma pessoa pode estar também associada à tia, pois ela é que cuida mais da pessoa que possui este dicionário (cérebro).

O dicionário de associações públicas fica melhor compreensível se conseguirmos determinar, assim como em uma árvore, a RAIZ de cada significando e de seu significado. Isto é justamente o que falta nos dicionários comuns, nas enciclopédias e na direção das narrativas de quem está responsável por transmitir o conhecimento.

Vou propor um enigma:

O que o cavalo tem a ver com a água ?

Não vamos demorar muito, para não deixar o leitor nervoso. Cavalo veio de "equos" e água de "aqua". A derivação a partir de uma mesma raiz certamente veio de um quadro (significando), guardado na mente de quem primeiro concebeu esta idéia, de um cavalo bebendo água na beira de um rio.

Ou seja, uma coisa não tem, aparentemente, nada a ver com a outra, no entanto, no momento do nascimento de uma idéia, existiu um contexto de origem que as ligou. As raízes mencionadas de água e cavalo vieram de um conjunto de línguas do chamado grupo Indo-Europeu, assim como existem outras raízes do grupo semítico (Semitic roots é o termo em inglês). O estudo destes grupos linguísticos facilita o entendimento da língua e dá uma visão das regras de compreensão humana. A história da formação de uma língua conta como funcionam os nossos mecanismos de compreensão, e em particular para o povo que utiliza a língua em estudo.

Por exemplo, aqui no Brasil, quando a palavra "inflação" é citada entre outras, o indivíduo imediatamente espera ouvir os verbos "subir", "aumentar", "crescer" pela força de nossa cultura de convivência de índices de inflação altos num passado relativamente recente.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Não pensamos em idéias, pensamos em sistemas

Em nossa língua costumamos dizer:

"Estou pensando em uma idéia", "precisamos melhorar esta idéia", "temos que ter uma idéia nova"

Totalmente errado, pelo exposto até agora em nossas descrições e discussões. Pensamos, melhoramos e procuramos novos sistemas. As idéias já passaram longe, conhecemos quase todas em uma idade por volta dos 30-40 anos. O que precisamos é aplicar estas idéias a que chamamos princípios para concatená-las de forma apropriada em sistemas, como a junção de setores em uma fábrica.

Não adianta pensar em unidades separadas. Já as conhecemos, principalmente com o bombardeio de informação deste início de século XXI. Tudo está aí, exposto e documentado. Precisamos é juntar as peças de quebra-cabeças em novos sistemas.

Todas as peças estão aí.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Hierarquia das idéias na linguagem - VI

Nível do Abstrato

O nosso Nível Abstrato de linguagem é o mais complexo. Mas não precisamos nos assustar com isto, e nem interromper nossa busca dentro dele, pois:

Abstrato ou não, este nível pode ser estudado pela linguagem
Algumas abstrações se expressam por meio de metáforas a partir dos níveis anteriores da linguagem
Algumas abstrações se expressam por meio de relações binárias entre idéias oriundas dos níveis anteriores da linguagem e outras por meio de relações ternárias

Portanto, as idéias abstratas podem ser representadas utilizando-se idéias dos níveis hierárquicos inferiores ao abstrato. Não existe mistério algum.

Representação das idéias abstratas

As idéias abstratas podem ser expressas por meio de tediosas descrições do contexto que se tenta expressar através do discurso. Esta é a forma que vem sendo utilizada tem muitos anos, e que tem se mostrado inócua.

A melhor forma é a representação gráfica por meio de diagramas mostrando as "peças" menores (idéias mais primitivas e compreensíveis) se relacionando binária ou ternariamente.

Exemplo 1 - A idéia de venda

A idéia de venda é uma Relação, a princípio binária: loja - cliente. Um pouco mais de "cotovelo na mesa" e vemos surgir uma relação ternária: loja - preço - cliente. Esta é a relação funcional, pois o preço é uma "barreira" entre a loja e o cliente. Mas o preço se refere realmente ao produto, e o quadro muda para: produto - preço - cliente, loja - produto.

Começamos a perceber que na representação precisamos explicitar que o cliente pode achar um produto em vários lugares (lojas), e que o preço do produto varia de loja para loja:

produto  - preço - loja - cliente

com o preço como realmente o cerne do problema. Além disso, uma loja pode ter mais de uma variante para um mesmo produto, com preços diferentes. Como ficamos ?

produtoi - preçoi - lojaj - cliente

O cliente pode encontrar em cada loja de 1 até um número j de lojas produtos de 1 até um número i de produtos com seus respectivos preços de 1 até i.

A idéia de conjunto é uma das mais importantes abstrações, pois é preciso separar mentalmente certas entidades e agrupá-las. Isto corresponde a "desenhar" na mente.

O leitor pode interromper este estudo e consultar o blog Lógica dos Conjuntos.

Então, uma das mais importantes abstrações é a tipificação, a categorização e, portanto, a divisão em conjuntos. Ela é um importante meio para se chegar à padronização.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Raciocínio e Linguagem

Entre Raciocínio e Linguagem, a Linguagem é o mais próximo daquilo que se pode explicar. E por que queremos fazer isto ? Porque:


A capacidade de Cognição e de Raciocínio é melhorada com o aperfeiçoamento 
do domínio da Linguagem.


Temos falado nos posts anteriores sogre a Hierarquia da Linguagem, e é importante que você leia e releia tais tópicos.

O que é a Linguagem

Finalidade: Compreendendo a Linguagem, poderemos entender como raciocinamos.

Conceituando: A linguagem é uma ferramenta para apresentação formalizada de Raciocínio através de um texto.

A primeira forma de texto para apresentação de raciocínio é a descrição argumentativa. No decorrer desta descrição argumentativa podemos ter uma descrição de propriedades ou atributos de uma das entidades envolvidas na argumentação.

A segunda forma de texto para descrição de raciocínio são os diálogos. Neles, a troca de argumentos é um potencializador da capacidade de compreensão dos vários aspectos da coisa em discussão.

O que é uma ferramenta

Uma ferramenta é um meio (antes de ser um dispositivo) de facilitar e tornar mais efetiva uma ação, com pouco esforço.

Se mostramos a alguém como plantar, muitos detalhes da ação e suas razões podem passar despercebidos. Mas utilizando a Linguagem escrita, podemos encher páginas e páginas com aspectos e técnicas de plantio, espécies de plantas, forma de preparo, cuidados e até a comercialização dos produtos colhidos.

Se a Linguagem é uma ferramenta, ela ajuda a plantar a coisa certa no lugar certo, do jeito certo, diminuindo o esforço para comercializar o produto. Se ignoramos as pragas, porque não fomos comunicados (só vimos com os olhos alguém plantando), podemos perder todo o nosso trabalho, como alguém que tenta descascar uma batata usando um machado.

O Raciocínio

Ora, quem descreve um raciocínio, pelos seus argumentos e pelos atributos das entidades envolvidas é a Linguagem. Melhore a expressão de um Raciocínio através da Linguagem, e você vai aprimorar o Raciocínio mais e mais.

Melhore sua descrição dos detalhes dos dispositivos ou substantivos de um contexto. Olhe com mais atenção, use o negrito, use as cores, use as formas, produza diagramas, ligue com setas as entidades, e depois descreva estes diagramas, e você ganhará uma maior capacidade de Raciocínio.

E sobretudo, estude a sua Língua e uma segunda, e uma terceira, e compare as mesmas, e veja o que vai acontecer.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Memória de curta duração – Teoria da Pilha ternária

á falamos no post “Relações Binárias e Ternárias” do blog de Gestão de Conhecimento sobre Relações Ternárias.

Estamos propondo aqui um modelo para a memória de curta duração de um tipo de empilhamento segundo este princípio. Veja o diagrama:



Pelo proposto, uma nova ideia é recebida pelos sentidos e pela razão, e expressa por uma “idéia impressionista” formada por 3 significandos. Enquanto está sendo dada a explicação ao receptor, ou enquanto está observando o evento, ele recolhe um significado para cada significando segundo os conhecimentos que encontra à disposição em sua memória.

Exemplo



Este exemplo se refere ao ocorrido recentemente no Japão (época deste post). O texto da notícia está à esquerda. Os significandos estão em letras pretas, e os significados que identificamos (pois o significado é dado por quem interpreta os significandos) em letras vermelhas. A ideia geral é um “enunciado mental” ou figuração que formamos em nossa mente.

Aqui foi expressa uma relação ternária Empresa, Usina Nuclear e Radiação. Estes são os significados. O fato da empresa ser a TEPCO não importa, pois poucos de nós a conhecíamos pelo nome. Mesma coisa para a Usina Nuclear: não importa o nome, sabemos mais ou menos o que é uma usina nuclear. E a Radiação é algo conhecido para a maior parte das pessoas. No caso, e por acaso, está na água. Podia ser nas paredes, pessoas, plantas, etc.

A ideia que se forma na mente é que uma empresa que toma conta de uma usina nuclear provocou escapamento de radiação. Esta “imagem” permanecerá em nossa mente. O nome da Empresa e da Usina será certamente esquecido após algum tempo, mas a “imagem” não.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Psicologia, Pai, Autoridade e Lei

Diante dos posts anteriores, precisamos buscar esclarecimento sobre a figura do Pai no Lar. Falamos, no nível família sobre Autoridade. Qual é a verdadeira relação entre o Pai e a Autoridade ?

Segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa, Autoridade é:


1. Direito legalmente estabelecido de se fazer obedecer.
2. A pessoa que tem esse direito.
3. Valor pessoal, importância.
4. Autorização

Fiquemos com a definição de número 1, pois o Pai não é propriamente a Autoridade, e sim a pessoa que tem este direito.

Também se diz muito na Psicologia que o Pai é a Lei dentro de casa.


Segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa, Lei é:


1. Preceito ou regra estabelecida por direito.
2. Norma, obrigação.
3. Religião.
4. Relação constante entre fenómenos da Natureza, ou entre as fases de um mesmo fenómeno.

Ficaremos com as definições 1 e 2. Portanto, conforme nossa abordagem, o Pai estabelece a Lei no Lar e é a pessoa que tem o direito da Autoridade neste mesmo contexto (o lar).

Contra exemplos para evitar o Pai apenas de parentesco

Pela relação ternária que estabelecemos, o Pai é quem estabelece a Lei no Lar e que tem o direito da Autoridade. Isto não significa um Pai fornecedor de esperma, pois que todo homem é capaz de fornecê-lo. O tio pode ser esta Autoridade, se estabelecer a Lei. A própria mãe pode sê-lo, na ausência de homem maduro. Não é a consanguinidade e o direito de progenitura que fazem de um homem maior de idade o Pai na casa.

O pai, na psicologia, tem um papel estratégico de evitar confusões na cabeça dos filhos: a presença de uma terceira pessoa, que fala grosso, que entra quando a prole tenta roubar a Autoridade da mãe, que defende esta mãe e que evita uma fusão dos filhos com a mãe. Esta fusão se revela quando os filhos pedem e a mãe amorosa, que dispõe dos meios pela prosperidade da casa, não nega nunca, para manter aquilo que julga ser a relação de amor.

Todos os dias, o Pai precisa afirmar sua Autoridade, rever o cumprimento das Leis no Lar, numa fiscalização constante. Ele vai formar o superego na criança, principalmente através das proibições (o NÃO). Só uma coisa não é ressaltada na psicologia em relação ao Pai:

O exercício do amor paternal

O Pai precisa perceber aquele momento em que as crianças estão em paz, entre o ócio e a atividade, e entrar fazendo algo que demonstre carinho e atenção ativos. Pode ser uma brincadeira, ou simplesmente sentar ao lado do filho que está jogando videogames ou assistindo televisão. Amor é serviço. Se o filho está tranquilo, deve-se ir a ele, e não esperar que ele venha a você. Dê uma atenção, chame-o pelo apelido carinhoso que só vocês em casa conhecem e outras fórmulas que o seu convívio diário já estabeleceu.