Para princípio de nossa exposição, vamos criando, ao longo da vida, um grande dicionário composto de dicionários menores (por assunto) em nosso cérebro. Mas, ao contrário dos dicionários comuns (palavra [significando] - significado), o nosso é "tridimensional".
Em nosso dicionário existem associações públicas e associações pessoais. As associações públicas se referem aos significados que a maior parte dos que estão a nossa volta entendem. As associações pessoais só nós entendemos. Por exemplo, a palavra "mãe" para uma pessoa pode estar também associada à tia, pois ela é que cuida mais da pessoa que possui este dicionário (cérebro).
O dicionário de associações públicas fica melhor compreensível se conseguirmos determinar, assim como em uma árvore, a RAIZ de cada significando e de seu significado. Isto é justamente o que falta nos dicionários comuns, nas enciclopédias e na direção das narrativas de quem está responsável por transmitir o conhecimento.
Vou propor um enigma:
O que o cavalo tem a ver com a água ?
Não vamos demorar muito, para não deixar o leitor nervoso. Cavalo veio de "equos" e água de "aqua". A derivação a partir de uma mesma raiz certamente veio de um quadro (significando), guardado na mente de quem primeiro concebeu esta idéia, de um cavalo bebendo água na beira de um rio.
Ou seja, uma coisa não tem, aparentemente, nada a ver com a outra, no entanto, no momento do nascimento de uma idéia, existiu um contexto de origem que as ligou. As raízes mencionadas de água e cavalo vieram de um conjunto de línguas do chamado grupo Indo-Europeu, assim como existem outras raízes do grupo semítico (Semitic roots é o termo em inglês). O estudo destes grupos linguísticos facilita o entendimento da língua e dá uma visão das regras de compreensão humana. A história da formação de uma língua conta como funcionam os nossos mecanismos de compreensão, e em particular para o povo que utiliza a língua em estudo.
Por exemplo, aqui no Brasil, quando a palavra "inflação" é citada entre outras, o indivíduo imediatamente espera ouvir os verbos "subir", "aumentar", "crescer" pela força de nossa cultura de convivência de índices de inflação altos num passado relativamente recente.
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