sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Por que as pessoas não gostam de mudanças ?

A explicação está embasada fisiologicamente no item "Os neurônios se movimentam" do post "Como são armazenadas as informações na memória - II".

A cada nova informação, ou modificação das já armazenadas em nossa memória, novos neurônios migram para o córtex, para compor informações da nossa "Biblioteca". Se os nossos conceitos armazenados tiverem que sofrer mudanças muito grandes, as velhas informações serão "marcadas" como sendo ultrapassadas, e uma "chuva" de novos neurônios vai migrar para o córtex. Todo o artranjo neuronal daquela "região de conhecimento" terá que ser refeito.

Os movimentos necessários para rearranjar estes neurônios serão semelhantes a se arrumar novamente os livros de uma estante para ficarem de acordo com as novas convicções adquiridas. O trabalho do "bibliotecário" do cérebro será enorme. Por isto algumas pessoas que estavam seguindo um caminho em uma pesquisa ou empreitada, ao perceberem que estavam no caminho errado, desistem, pois praticamente terão que recomeçar o seu trabalho do início.

Indo mais além em nossa discussão

O que difere uma pessoa persistente desta que desiste frente ao esforço que vê necessário para abordar um problema sob uma perspectiva completamente nova não é força de vontade, e sim o prazer que vislumbra mais a frente de solucionar o problema. A força de vontade poderia estar relacionada ao coeficiente entre  os movimentos neuronais e o gasto de glicose. Experiências anteriores podem ter deixado impresso na mente deste indivíduo a enorme sensação de esgotamento em um esforço para a resolução de um problema. E o organismo, para se defender de uma perda excessiva de glicose (pois sabe disto pela sua própria memória) força o cérebro a abandonar o esforço mental.

Recompensas sociais anteriores, no entanto, podem fazer o indivíduo forçar a sua natureza, mesmo contra a perda excessiva de glicose, pois a vaidade e o sucesso vão recompensar os seus centros cerebrais primitivos, com uma sensação semelhante à de derrotar um inimigo pela força física.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Por que o ser humano gosta de mapas e de videogames

O traçado dos mapas, o desenho de plantas de residências e os diagramas de máquinas provocam um fascínio nas pessoas, mesmo desde a infância.

Qual é o verdadeiro motivo de isto ser assim ?

Um mapa trata basicamente da distribuição Espacial de elementos. O nosso centro de novas memórias, o Hipocampo, também é um centro cerebral de orientação no espaço e localização geográfica. O aprendizado de coisas novas, que produzem um deslumbramento no ser humano, provoca a geração de novos neurônios no Hipocampo, berço da memória de curta duração. Como ele também é um centro de orientação geográfica, ambas as funções se confundem, e provocam a sensação agradável que experimentamos.

Portanto, contemplar informações que ajudam a nossa orientação no Espaço, dando uma "ilusão" de domínio amplo, nos dá prazer. Os mapas ainda nos projetam para um mundo que não vemos, dando a ilusão que dominamos estes mundos. Não podemos abraçá-los, mas podemos prevê-los.

Situação semelhante ocorre com os jogos que simulam veículos, aviões, navios, naves e congêneres. A tela do videogame nos arremessa para um mundo que não é real, mas se assemelha às projeções que fazemos do nosso mundo, e melhor, que dominamos com facilidade por intermédio do mouse, do joystick ou outro tipo de CONTROLE.

Como é armazenada uma informação na memória - II

Continuando o post anterior Como é armazenada uma informação na memória - I,  vamos explicar como a informação disposta em um espaço imaginário da mente (tanto que o representamos espacialmente nos diagramas do post anterior) se encaixa na estrutura de nossos conhecimentos anteriores.


Os neurônios se movimentam


Uma descoberta neurológica recente mostra que, durante o sono, os neurônios se movimentam dentro da massa cerebral. Veja o filme:








Acreditávamos que os "conteúdos" dos neurônio produzidos na memória de curta duração (hipoccampus) eram transmitidos por sinais elétricos para o córtex cerebral. No entanto, o corpo humano optou pelo esforço de migrar a célula inteira para o córtex, durante o sono. 


Como os neurônios se organizam no córtex cerebral


Que os neurônios se movem para o córtex você já se convenceu. A filmagem não deixa dúvidas. Faz sentido. Com o auxílio das células gliais (que alimentam e dão suporte às células nervosas), o movimento é feito.


Mas quando o neurônio migra, ele vai para o córtex seguindo qualquer rota ? É claro que não. A colocação dos neurônios migrados no Córtex obedece aquilo que o ser humano observa há milênios naquilo em que estamos acostumados a chamar de BIBLIOTECA. Aqui reside o que chamamos no post anterior de quarta evidência.


Isto mesmo, durante séculos (não anos apenas) observamos as pessoas cedendo à compulsão da organização dos pergaminhos, rolos, livros, brochuras, revistas, LPs e CDs em ESTANTES, por assunto ou por tipo, conforme o intuito da organização.


Fomos conduzidos, fomos obrigados, algo dentro de nós ORDENOU que fosse feito assim, pois quem nos governa é o nosso CÉREBRO.


Antes de concluir, vejamos algo conhecido como:


Colunas Neuronais


Quem realmente possui uma estrutura colunar é o Neocórtex, as dendrites apicais das células piramidais têm orientação vertical assim como as que se ligam no córtex. Quando uma rede de idéias é excitada eletricamente no cérebro, é como se ele guardasse (ou marcasse) na memória de curta duração, o caminho que esta nova célula de memória deverá seguir.


Em outras palavras, o cérebro reserva na sua "ESTANTE" o lugar para o qual a nova célula deve ir. Uma outra figura para ilustrar este comportamento seria a de um balão que sobe. A nova memória seria um balão. Uma vez solto, e contendo gás, sua tendência é subir. O vento leva para o lugar correto em uma estante de balões.


A estante cerebral


Vamos supor que o novo conhecimento seja uma nova cor. O indivíduo faz o pedido em uma loja de tintas para que misturem o amarelo pêssego com um azul claro. De noite, quando for dormir, esta lembrança da mistura PODE vai, fisicamente como mostra o filme deste post,  para o local da memória de longa duração que contém neurônios cujo assunto é cor.


Podem haver derivações neuronais num cenário hipotético. Vamos supor que o vendedor que atendeu o indivíduo seja um seu ex-colega de faculdade. Neste indivíduo, este novo neurônio vai estender uma de suas ligações para a "estante" das lembranças de seus colegas de faculdade, e quando se lembrar da cor pedida, também vai lembrar do colega que encontrou na loja. Desta forma, confirma-se a tese de que os cérebros são EXTREMAMENTE PESSOAIS. Não existe um cérebro igual ao outro, pois as histórias de vida são particulares de cada indivíduo.


Um exemplo de organização Neural Colunar está no post No cérebro as decisões são tomadas em Assembléia.



sábado, 22 de outubro de 2011

Como é armazenada uma informação na memória - I

Tirando as frases que estamos cansados de ver em monografias, papers e livros sobre o Cérebro, vamos tratar este assunto com uma tese séria, instrumental e baseada na evidência linguística.

Natureza das palavras

Em um texto de Gestão do Conhecimento com o título "Palavras (Words) são Redes (Networks)" temos a primeira evidência para nossa discussão. Na Análise Sintática ensinada na escola, no ciclo fundamental, temos a segunda evidência. A terceira evidência é que "No cérebro as decisões são tomadas em assembléia". Leia o conteúdo destes três links antes de prosseguir neste texto.

E como quarta evidência, tenha em mente que tudo o que o homem faz no ambiente ele o faz reproduzindo algo que tem em seu corpo. Exemplos:

  •  A forma de exibição da imagem através dos pontos de luz nas TVs é semelhante à disposição de elementos na retina humana;
  • Os braços mecânicos dos tratores tiram a sua força de mecanismos semelhantes aos tendões puxados pelos músculos humanos;
  • O próprio tensionamento e relaxamento dos músculos se assemelha aos mecanismos de rosca sem fim e cremalheira dos equipamentos mecânicos;
  • O conjunto de ossos do aparelho auditivo, em conjunto com o tímpano, se assemelha ao mecanismo dos alto-falantes dos aparelhos de som;
  • A disposição dos livros nas estantes das bibliotecas e das casas se assemelha à disposição dos neurônios que guardam informações semelhantes nas "COLUNA NEURONAIS" em nosso córtex cerebral. Esta é a nova e surpreendente característica descoberta pelos neurofisiologistas;


A quinta evidência é a própria Internet. O ser humano acabou colocando a sua informação em rede, em resposta à sua disposição neuronal cerebral, que também é uma rede.

A nossa forma de receber a informação (input)

Vamos descrever o mecanismo através da análise da recepção de uma frase contendo informações, pois o ser humano troca informações através da linguagem, forma de emissão regida pelo uso de palavras de forma lógica (padronizada e previsível, de acordo com a gramática da língua praticada).

Para descrição da armazenagem da informação, examinaremos uma frase de informação, e verificar como ela é preparada e complementada para ser armazenada no lugar certo de nosso córtex cerebral.

Seja a frase:

"No último domingo, fomos ao parque andar de bicicleta. Eu, minha mulher e meu filho aproveitamos o sol do fim da tarde, pois estava muito quente."

Utilizando a segunda evidência (Análise Sintática), encontraremos as idéias da frase, para compor aquilo que a primeira evidência pede (a rede). Utilizaremos para isto o diagrama:


Esta é a rede que expressa a idéia da frase. A idéia central PREVISTA, de acordo com as observações já feitas há muitos anos, é aquela que possui VALOR AFETIVO mais alto. O cérebro é uma máquina diferente das outras, pois as idéias com carga AFETIVA são as fixadas de forma mais sólida. O mesmo ocorre com os TRAUMAS e EMOÇÕES.

Por esta razão, o filho e a esposa ficaram no primeiro nível. As outras idéias ficam, a princípio, misturadas no segundo nível.

A nossa forma de interpretar a informação (data processing)

A rede seria simples como apresentado caso o fosse para um cérebro quase virgem. Acontece que mesmo o cérebro de uma criança com 5 anos já tem uma biblioteca de conhecimentos adquiridos. Veja o diagrama a seguir:



O sol remete às idéias de Luz e de Calor que vão acompanhar o indivíduo para o resto da vida. E as idéias de parentesco ajudam a pessoa a identificar os laços que existem entre as pessoas de uma mesma família, acompanhando também o indivíduo para o resto de sua vida.

O próximo passo da organização desta rede na memória será discutido na PARTE II, pois este já está extenso o suficiente para a filosofia de Blog.



sexta-feira, 21 de outubro de 2011

No cérebro as decisões são tomadas em assembléia

O córtex cerebral humano apresenta uma disposição vertical em colunas.

As colunas

As fileiras de neurônio dispostos verticalmente formam, a princípio, colunas muito finas (microcolunas). Estando no emaranhado de neurônios em rede, estas se comunicam com as vizinhas, formando colunas mais densas, a que nos referiremos como realmente colunas neste texto. São como um feixe de nervos, com derivações laterais também.

As assembléias

Quando o cérebro recebe estímulos nervosos, é a partir destas colunas que são formadas as Assembléias Neuronais .

As colunas neuronais são a primeira referência de rede para conexão de idéias afins
 (Teoria de Hebb, Hebbian Engrams)
A lógica deste comportamento está no próprio impulso social do ser humano, forçado pela sua natureza cerebral, de formar associações, instituições, empresas, grupos, equipes, ou seja, se associar a outros indivíduos para formar um "feixe", ou assembléia, ou conselho, ou grupo de planejamento e decisão.

Diferentes impressões

Vamos dar um exemplo desta formação da Assembléia Neuronal. Um indivíduo aprecia, em uma galeria, um quadro que mostra um João de Barro (pássaro) construindo seu ninho em um galho de árvore.

Em tese, a coluna neuronal que possui os conceitos de ave voadora, se comunica com a coluna de nomes de pássaros, que se comunica com a coluna de idéia do barro. A coluna de poste também entra no jogo. Estas colunas trocam impulsos pela liberação de neurotransmissores, e os impulsos são mais intensos à medida em que o indivíduo escaneia a pintura com os olhos.

Se houver lembranças de um ambiente em que o indivíduo presenciou um pássaro desta espécie, como por exemplo a fazenda do avô, a coluna de conceitos de parentes, juntamente com a coluna dos nomes do avô e de tios, primos, amigos e irmãos presentes na ocasião, será envolvida no processo.

Todos estes neurônios, junto com as colunas neuronais do cortex visual que está controlando o primeiro plano deste evento vão formar uma Assembléia para este momento.

Em tese, esta é a formação de uma Assembléia Neuronal.


Vista superior das colunas no córtex cerebral hipotético:

Pelo princípio da economia de energia gasta, e pela propriedade da plasticidade cerebral, a disposição das colunas neuronais de nosso cenário deve ser:


As relações de parentesco (1.1) devem estar próximas dos nomes correspondentes dos parentes (1.2). A Fazenda do Avô (5), junto com Nadar e Andara a Cavalo (6). Os Pássaros (2.1) próximo de seus atributos (2.2). E a árvore e derivados (3) com o ato de construir o ninho para a fêmea ter o filhote (4).

Plasticidade cerebral

Como as experiências paralelas em relação aos substantivos comuns e tipos são particulares para cada pessoa (o João de Barro pode lembrar um poste em frente de uma casa [não uma fazenda] de uma tia [e não do avô]) cada cérebro também é único.

Estas colunas podem se deslocar, à medida em que a pessoa amadurece, e substitui colunas indevidas (por um entendimento errado) por colunas apropriadas (pelo entendimento mais maduro) à medida em que recebe e entende informações mais precisas sobre o contexto em que vive.

Conclusão

A disposição espacial das colunas neuronais é otimizada para formar Assembléias de colunas as mais próximas possíveis para raciocínios recorrentes. Idéias completamente novas "desagradam" o cérebro, pois obrigam a formação de Assembléias com membros distantes. A aproximação de colunas para essas idéias novas, ou novas abordagens vão provocando a aceitação gradual destas novas idéias ou abordagens.
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Learning Memory: The Brain in Action (Sprengler, Marilee - ASCD - 1999)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Educação, respostas rápidas e dar o contra

Muitas vezes você, ao cumprimentar alguém, você diz:

"Olá, tudo bem"

e o outro responde bem rápido:

"Tudo bem, e você"

Isto é uma programação da educação recebida.

Conceitos em termos de sistema Linguístico

Educação

Conjunto de expressões automáticas para convívio social:


  • Bom dia, boa tarde, boa noite;
  • Como vai, e a família;
  • Tudo bem, tudo tranquilo, tudo na paz, tudo beleza;
  • Eu vou bem e você ?
  • Vou bem, obrigado.


Respostas rápidas

A maior parte das pessoas, deixam escorregar pela boca, principalmente na TV:


  • É mesmo ?
  • Será ?
  • Com certeza.
  • Tá brincando.
  • É bom demais.

E estas expressões tornam-se hábitos cansativos para quem ouve.

O contra

Muitas pessoas iniciam frases como abaixo, no entanto, ao final, o que dizem é exatamente aquilo que foi exposto.


  • Não é assim.
  • Acho que não.
  • Não é assim que funciona.
  • Se fosse fácil assim.
  • Eu não concordo.


Para que serve a educação

A educação serve para dar respostas relativamente rápidas para o convívio social harmônico. Mas de forma paralela, deve-se explicar ao jovem a finalidade, a importância e o objetivo de cada comportamento e o significado daquilo que se vai dizer para evitar conflitos. Ocorre, no entanto, uma ASSIMILAÇÂO ROBÓTICA tanto das expressões quanto dos hábitos, e o indivíduo passa a agir inconscientemente e sem o acompanhamento da parte afetiva.

A educação como condicionamento apenas é como passar um verniz sobre a ferrugem. Dizemos verniz porque uma educação assim deficiente (condicionamento, imitação sem razão) deixa aparecer a ferrugem por baixo. A educação precisa raspar primeiro a ferrugem, passar protetor (zarcão), e depois tinta.

É como se você desse o lugar no ônibus, para uma pessoa de idade sem sequer olhar para a pessoa, frio, e esta achar que você o fez não por Educação, mas por OBRIGAÇÃO, o que é quase um tapa na cara.

Como condicionamento do cérebro e do sistema motor, tudo passa a ser muito rápido, e sem um aproveitamento. Ao dar o lugar à pessoa de idade, você pode fazer comentários, como: "a senhora veio de muito longe ?", "Quer que eu dê o sinal do ônibus quando estiver perto de sua casa ?"

A pessoa do contra

Quem é do contra deseja ardentemente ter uma opinião, mas não tem os elementos necessários, a informação, a articulação de discurso, e tem problemas de autoestima e afetividade. Esta pessoa quer ter destaque sem ter preparo.

Observa-se, desde os anos noventa, o interesse da maioria (o mundo cresce em quantidade e diminui em qualidade) mais pelo lazer do que pela cultura. As pessoas estão interessadas no que o artista, o vizinho, o outro, que é igual a ela, no fundo, faz. Então proliferam os famigerados, cansativos, inúteis "Reality Shows". É a popularização do homem comum. Isto provocou o embotamento geral do raciocínio, da busca pela informação para aumentar a capacidade de crítica (no bom sentido). É mais fácil ficar esparramado num sofá assistindo a estas baboseira, enquanto se consome os produtos alimentícios doces e gordurosos.

Oposição a todo custo

A operação de raciocínio de quem é do contra é somente a OPOSIÇÃO. Fica então claro o propósito. A oposição é o comportamento de quem está reagindo, pois se tivesse tomado a iniciativa estaria agindo. Isto falamos no caso da simples Oposição, que depois se vê desaparecer, um dia ou logo depois, da boca de quem a proferiu.

O do contra contumaz que ser notado, sente necessidade de ser estrela, de ser notado. Se concordar com os outros, não vai aparecer. Outra possibilidade de origem do raciocínio desta pessoa é o constante querer QUE AS COISAS SEJAM DO SEU JEITO. Isto corresponde ao comportamento das crianças que foram mimadas, e pode evoluir para ações mais radicais e perigosas. Quando este tipo de pessoa não verbaliza, e passa para os atos de oposição concretos, pode se tornar um perigo para os que estão à sua volta.

Conclusão

Em termos afetivos e de convívio social, não podemos tomar atitudes automáticas, como se máquinas sem personalidade, ou para autoafirmação a qualquer custo, pois nos tornamos antipáticos e ineficientes emocionalmente.