domingo, 18 de junho de 2017

Sistema Límbico - Memória, Aprendizado e Emoções

E engraçado ouvir profissionais da psicologia falando sobre as emoções em entrevistas de TV. Os neurologistas preferem não entrar neste terreno, apesar de ser afeto ao seu cotidiano profissional, e de também conhecerem profundamente o aparelhamento cerebral que dispara as reações resultantes daquilo que conhecemos como emoções.

E é por este aspecto, em uma parte voluntarioso dos psicólogos, psicanalistas e psiquiatras, e de outra parte um tanto omisso por parte dos neurologistas, que temos ideias erradas sobre nossas emoções.

Acompanhem o raciocínio absolutamente técnico desta matéria.

O Cérebro possui um sistema dedicado às emoções

Nossas emoções não apenas afloram de nosso ser, como algo puramente metafísico. Elas são provocadas pelo contexto em que vivemos. Portanto, nossas emoções são REAÇÕES. Não existe um TEMPERAMENTO do indivíduo, por simplesmente ele ter nascido de um jeito ou de outro, como expressão puramente humana, como se viesse do Espírito deste indivíduo. Vamos separar as coisas.

O Sistema Límbico

O primeiro fato, ponto de partida de nosso raciocínio, é o de que POSSUÍMOS UM SISTEMA BIOLÓGICO QUE LIDA COM AS INFLUÊNCIAS EXTERNAS denominado SISTEMA LÍMBICO. Do ponto de vista técnico, constitui-se de máquina BIOLÓGICA, denominada SISTEMA LÍMBICO.

Podemos avançar, dizendo que, por ser um Sistema Biológico, por ser baseado em princípios físico-químicos (neurotransmissores, hormônios, proteínas, íons e outros compostos), que ele INTERPRETA A REALIDADE, com todas as suas limitações peculiares.

Já dissemos, em artigo anterior, que o Cérebro é um Simulador da Realidade.

A parte deste Simulador que lida com os DISPARADORES DE ALARMES, mantenedores de nossa sobrevivência, é justamente este Sistema Límbico, do qual estamos falando.

Ele lida com aquilo que conhecemos como MEDO. Tecnicamente (temos a pretensão de definir tal coisa) o Medo é um alarme disparado pelos sentidos, que atinge a nossa Amígdala (um pequeno órgão cerebral) que faz parte deste Sistema Límbico, que evoca Memórias que trazem consigo lembranças de Sofrimento, ou ensinamentos que recebemos (também armazenados na Memória), Certos ou Enganosos, que dizem que aquele Contexto apresentado provocará sofrimento.

As Memórias Enganosas são justamente o objeto com que os psicólogos ou psicanalistas lidam em seu dia a dia.

Os sentidos

Todos os nossos sentidos podem ativar o pequeno órgão citado, a Amígdala, caso um outro órgão cerebral, o TÁLAMO,  que se coloca entre os sentidos e a Amígdala, interprete, baseado também em nossas Memórias, que a situação é uma situação de Perigo, ou digna de despertar simplesmente nossas conhecidas Emoções.

Primeira Conclusão

As Emoções e a sensação de Perigo são frutos de uma interpretação cuidadosa, dependente de um Sistema Biológico, que também consulta a nossa Mamória. Caso estas memórias sejam enganosas, do ponto de vista lógico, porque as experiências do indivíduo podem ter sido traumáticas, o resultado da interpretação pode ser uma falsa sensação de Perigo.

A Memória

A Memória é popularmente conhecida como Lembrança. No entanto, a Memória é muito mais do que isto. A Memória humana não é um conjunto de bits armazenado em um pendrive de Computador, ou em seu disco interno. Fomos privilegiados pela natureza, pois a nossa Memória é "temperada" pelas nossas emoções. O que isto quer dizer ? Quer dizer que os indivíduos só armazenam aquilo que é importante para as suas aspirações em particular.

Por exemplo, dois estão numa aula de tricô. Um homem, que queria ver o significado de tricô e uma moça, muito interessada em aprender esta arte, Quando a aula começa, a moça fica atenta a cada palavra falada pela professora, e aos movimentos que ela faz com a agulha de tricô. Já o homem, decepcionado, pois a aula não é nada que o interesse, dispersa e, ainda que olhe a professora e a ouça, não aompanha as palavras e nem os movimentos que a professora faz.

No caso da moça interessada, seu Sistema Límbico é ativado pela sua CURIOSIDADE (a curiosidade é uma categoria de emoção), e sua Amígdala amplifica a intensidade das informações recebidas pelos sentidos em seu Tálamo, provocando a neurogênese em seu HIPOCAMPO, trazendo memórias do Sistema Motor associadas aos movimentos das mãos, Memorizando os novos movimentos que a professora está apresentando, tornando suas mãos mais ágeis para o manuseio das agulhas de tricô.

Fizemos uma descrição a grosso modo, desta forma, da formação de uma memória estimulada pela Emoção.

No caso do homem, que dispersou, por absoluto desinteresse na aula, seu Sistema Límbico simplesmente fez com que sua estadia na sala de tricô não fosse registrada como devia, captando os detalhes. Se o ser humano fosse um computador, este aluno registraria o que foi dito e mostrado na aula, mesmo sem se interessar pela matéria.

Segunda Conclusão

A Memória é uma faculdade humana dependente de nossas emoções. Memorizar e aprender não é o mesmo que passar o conteúdo de um CD-ROM ou DVD para dentro de um computador.

Situação do Aprendizado nas Escolas

De acordo com as estatísticas  do IPM (Instituto Paulo Montenegro), apenas 8% das pessoas que trabalham, no Brasil, tem condições de Ler e Interpretar o que lêem. Ler e Escrever, simplesmente, não basta.

E como chegamos a esta situação ? De acordo com o que foi exposto aqui, esta situação se deve ao DESINTERESSE dos alunos pelo conteúdo formal apresentado nas escolas.

Quais são as consequências desta situação ?

Não pensemos apenas na dificuldade de emprego. Pensemos em quais serão as consequências para o seu Comportamento. O analfabetismo funcional será, como já é, por definição, uma DEFICIÊNCIA. Uma vez percebida, o indivíduo não terá condições de ter acesso aos empregos e carreiras que exijam uma capacidade mais apurada de Planejar, Executar e Controlar os contextos que lhe forem apresentados.

Teremos uma legião de pessoas trabalhando em tarefas já todas delineadas previamente por aqueles 8 % que são capazes de compreender contextos, de interpretá-los, de melhorá-los e de, inclusive, selecionar aqueles que serão capazes de executá-los, com instruções prévias bem delineadas, Teremos o "Reino dos Procedimentos Padrão prédefinidos". No final, poucos pensarão, e muitos executarão.

Conclusão

O Ser Humano não é só um "homo sapiens"; ele é um "homo sapiens emocionalis". Se ele não se empenhar na escola, se não se conscientizar de que precisa ter curiosidade a respeito dos fatos e dos conhecimentos que a vida lhe apresenta, ele se trannsformará numa mera ferramenta de execução de procedimentos concebidos por uns poucos. Será o novo tipo de portador de uma Deficiência invisível, mas talvez a pior de todas:

A IGNORÂNCIA




sexta-feira, 16 de junho de 2017

Visão dual da Realidade e amadurecimento por parâmetros - Redes Neurais

Em nossa infância de pensamento, tínhamos uma visão simples das coisas. Uma coisa ERA ou NÃO ERA. Esta é uma expressão do básico 8 ou 80.

Pensamentos primitivos

Quando começamos a aprender, em tenra idade, nos acostumamos, pela nossa limitação, a ver as coisas sob o ponto de vista dos extremos:


  • Branco ou preto;
  • Quente ou frio;
  • Grande ou pequeno;
  • Doce ou salgado (opostos não necessariamente técnicos);
  • Alto ou baixo;
  • Cheio ou vazio;


Esta é a abordagem mais simplista, pois a mente de uma criança lida facilmente com estes parâmetros.

Meio termo

Mais tarde, lá pelos 5 ou 7 anos, percebemos que existe um mais ou menos. Isto é evidenciado, por exemplo, na hora de colocar um suco em um copo de plástico, ou mesmo na hora de pegar nas mãos este mesmo copo.

Observe uma criança, ao pegar na mão, pela primeira vez, um copo de plástico. Ela aperta o copo, de tal forma que o comprime, a ponto de forçar o líquido para fora do copo. Por que isto ocorre ?

A preocupação de quem precisa "agarrar" um objeto, à primeira vista, é apenas a de alcançá-lo, e utilizar a força para que ele não caia de nossas mãos. Uma criança, em sua relação com a Realidade, baseia suas ações (nesta fase são mais ações do que raciocínios), imprime o máximo de força para agarrar os objetos. Quando for capaz de compreender o pai e a mãe, poder-se-á dizer à criança:

"Você não precisa segurar o copo com tanta força !"

A criança ainda vai cometer o erro de apertar o copo, a cada vez que lhe for dado um suco ou refrigerante, muitas outras vezes, até que desperte a consciência motora de sua mão, e comece a ajustar a força impressa em relação ao copo.

Algo parecido ocorre com a pessoa que está aprendendo a conduzir um automóvel, na auto-escola. No início do aprendizado, o instrutor pede que ela pressione o pedal de freio para interromper o movimento do veículo. Diante desta ordem, o aluno pisa no pedal do freio com toda força. O carro pára bruscamente, a ponto de o motor "morrer". Então, o instrutor começa a ensinar que o freio deve ser pressionado com uma atenção tal que o candidato a motorista procure "sentir", com os pés sincronizados com os olhos, o veículo ir interrompendo, aos poucos, o movimento.

O que foi explicado se resume a uma expressão: AJUSTE FINO. devemos dosar a nossa força em pequenas quantidades crescentes, até observar o efeito desejado. Tal controle se aplica à força utilizada para fechar a porta da geladeira, fechar a porta do carro, chutar uma bola para chegar aos pés de um colega em um jogo de futebol e lançar a bola de basquete na cesta.

Redes Neurais

O Ajuste Fino a que nos referimos, que regula a nossa força muscular, é estabelecido em nossas redes nervosas, com o recrutamento de novos neurônios, que se colocam entre os já existentes, distribuindo os impulsos nervosos, de forma a moderar nossas ações.

Se existisse apenas um neurônio sensor, e um neurônio atuador, o efeito observado para, por exemplo, a reação do tato ao copo de suco, realmente nós amassaríamos o mesmo como foi explicado.

Quando se aumenta o número de sensores (sensores de tato, por exemplo), e se coloca uma camada intermediária entre eles, existe uma modulação que regula a intensidade do impulso oriundo dos sensores:


Nossa pele está repleta de sensores de tato. Quando o indivíduo se educa para prestar a atenção às sensações que procedem de suas mãos, ele abre a sua Rede Neural primária ao surgimento de novas células nervosas e novas ligações, que vão moderando as suas percepções e as suas ações.

É exatamente desta forma que um atleta vai, através de treinos sucessivos, regulando suas redes nervosas, para possibilitar a execução de movimentos mais complexos.

O desligamento dos absolutos

O mesmo ocorre no terreno do raciocínio lógico, em que, no princípio da avaliação, as pessoas definem uma regra.

Vamos dar o exemplo das decisões judiciais. Em termos primários, se uma pessoa mata a outra, é condenada a 30 anos de prisão. Os juristas, no entanto, devem ser razoáveis, analisando os fatores que podem influenciar no contexto de um homicídio. Temos a legítima defesa, temos a premeditação, temos o homicídio executado a mando, onde o matador foi pago, e quem realmente tem a culpa é o mandante. Temos o homicídio por disparo acidental, por troca de tiros entre a autoridade policial e os meliantes, etc.

Na avaliação de um contexto, deve-se estabelecer critérios, com valores para os parâmetros, modulando-se os efeitos conforme as causas.

Um exemplo

No caso do homicídio, teríamos:

  • Intenção (o ato foi planejado, deliberado, desejado);
  • Grau de participação (executor, mandante, apoiador);
  • Grau de perversidade (a tiros, a faca, enforcado, queimado, decapitado, esquartejado);
  • Proximidade (parente, vizinho, professor, namorado, cônjuge);

A cada um foi dado um valor de entrada, segundo as seguintes tabelas:

Intenção

1Seguir para catalogar os hábitos
2Esboçar plano para matar
3Ter lista de matadores para o serviço
4Ter o matador, a arma e a munição, local, data e hora
5Matar por vingança pessoal
6Matar por vingança de terceiros
7Matar por inveja
8Matar por motivo fútil
9Matar por prazer

Grau de Participação

1Apenas efetuou a compra da arma
2Apenas serviu de motorista
3Apenas serviu de olheiro
4Deu acesso ao local do crime
5Rendeu a vítima
6Ajudou a torturar a vítima
7Atirou na vítima

Perversidade

1Matar a Tiro
2Matar a faca
3Esfaquear e deformar as feições
4Esquartejar e queimar as partes

Proximidade

1Desconhecido da vítima
2Ex-empregado da vítima
3Parente não filho(a) nem cônjuge
4Filho da vítima
5Ex-cônjuge da vítima
6Pai/mãe da vítima

Sob estes parâmetros, podemos fazer a seguinte Rede Neural ilustrativa:



A saída da Rede, resultado dos cálculos, será a pena em anos de reclusão. Vejamos então um caso, para ilustrar o uso desta rede simplificada.

Para dar a pena a um indivíduo que esboçou o plano para um homicídio (julga-se os criminosos, e não o crime), mas apenas serviu de motorista no ato, não participando do ato criminoso, e sendo completamente desconhecido pela vítima, teremos os seguintes valores para aplicar na rede:

Intenção: 2

Participação: 2

Perversidade: 0

Proximidade: 1

Façamos os cálculos, até antes da camada do meio da rede (nós laranjas)::

2 x 0.8 + 2 x 0.4 + 0 x 0.9 + 1 x 0.7 = 3.1

Apliquemos à camada laranja, denominada camada invisível de uma Rede Neural, desconsiderando qualquer equação que regule o limite de disparo dos nós.

1º nó laranja:

3.1 x 0,1 = 0.31

2º nó laranja:

3.1 x 0.2 = 0.62

3º nó laranja:

3.1 x 0.35 = 1.09

4º nó laranja:

3.1 x 0.45 = 1.4

5º nó laranja:

3.1 x 0.5 = 1.55

Somando os valores, para obter o output, ou seja, o número de anos da pena:

0.31 + 0.62 + 1.09 + 1.4 + 1.55 = 4.97

Ou seja, a pena para o meliante que fez este papel no homicídio é de 4.97 anos, ou seja, 4 anos, 11 meses e 19 dias.

Redes Neurais

O princípio de aplicação de parâmetros é fruto de um amadurecimento. É o desligamento dos absolutos, e o reconhecimento de que existem parâmetros crescentes na ordem da intensidade de influência destes parâmetros.

Este é o próprio princípio de funcionamento de nossas redes neurais biológicas no arrazoamento das questões presentes na realidade.

Conclusão

Não podemos tomar nossas decisões baseados em extremos. Precisamos dissecar um contexto em seus componentes e quantificá-los, um a um, em ordem de importância, para obtermos resultados corretos na avaliação dos problemas que encontramos, para sermos não só técnicos, mas justos.



















sábado, 10 de junho de 2017

Iniciando o estudo do Hipocampo

Os Sinais do Corpo e os Pensamentos

Nossa existência é percebida por nós mesmos na forma de Sensações e de Pensamentos. Pensamentos podem nascer (ser ativados) independentemente, ou por Sensações oriundas dos nossos sentidos (sinais de nossos órgãos internos, tato, visão, audição e olfato). Não vamos incluir a dor.

O Centro Cerebral que vamos estudar trabalha, basicamente, em conjunto, a grosso modo, com o Tálamo e com a camada de neurônios que está no topo da hierarquia da Memória e do processamento dos Pensamentos: o Córtex.

Não se preocupe se não conseguir captar todo o funcionamento da estrutura em estudo, pois este artigo fas uma apresentação para a qual o leitor terá que retornar a cada etapa do estudo.

Tálamo

O Tálamo é uma estação de "relay" (retransmissão) dos impulsos que chegam às sinapses nervosas, para que o corpo tome conhecimento das sensações do Corpo e para que possa ficar longe do perigo. Todas as sensações oriundas de nossos órgãos dos sentidos passam pelo Tálamo.

Córtex

O Córtex se constiutui de uma fina camada de 2 mm de espessura abaixo do crânio e de suas membranas protetoras, onde estão armazenadas nossas memórias. Temos o Córtex motor, Córtex visual, Córtex auditivo, e assim por diante, cada um especializado numa categoria dos sentidos.

Estando esta abordagem voltada para o estudo do Hipocampo, que se relaciona mais à memória, não vamos levar em conta as emoções processadas pelo Sistema Límbico, como colocado no post "O Cérebro e nossas opções",

Diagrama:


Nossa "visão" do mundo vem, basicamente, de nossos órgãos dos sentidos. O Tálamo tem a função de codificar as informações dos sentidos em impulsos elétrico-ondulatórios em impressões passíveis de serem posteriormente armazenadas na memória.

HIPOCAMPO

O Hipocampo é um órgão avançado, que vamos apresentar, primeiramente, como um SUPERVISOR de tudo o que entra pelos sentidos, já na forma de impulsos sinápticos (pois já foram processados pelo Tálamo), e como INTEGRADOR destes impulsos com aqueles que provém do Córtex em resposta ao Contexto e com as memórias armazenadas no Córtex, anteriormente, em resposta aos mesmos estímulos ou estímulos parecidos com os que foram detectados neste Contexto.

A primeira decisão a ser tomada pelo Hipocampo é a de distinguir se uma situação (contexto) tal como a que está ocorrendo agora é NOVA, PARECIDA com alguma anterior, ou IGUAL à que já se encontra armazenada em algum lugar do Córtex. Isto faz do Hipocampo um COMPARADOR.

Sendo o Contexto completamente NOVO, é disparado o processo de Neurogênese neste Hipocampo, que vai, segundo a Lei de Hebb (neurônios que disparam juntos se produzem ligações entre si. ou seja, formam uma pequena rede) gerar Sinapses entre os Neurônios sensibilizados pelo Contexto. Esta Neurogênese ocorre no Giro Dentado (DG).

Sendo o Contexto PARECIDO com algum anterior, o Hipocampo acusa tal situação pois faz uma checagem de PADRÕES, complementando o que falta, para não desperdiçar espaço e neurônios com algo que já existe um pouco diferente em nosso Córtex. Esta operação se assemelha muito à operação OR da Álgebra Booleana.

Hipocampo: uma "filmadora" da vida

De acordo com a visão do CCN Book, Wiki mantido pela Universidade do Colorado, o Hipocampo é uma espécie de câmera filmadora de todas as experiências pelas quais o indivíduo passa no seu dia a dia.

De acordo com o que foi citado anteriormente, em que se disse que ele é um órgão comparador, tal colocação faz sentido. Ao mesmo tempo em que ele decide se uma experiência é PARECIDA com uma anterior, ou completamente NOVA, ele complementa as redes, no primeiro caso, ou estabelece redes novas no segundo caso.

No entanto, como no correr da vida as situações do dia a dia são praticamente as mesmas ("NÃO HÁ NADA DE NOVO DEBAIXO DO SOL") , podemos dizer que o Hipocampo, na maior parte das vezes, complementa as Redes Neurais existentes.

Seria o Hipocampo nossa Unidade Central de Processamento

A resposta, devido à natureza de nosso modo de Pensar é ABSOLUTAMENTE NÃO.

Cada neurônio associado à memória armazenada, como uma lembrança de um cheiro, de um ruído, de um tipo de ambiente, de um som, de uma sequência de sons, de uma dor localizada em uma parte do corpo, é como um "link" de Internet, que faz uma determinada Rede Neural começar a oscilar. Se for uma sensação de muito curta duração, a Rede Neural vai parar de oscilar rapidamente, e a sensação vai sumir. Se a duração desta sensação tiver uma duração significativa, tal que nossa emoção do momento, ao lembrar desta sensação, seja importante para o contexto, ou seja tão importante para aquilo que somos, mesmo fora do contexto, os neurônios que se ligam a este, serão ativados, e todo o "QUADRO IMPRESSIONISTA" associado será colocado à nossa frente.

Dissemos "QUADRO IMPRESSIONISTA" porque não captamos a Realidade exatamente como ela é, pois esta conteria tantas informações que o nosso cérebro ficaria saturado em pouco tempo, e sim um esboço com o mínimo necessário para as nossas necessidades neste mundo. Quanto a isto, leia o post "O Cérebro é um Simulador".

Neste sentido, temos Neurônios como "atalhos", que disparam uma Rede Neural inteira. E Estas Redes Neurais são como processadores dispersos pelo Cérebro. Isto faz com que, mesmo com um CLOCK (nome que se dá ao relógio que marca o passo do computador) de frequência muito inferior ao de nossos computadores, tenhamos um desempenho global muito superior ao destes equipamentos eletrônicos.

Portanto, não temos um Processador Central, algo evidenciado no fato de que podemos pensar em duas ou três coisas ao mesmo tempo.

As regiões do Hipocampo

A fisiologia de um órgão como o Hipocampo se destina a ajustar as Redes Neurais de nosso Cérebro às novas condições experimentadas na Realidade.

O Hipocampo tem as seguintes regiões grosseiramente identificadas:

DG - Dentate Gyrus (Giro Dentado) - Região onde ocorre a neurogênese (geração de novos neurônios), e onde ocorre o que se chama tecnicamente de Pattern Separation (Separação ou distinção de padrões);

CA3 - Cornu Ammonis 3 - Região responsável pelo que se chama tecnicamente de Pattern Completion (preenchimento do padrão). É responsável pelo estabelecimento do Contexto Espacial das memórias episódicas;

CA2 - Cornu Ammonis 2 - Alguns veem esta área como uma região intermediária entre CA1 e CA3. No entanto, segundo o trabalho de Douglas A. Caruana, esta região tem na sua função conotações de fim social. Isto significa a modulação da memória das relações sociais, bem como o reconhecimento social (grau do vínculo afetivo, de confiança e de hierarquia no contexto). Esta área é afetada pela ingestão de cafeína. Também responsável pelo estabelecimento do contexto Temporal.

CA1 - Cornu Ammonis 1 - O papel desta região é o de atualizar e integrar a memória estabelecida na região CA3 com as informações oriundas do Cortex Entorhinal. Destas últimas duas regiões é que a região CA1 recebe as suas entradas. Especial crédito, com relação a este papel deve ser dado a Nanthia A. Suthana. Responsável pela integração do Contexto Temporal com o Espacial oriundo da área CA2.

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Bibliografia:
Comprehensive computational model for memory processing in the Hippocampus and Entorhinal Cortex - Marianne Fyhn
Hippocampal neurogenesis: Leraning to remember - Orly Lazarov, Carolyn Hollands
Relating Hippocampal Circuitry to Function: Recall of Memory Sequences by Reciprocal Dentate-CA3 Interactions - John E. Lisman
Pattern Separation, Completion and categorisation in the Hippocampus and Neocortex - Edmund T. Rolls







sábado, 13 de maio de 2017

Os modelos primários de nossa matriz de pensamento no Cérebro

Introdução

O empirismo das ciência chamadas Psicologia e Psiquiatria sempre nos apresentou o par PAI e MÃE como algo essencialmente afetivo. Porém, com o estudo atual profundo das estruturas, circuitos e interações do Sistema Cerebral, a coisa mudou um pouco de figura, em direção a algo mais técnico.

O que nos dizia a Psicologia

A psicologia costuma associar o pai ao conceito de Autoridade e a mãe às ideias de proteção, alimentação de nós como bebes, amor maternal e a outros valores, todos definidos em torno do afeto e do contato físico. Freud achou nas mães as culpadas ideais para todo o tipo de trauma que o indivíduo apresentasse.

O Córtex Cerebral armazena modelos

Por meio de nossos sentidos, e isto é mais verdadeiro e evidente quando somos bem crianças (abaixo de 7 anos), apreendemos (melhor que usar aprender neste momento) 2 imagens bem definidas: pai e mãe. Os dois brincam conosco, disputando qual a denominação que vai sair em primeiro lugar de nossa boca: "papá" ou "mamã". Mesmo sem entender os profundos conceitos por detrás destas duas pessoas queridas, vamos perceber que um tem feições daquilo que conheceremos como HOMEM, e outro tem feições daquilo que entenderemos como sendo MULHER. Esta última será, em caso de possibilidade de nos amamentar, o nosso primeiro conceito de fonte de alimentação.

Após efetivado este relacionamento, teremos armazenado em nosso Córtex Cerebral, armazém da nossa Memória de Longa Duração (Long Term Memory - LTM) parte dos conceitos de Homem e Mulher, com suas definições constantes no Córtex Visual. Aqueles modelos de aparência serão uma referência basilar para toda a nossa vida.

O Córtex acrescenta diferenças

O Córtex cerebral é o armazém de conceitos e ideias que compõem a nossa "biblioteca" fundamental para consulta e apoio na condução de nossas vidas.

Para compreender o segundo princípio de funcionamento do Córtex Cerebral, vamos introduzir na vida desta criança em questão um tio. É muito conhecida a reação da criança quando apresentada a um tio por parte de pai. Ela olha para o rosto do tio e para o rosto do pai, repetindo esta inspeção algumas vezes. Esperamos que os dois tenham alguma semelhança pelos fatores genéticos.

A criança não é boba. Ela faz isto porque seu cérebro, vendo dois seres diferentes, quer procurar o sentido daqueles dois que são bem parecidos. Ela não tem nem ideia do que é o conceito de TIO (irmão de pai ou de mãe). Mas sendo tio por parte de pai, será um pouco ou muito parecido com este último, gerando a interrogação no Cérebro da criança.

E a visão, um dos sentidos mais desenvolvidos e utilizados pelo ser humano, vai achar uma diferença, e se a criança tiver muito contato visual com este tio, vai armazenar em sua memória a diferença deste tio para o Pai, pois tendo a primeira imagem masculina já armazenada, não é preciso armazenar um novo modelo de aparência masculina para contemplar a imagem do tio.

Não é preciso nem provar que este tipo de abordagem por diferença vai economizar um bom esforço de memória. Para se ter uma ideia do mundo concreto atual, não seria possível armazenar filmes e vídeos de 2 horas de duração sem este princípio de abordagem das diferenças. No início de cada cena, é guardado um quadro com o cenário (keyframe). A partir daí, até o fim da cena no mesmo lugar, apenas as diferenças são armazenadas. Por exemplo, uma bola vermelha "quicando" em um parque. A cena do parque é armazenada. Depois apenas o movimento da bola é gravado.

Os modelos mais comuns

Algumas cenas do cotidiano são absolutamente previsíveis. Uma sala, uma cozinha, um escritório, uma sala de espera, um parque, um zoológico, uma praça.

Se você entra no escritório de uma empresa, ou em um escritório em algum prédio, ou em um banco, ou em um local de atendimento com guichês, as diferenças conceituais são poucas. Todos tem em comum as divisórias, mesas, pessoas sentadas e um computador à sua frente. Portanto, cabe ao Cérebro apenas armazenar a impressão inicial (provavelmente do primeiro ambiente que mais provocou a sua emoção em sua vida, como o escritório/consultório do pai) e alguns detalhes que diferem um do outro, como a pessoa que mais chamou a sua atenção em cada um (pois vamos a determinados lugares desta natureza para encontrar alguém bem específico).

Nosso Cérebro não armazena um filme de toda a nossa vida, e sim cenários com impressões visuais, olfativas e auditivas, as quais são sobrepostas aos registros iniciais de padrões previamente armazenados durante nosso crescimento.

Modelos e o Tempo

Vamos a um exemplo bem ilustrativo de como estes modelos vão mudando de acordo com o Tempo, porém mantendo uma identidade primitiva. Falamos dos escritórios como um modelo. Quem viveu nos anos 80 e também o início da Era da Informática (meados dos anos 90), viu o modelo de escritório mudar um pouco. As mesas foram substituídas por módulos com divisórias e as máquinas de escrever por microcomputadores. Mas o modelo se manteve: pessoas e um equipamento com teclado.

Eventos e Modelos

Os acontecimentos, notadamente os anunciados em noticiários, são praticamente os mesmos, podendo se encaixar nos seguintes modelos:
- Inaugurações;
- Edição de novas leis;
- Manifestações;
- Homicídios;
- Prisões;
- Anúncio de novo filme ou novela,
- Anúncios de mercadorias.

Ou seja, mesmo em termos de fatos, o universo de modelos é bem restrito.

Conclusão

Após esta exposição, conceitual apenas, o leitor vais observar que o Cérebro não precisa de muito esforço para memorizar o mundo. As ordem das coisas no espaço, e mesmo os acontecimentos, obedecem a um padrão. É a observação pessoal que faz com que elas possam ser armazenadas distintamente, baseadas no conhecimento intrínseco da pessoa, que vai adaptando aos modelos que conhece, as coisas que lhe são apresentadas.

sábado, 6 de maio de 2017

O Cérebro e nossas opções

Estou vivo

Este nosso sentimento de ESTARMOS VIVOS assistindo, ou participando, ou mesmo determinando dos Eventos deste mundo orbita sempre em torno de:

1. Estou gostando da situação;
2. Não estou gostando da situação;
3. Não estou gostando da situação, mas vou continuar nela, pois é minha única opção;
4. Não estou gostando da situação, mas vou continuar nela, mas vou procurar uma forma de mudá-la;
5. Estou gostando dela, e farei tudo para que ela continue assim, pois é minha sobrevivência que está em jogo;

O dilema do Cotidiano

As opções de vida apresentadas no item anterior (“Estou vivo”) traduzem a oscilação de nossos estados emocionais, e podem ser encaradas como o DILEMA DO COTIDIANO. Faço, não faço, deixo como está, procuro alterar ou procuro evitar que alterem ? Quem vai ditar a ação na direção de uma destas opções é o nosso ESTADO EMOCIONAL. Em certos momentos, podemos optar pela opção 4, outras pela opção 5, mas na maior parte das situações somos tomados pelo comodismo, e caímos na opção 3. A maior parte das pessoas está limitada a esta opção.
Decisão e Solidariedade
Uma sexta opção seria:

“6 - Estou gostando da situação, porém existem muitos que não estão gostando dela, e vou colaborar para que ela mude”.

Esta é uma emoção que vai mobilizar o Centro Executivo do Cérebro deste indivíduo em particular, e vai fazer com que ele, mobilizado pela Solidariedade, tome uma Decisão firme. Este é o tipo de indivíduo que vai usar seu Cérebro de forma mais nobre.


Racionalidade

A Racionalidade permeia as Decisões pelas opções que mais se adaptam ao indivíduo, em seu Estado Emocional corrente, conjuntamente com os Conhecimentos que auferiu até este seu momento da vida.

Podemos ter um indivíduo que gostaria de escolher a opção 4, no entanto não tem os Conhecimentos suficientes em seus bancos de ideias (Memória). Outro indivíduo pode ser um perverso que entende a opção 5 como forma de impedir que outros tenham acesso a uma situação de bem-estar, pois pode ser que os outros consigam e ele não ou, pior ainda, lhe dá gosto negar o bem-estar aos outros, pois não os acha dignos.

Uma Racionalidade pura e lógica de escolha do indivíduo seria a Opção 6. Ela dita um comportamento de construção de uma Sociedade e de uma Civilização autêntica. Ela extrapola os limites do Cérebro individual e constrói a consciência coletiva.


Humanidade

Então temos de um lado as opções puramente Emocionais e do outro lado a Racionalidade Pura. Nem um nem outro é um comportamento humano, individual. O verdadeiro Comportamento Humano é resultado de um balanceamento entre as Emoções e a Racionalidade, que tem como modulador o nosso Histórico Pessoal, gravado em nossa Memória.

O indivíduo estritamente Emocional é como uma bomba relógio. O exclusivamente Racional é um chato, um “mister Spock”. O humano é aquele que tem Emoções mas tem um certo Controle sobre elas, resultado da vivência de uma série de experiências (Memória), que lhe dão uma noção estimada dos riscos que se apresentam nas situações a que é exposto.

Fisiologia Cerebral

Em termos de órgãos do Sistema Cerebral, apresentamos a seguir os responsáveis para cada atribuição citada:

Emoções – As emoções tem um Sistema dedicado, denominado Sistema Límbico, cujo principal componente é a Amígdala. Algumas memórias de alta importância são armazenadas na Amígdala, por estarem muito ligadas à sobrevivência do indivíduo.
Histórico – Fica distribuído pelas diversas partes do Sistema Cerebral, de acordo com a sua natureza: auditiva, visual, motora, etc. A este histórico damos o nome de memória.
Racionalidade – O centro absoluto da Racionalidade é a última região a amadurecer do Sistema Cerebral. Trata-se do Córtex pré-frontal.

A Humanidade também vem da Racionalidade do Córtex pré-frontal em disputa com as Emoções do momento e com o Histórico da pessoa.

Este é o princípio geral da Humanidade, ou seja, um balanceamento dependente do contexto em que o indivíduo está, que lhe desperta determinadas Emoções, mas que ele procura superar utilizando o seu Histórico (currículo de vida) e avaliar com a sua Racionalidade o quanto pode passar por cima de suas Limitações no momento com o seu Conhecimento.

A Humanidade depende do momento. Não estamos discutindo Caráter. O Caráter é contínuo, mas não é capaz de ditar a ação em momentos críticos, em que há limitações por absoluta ausência no Histórico da pessoa de Conhecimentos para superar as dificuldades apresentadas no momento. Em um exemplo exagerado, o sujeito pode ter um Caráter decidido, mas não tem força e nem um guindaste apropriado para remover uma rocha de 700 toneladas que está em seu caminho.

Conclusão

O Cérebro nos faz mais do que A MÁQUINA MAIS PERFEITA DO UNIVERSO pois nos dá opções e utiliza bilhões de históricos de vida diferentes. Ele nos torna, por vezes, imprevisíveis, para que não sejamos vistos como meros robôs.

sábado, 15 de abril de 2017

O Cérebro e os seus componentes funcionais

O cérebro é mais do que um órgão. Ele é um Sistema. É o Sistema mais bem concebido sobre a a face da Terra.



Amígdala - A amígdala é o órgão sentimental do Sistema Cerebral. É o processador de emoções, e fixador de memórias.
Cerebelo - É o processador principal de nossos movimentos corporais.
Corpos Mamilares - Responsáveis pelos sentimentos de afeto e cuidado para com os outros.
Córtex pré-frontal - Órgão executivo do Sistema Cerebral. Responsável pelo planejamento e previsão.
Córtex Entorrinal - Responsável pela memória e pelo sistema de navegação cerebral.
Hipocampo - Integrador de todas as áreas do Sistema Cerebral relacionadas à memória e à sua formação, além da consolidação do aprendizado.
Hipófise - Glândula controlada pelo Sistema Cerebral que dá as ordens ao Sistema Endócrino.
Hipotálamo - Órgão do Sistema Cerebral que dá as ordens à Hipófise, controlando, através dos hormônios secretados por esta, o Sistema Endócrino.
Ponte - Responsável pelo sono e pelo despertar.
Subiculum - Tem um papel não totalmente esclarecido na navegação espacial, no processamento mnemônico e no controle da resposta ao stress.
Tálamo - É um centralizador dos estímulos oriundos de nossos sentidos, além de regulador das respostas de vários órgãos do Sistema Cerebral.

Algumas observações

Os órgãos do Sistema Cerebral não trabalham em separado. Se dissemos que a Amigdala é o "órgão sentimental", foi apenas para uma identificação de seu principal papel. No entanto, este órgão é que determina o "peso emocional" de uma nova memória. Em outras palavras, nossas memórias, assim como nossos movimentos e decisões, recebem um estímulo complementar, do grau de emoção com o qual tem que ser guardados, executados ou lembrados.

De forma semelhante trabalha o Córtex pré-frontal. Além de ser nosso centro executivo, ele também atua no momento da recuperação das memórias, alimentando o Hipocampo de informações quando, por exemplo, precisa processar as interações sociais do indivíduo, dizendo como ele deve agir, baseado em sitiuações anteriores e nos códigos reconhecidos de conduta aceitáveis.

O Hipocampo é mais do que um processador da memória e do aprendizado. Ele conecta quase todos os órgãos do Sistema Cerebral, possibilitando a correta regulação das respostas que serão dadas em cada situação. Alguns artigos (papers) classificam o Hipocampo como um "integrador" de fatos, episódios, conceitos e emoções, decidindo se vale a pena armazenar tais informações, com base no peso da emoção associada.

O cérebro não tem uma CPU

Em nosso comportamento diário, podemos ter ações físicas ou então puramente pensamentos. Não existe um processador central que dita o que fazemos ou pensamos. Cada neurônio (unidade funcional cerebral) pode iniciar uma série de pulsos, em qualquer parte do cérebro, sensibilizando tantas outras, para iniciar um processamento. E para cada processamento, muitas áreas interagem, seja na leitura, seja na escrita, seja na execução de um movimento, seja na interpretação de um som ou de uma visão.

Esta característica torna o cérebro bem superior a qualquer máquina. Mesmo os supercomputadores estão distantes de atingir as cifras cerebrais, como:

- Bilhões de neurônios;
- Até 10 mil ligações possíveis entre um neurônio e seus vizinhos;
- Trilhões de sinapses (ligações entre neurônios);
- Variação de comportamento de disparo, conforme o neurotransmissor selecionado;

A vocação do cérebro

Pela sua natureza e avidez por efetuar ligações, o cérebro de uma pessoa sem problemas mentais aparentes quer aprender o tempo todo, fazendo novas ligações e modificando as anteriores (plasticidade).

Conclusão

Este artigo não tem uma conclusão, pois apenas levanta alguns dos componentes funcionais do Cérebro, e procura caracterizar o equipamento mais capaz do planeta.


sábado, 30 de janeiro de 2016

Impulso de repetição - Vício - Percepção de Intenções e Espírito de Emulação

Método

Vamos explicar o Impulso de Repetição (raiz dos vícios) através de um contexto muito comum do relacionamento entre homens e animais.

Axiomas

A função de alimentação é, senão o mais importante, um dos mais importantes impulsos do instinto animal. Jogue qualquer coisa comestível, ou aparentemente comestível, para um animal, e ele vai em direção a tal coisa. Tal fato se explica pelo estímulo dos centros de PRAZER do animal, coisa que também podemos estender para o homem.

Situação apresentada

Você acabou de dar uma torrada, mesmo sem manteiga, patê, ou qualquer complemento, ao seu cão. Como elucidamos, a alimentação é uma das fontes de Prazer, senão a mais importante, para os animais.

Após consumir com voracidade a primeira porção que você lhe deu, o animal volta rapidamente, e se posta estático à sua frente, fixando o olhar em sua direção, em óbvia atitude de "quero mais".

A explicação para tal atitude é simples. Como aquilo que o animal acabou de fazer foi PRAZEROSO, ele quer REPETIR o evento anterior, voltando à FONTE de onde veio o OBJETO DE PRAZER.

E como foi você, o dono dele (em nosso linguajar) que deu este Objeto de Prazer, ele se posta à sua frente. E no entendimento do cão, ele espera que SEMPRE haja mais. E se espera que SEMPRE haja, sua atitude é REPETIR o ritual que deu origem ao PRAZER.

Repetir

Pelo exemplo do cão, constatamos uma das origens da Repetição: a busca do prazer. A consequência é aquilo que conhecemos como VÍCIO. Nossa própria vida é um estabelecimento constante de rituais, hábitos, para estarmos constantemente Repetindo comportamentos e procedimentos.

No âmbito mais profundo, REPETIR é o processo de manutenção de uma Rede Neural. Quando esta Rede Neural percebe que está sendo pouco irrigada (de sangue), ela clama por estímulo, para ser alimentada (de nutrientes). E isto é tanto mais verdadeiro quanto mais a Rede Neural está conectada aos órgãos e sistemas que trazem prazer.

Prazer

Vamos dar o exemplo do Prazer Sexual, no topo do ranking dos prazeres. Já viram o que um homem ou mulher é capaz de fazer para obter o Prazer Sexual ? Alguns enterram a sua vida e seus recursos em troca deste prazer.

Espírito de Emulação

O Espírito de Emulação é o que poderíamos chamar de "Fonte de Prazer por Ricochete". O indivíduo observa o outro, e detectando pela sua linguagem corporal e emocional que este outro parece estar auferindo prazer, pois é tão humano quanto ele próprio, também quer Repetir o ato observado, para usufruir do mesmo Prazer.

É o que acontece com drogados, motoristas de rachas, etc.

Conclusão

Pelo próprio observar de nosso Universo, com numerosos ciclos repetitivos, constatamos a raiz mais comum dos atos da vida, seja de um homem, seja de um animal: a repetição.





quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Diminuição da capacidade de raciocínio - Renascimento da Lógica Concreta

O pensamento dominante das pessoas foi sempre o de que o Raciocínio Humano vem melhorando com o tempo. Isto é produto de uma falsa ideia de que tudo Evolui com o tempo.

Maquiagem dos Tempos

Esta ideia nasceu e cresceu de um Materialismo Visual das pessoas. Ao caminharem nas ruas ou circularem em seus veículos elas enxergam uma multidão que se locomove em veículos modernos, usa celulares, trabalha em prédios modernos, bonitos, limpos e em escritórios com a última palavra em tecnologia de transmissão de informações.

Nossos veículos falam, calculam o consumo de combustível do momento, andam em vias com semáforos sincronizados, com mostradores eletrônicos informando se existem vias próximas congestionadas, etc.

Ao chegar em casa a pessoa dispõe de Smart TV, ligada por WiFi ao seu roteador e à Internet. As drogarias oferecem medicamentos de última geração, e os hospitais tratamento para todas as doenças. Neles são feitas microcirurgias inimagináveis a 10 anos atrás.

Mas este "aparente" progresso não é uma realidade tão equilibrada. As gerações anteriores lutaram para colocar tudo isto aí para que outros mantivessem e, mais que isto, melhorassem o existente de forma compatível com o andar dos tempos.

O que se observa, no entanto, é uma crise até na manutenção do que está aí. O número de indivíduos cresce, e a qualidade do serviço oferecido cai. Seria somente por causa do crescimento populacional ?

Evolução individual do Raciocínio Cognitivo

O Raciocínio Cognitivo trata da forma como o ser humano adquire e trata os conhecimentos, transformando-os em conhecimentos derivados. Esta evolução obedece aos princípios enunciados por Piaget, e que coincidem extraordinariamente com os resultados observados em 70 anos de experiências.

Os principais estágios para fins do nosso artigo são os compreendidos entre 7 e 12 anos e 12 anos em diante.

Aos 7 anos, em média, surge um senso de proporcionalidade, onde a criança consegue perceber qual recipiente tem maior volume, sem ser enganada por uma só dimensão (notadamente a altura). A criança é capaz de coordenar pontos de vistas diferentes e integrá-los, porém ela SÓ CONSEGUE IMAGINAR SITUAÇÕES PASSÍVEIS DE SEREM REPRESENTADAS CONCRETAMENTE.

Após os 12 anos, a criança consegue raciocinar com hipóteses e formar ESQUEMAS CONCEITUAIS ABSTRATOS.

Os caminhos do Raciocínio

Sem muita teoria, vamos direto a algum parâmetro que possa servir de indicador para o Raciocínio Humano. Se a maioria acredita que se deve procurar a nata dos pensadores nos meios mais tecnológicos, como a Internet, ela está fragorosamente enganada.

E se acreditarmos que o Raciocínio vem evoluindo com os tempos, encontraremos um desestímulo a esta evolução justamente no conforto que vem sendo oferecido às pessoas. É a dificuldade que excita a busca por novas soluções para velhos problemas, ou soluções para novos problemas.

Um dos maiores períodos de evolução tecnológica foi a 2a. Guerra Mundial. Os tanques de guerra, explosivos, dispositivos de comunicação, radar e a ciência nuclear tiveram de crescer em apenas 2 anos (entre 1941 e 1945), pois a Alemanha estava exercendo uma atividade extremamente predatória em torno de seu território original.

Constatação a partir de diálogos em Redes Sociais

Mostramos o esperado em "Evolução Individual do Raciocínio Cognitivo", e no tópico anterior a eficácia prevista comprovada no período da 2a. Guerra Mundial.

Coletando dados para medir a adequação dos períodos previstos por Piaget nos fóruns de discussão disponíveis na Internet, notamos uma não adaptação da geração dos anos 80 e 90 (notadamente esta última) ao previsto por Piaget. Parece que estas gerações, por motivos não levantados neste estudo, estacionaram na fase do Raciocínio Concreto.

As metáforas não são mais entendidas, mas levadas ao pé da letra. Ideias complementares estão sendo chamadas de contradições. Por exemplo, em um depoimento sobre um assalto, uma pessoa vê a entrada dos assaltantes em uma padaria. Uma segunda pessoa vê a saída de somente um. O ocorrido foi a morte de um dos assaltantes no interior da padaria.

O policial que fez o BO (Boletim de Ocorrência) documenta por escrito que existe contradição entre os dois depoimentos, pois, por preguiça, não entra na padaria. Depois, o dono da padaria, vendo que os policiais estão entrando na viatura, corre para dizer que é preciso recolher um corpo estendido no chão da padaria. O policial, que já tinha anotado os dados, por preguiça, não altera o BO, mas chama o IML.

As interpretações que vemos na Internet são deste tipo, inexato, apressado e preguiçoso.

Outro exemplo ocorre nos fóruns bíblicos, excelentes para se extrair comportamento e níveis de interpretação. Em uma determinada discussão, lemos:

"os reis da época em que se diz que jesus nasceu é muito diferente primeiro em mateus cita herodes que nasceu em 73 ac e morreu 4 antes de cristo e aparece 4 anos depois, em lucas não herodes e julio cesar que tambem não tem nada ver ja ele nasceu em 100 ac e morreu 44 ac"


Vejam a citação a Júlio César. O texto de onde o leitor da Bíblia que escreveu isto cita somente César. César é um título, epíteto, utilizado em vários livros. O leitor leu César, procurou na memória a referência ao nome, e achou Júlio César, um imperador em particular, que de tão notório originou o título. Em russo Kzar surgiu por causa deste César. E daí, montou esta interpretação inexata, sem levar em conta a metáfora feita.


Mas o exemplo a seguir mostra a que ponto a idiotice humana pode chegar:

"Não há quem não fique extenuado com a enfadonha falácia de fanáticos que usam as belezas naturais para justificar a grandeza de Deus. Quando eu nasci tudo isto já existia, portanto, não serve de referência para provar a existência de um criador. "

Acreditem, isto está escrito em um livro "Uma ilusão chamada Deus" de Carlos Alberto Costa. Na própria parte grifada em vermelho, ao dizer que nasceu, ele já deveria compreender implicitamente que ALGUÉM criou o que ele passou a ver. Ele acha que o Criador só começou a agir depois da existência dele como observador. Qualquer físico daria bomba em algo tão barato.

Outro tipo de constatação que demonstra a pobreza de interpretação dos jovens e até de alguns adultos é sobre a serpente que tentou Eva no Paraíso, tradição escrita e tão conhecida. Isto já gerou comentários como:



"Não posso acreditar num livro em que cobras falam"

Ora, um leitor deste tipo não quer se dar ao trabalho de examinar o contexto histórico da afirmação. Se a palavra serpente se referia a uma cobra ou animal que, por ser desconhecido na época da documentação, foi chamado de serpente.

Esta é a confusão que pode surgir de nomes gerais, como camelo. Existe também dromedário. Jacaré, pode ser tanto um crocodilo, um alligator, quanto o leviatã da antiguidade.

Também temos o famoso caso de Pôncio Pilatos. Se o leitor interpretar "lavar as mãos" como realmente jogar um pouco de água e sabão nas mãos e depois enxugar, ele está longe de se tornar um adulto.

Vejam um exemplo extremo, que revela uma abordagem simplista e quase infantil. Tenho vergonha de ter que reproduzir algo deste tipo aqui, mas é necessário para nossa demonstração:

Para que deus criou os virus se foi pros macacos ou pros humanos foi Deus que criou!
Que deus burro fazer doenças em macacos sem pensar que poderia transmitir os vírus ao homem. Deus burro que fez doenças 


Vejam a abordagem infantil. Se tanto se fala em ciência, o homem deveria se atualizar. Claro que vírus transferem fragmentos de DNA (código genético) para o homem, melhorando e adaptando o sistema imunológico ao mundo em que vivemos. Da mesma forma, os mosquitos trocam fatores sanguíneos entre os indivíduos, tornando-o mais adaptado ao meio.

Mas se o homem perpetra o ato sexual com um animal, e recebe um vírus destinado à melhora da raça deste animal, e a contaminação é deletéria, a culpa não é da natureza, nem de Deus e nem do macaco. A culpa é do homem.

Estas situações mostram o grau de raciocínio próximo do concreto, e a preguiça de raciocinar. Isto é a transformação da mente pensativa em mente meramente REATIVA. Estamos nos degradando. Estamos involuindo.

Na educação de filhos

Já pensou se toda mãe que ouve o filho entre 5 e 10 anos lhe dizer "eu te odeio" levar esta frase a sério ? Em breve não teremos adultos, e uma multidão de mulheres estará presa por infanticídio.

Antigamente, quando os homens eram honrados, o homem que se casava com uma mulher que já possuía filhos, cuidava destes como se fossem seus. Hoje, além de falarem, sem cansar "não é meu filho, é meu enteado" ou "não é minha filha, é minha enteada", ou "os filhos da minha mulher", ainda tem coragem de violentar as enteadas, ou matar os enteados. Até umas três gerações atrás, o homem já construía uma nova realidade em sua mente, metaforizando "agora são meus filhos".

O Raciocínio Concreto de hoje leva os homens a "deixar claro" para a sociedade, que enteado ou enteada não são filhos. Este tipo de raciocínio é perigosíssimo para a sociedade.

Os Sofistas

As primeiras escolas filosóficas tentavam compreender o mundo ainda impregnadas do elemento religioso. O pensamento e as primeiras tradições para se explicar as coisas viera, do oriente. O maior expoente da filosofia grega, Sócrates, afirmava este valor da religião para a filosofia, e criticava os Sofistas por tentarem explicar a razão das coisas por pura lógica. Ele pregava que o afastamento da filosofia da espiritualidade só serviria para produzir céticos. A "involução" final do cético seria o escarnecedor, e Sócrates alertava para o fato de que isto destruiria a sociedade.

Para se ter uma ideia do modus vivendi dos sofistas, eles foram os primeiros advogados PAGOS. Os efeitos de sua forma de pensar se refletem no estado em que se encontra o par justiça/impunidade no Brasil. São tantas as desculpas e recursos, com argumentos falaciosos, que criminosos perigosos são soltos.


Mas se hoje alguém se levanta e argumenta que lógica é pura razão, esquece que existem costumes na razão que julga outrem ao atentar contra a sociedade. Se esta última existe, e foi formado um comportamento que veio de um direito consuetudinário, e este foi feito lei, então isto significa que nossos vínculos de sociedade, que incluem crenças também devem ser levados em conta. E os Sofistas talvez chamassem isto de Sofisma Social. Mas qual o problema, se esta também é a tática deles. O que observamos é que quanto mais o homem se afasta das crenças religiosas, maior precisa ser a grossura dos compêndios jurídicos.

Segundo Radamés Manosso, o Sofisma é um enunciado falso que parece verdadeiro numa compreensão superficial. Percebe-se o Sofisma quando não existe a aplicabilidade dos argumentos ao verdadeiro contexto da Verdade que inspirou o enunciado. A forma mais primitiva de Sofisma seria ignorar completamente uma metáfora, encarando a coisa colocada como uma verdade literal.

Um exemplo é o "Faça-se a luz" do livro de Gênesis na Bíblia, texto que os leigos interpretam como a luz produzida por corpos incandescentes, como o Sol. O argumento concreto é de que a Luz não poderia ser feita antes do Sol, que só apareceu no terceiro dia. Isto é um raciocínio concreto, que ignora a lógica e os valores judaicos, ou seja, ignoraria a metáfora. Para eles e os antigos que saíram de correntes monoteístas, Deus já era a Luz. Para a interpretação factível pelos gregos, Deus já era o Verbo.

Estes exemplos se prestam mais à situação por estarem em um contexto em que as metáforas eram muito mais utilizadas. O Ocidental foi abandonando o seu uso. O humor ocidental era repleto de metáforas, mas foi abandonado em função do humor visível, através de vídeos, pois estão muito mais próximos da forma de pensar atual. Hoje, tudo é visual. O gosto pela leitura caiu drasticamente.

Semiótica

A Semiótica é a ciência dos sinais, ou seja, a representação dos valores por símbolos. Isto é fundamental para que o indivíduo possa, por meio do que já conhece, dar significado ao que lhe é apresentado. Ela lida com conceitos e ideias. E quando estas são abstratas, a dificuldade é bem maior.

Vamos supor o aluno de Legislação em uma Auto-Escola (ou Centro de Formação de Condutores). O instrutor lhe apresenta a placa com o símbolo de proibido estacionar (um "E" cortado por um traço vermelho). Ele vai precisar interpretar dois simbolismos: (1) A letra "E" como um significando da palavra Estacionar e (2) o traço diagonal vermelho (significando) indicando (significado) proibição.

Estas duas interpretações apresentadas, envolvem o Raciocínio Cognitivo. Mas a interpretação da Placa pode ser considerada semi-abstrata. Vamos examinar uma entidade abstrata e seus significados e significandos. Vamos examinar a Autoridade (significado). Quais os significandos de Autoridade ? Pode ser o pai (primeira por excelência), a mãe, o presidente da República, o Governador, o Prefeito, etc. Mas existe um menos palpável, e por isto esquecido: A Lei.

A Lei não é uma pessoa. Ela está contida num compêndio, no caso Brasileiro, composto pela Constituição, Código Civil e Código Penal, além de alguns tantos Estatutos (da criança, do idoso, do consumidor).

Para os praticantes da Lógica Concreta, a Lei seria algo difícil de se perceber. A Lei é a essência da Autoridade e, erroneamente, as pessoas tomam o guardião da Lei, ou seu representante (Presidente, Governador, Prefeito, Policial) como a Autoridade, e isto não é verdade.

É este o nível de abstração que se exige de um adulto. Neste ponto, regredimos como pessoas.

O que aconteceu ?

Mas quais as explicações para a queda da capacidade de raciocínio ?

A discussão a nivel mundial implicaria em analisar usos e costumes de cada país, sistema educacional e impacto da tecnologia. Vamos nos ater ao Brasil.

A Reforma do Ensino anterior aos anos 70 retirou o ensino de grego e latim das escolas. O ensino do grego facilitava a correta colocação dos termos gregos no contexto filosófico em que foram concebidos. Já o latim, pelo uso de prefixação e sufixação para flexão, forçava o raciocínio dos jovens, e eles tinham que dedicar mais horas ao estudo desta língua para dominá-las. O latim é quase uma língua matemática. Pois bem, retiraram as duas.

Na matemática, as demonstrações verbais de teoremas geométricos também foram reduzidas. Ora, estas demonstrações, além de mobilizar mais permanentemente a memória, desenvolviam a disciplina para se expor sequências de raciocínios. A régua de cálculo, instrumento que precedeu a calculadora eletrônica, exigia uma quantidade razoável de memória humana, para a manipulação das casas decimais, desenvolvendo a mente de quem trabalhava com ela (e nesta época os prédios não caíam).

Com estas alterações, aluno não precisava estudar mais tanto tempo. Menos tempo de estudo, mais ócio intelectual. Mas a explosão de tecnologia dos anos 80 acabou de "reformar" o ensino e a rotina dos alunos de vez. Computadores ajudaram a memória e os centros de raciocínio humano a relaxarem. O resultado: mentes preguiçosas. E com os programas úteis vieram os jogos e redes inúteis (para desenvolver raciocínio). As mentes foram abduzidas pela máquina.

As redes sociais tem o potencial de abduzir seus usuários e nivelar os raciocínios pela média. Então a média vira o parâmetro de conhecimento. Não é novidade para ninguém a proliferação de besteiras e falsas verdades na Internet. Jovens se cercam das verdades que eles CONSEGUEM CAPTAR. Se não conseguem, reputam as mesmas como mitos e inverdades. Isto é melhor explicado no artigo "Diagnóstico do Início do Século XXI". Mas isto só perdura até o momento em que o jovem entra no mercado de trabalho, no entanto, os níveis de sofrimento para queda de suas falsas convicções são variáveis em intensidade e em novas consequências.

O mundo visual, o crescimento dos recursos midiáticos, REDUZIU drasticamente a capacidade das pessoas de produzirem símbolos não visíveis em sua mente. Se algo não puder ser representado em um vídeo do Youtube, dificilmente será aceito.

Imaginem o caso da divindade, expressão abstrata de último nível. Impossível. Deus não pode ser filmado em uma entrevista. Portanto, nunca poderá ser aceito sem ser visto.

Conclusão

O ser humano precisa voltar a procurar maneiras de representar as entidades abstratas em sua mente, e isto só se adquire por meio da leitura, pois ela estimula a produção de significandos mentais para as ideias apresentadas no mundo em que vivemos.







sábado, 4 de outubro de 2014

A leitura é como uma vacina

Muitos educadores estão apavorados com o nível de rebeldia, agressividade e oposição aos valores espirituais desta geração que nasceu os anos 90, e que hoje tem entre 24 e 34 anos.
Como rebeldia e agressividade são naturais da adolescência (e a do brasileiro dura até cerca de 32 anos) ou da fase de imaturidade típica dos 20 aos 30 anos, precisamos recorrer ao terceiro fator citado:

a espiritualidade

Mas não  existe um aparelho com um mostrador digital do coeficiente de espiritualidade de um indivíduo. Então, temos que recorrer aos indicadores intelectuais, expressos em opiniões pessoais.

O melhor instrumnto de medição da espiritualidade é a Bíblia, por se tratar de um livro religioso altamente polêmico, com situações que chocam os jovens, como:

Adão feito do barro;
Uma serpente que fala, sugerindo uma sessão espírita;
O dilúvio universal (chuva em proporções exageradas);
Milagres de Jesus
Numerosas mortes no antigo testamento;

Os discursos baseados em Responsabilidade Social, Paz e outras formas aparentemente aceitáveis de dominação cultural, oriundos da Comunidade Européia e dos Estados Unidos estão inundando as escolas e as empresas. A comunicação no Brasil surte mais efeito do que as guerras. O Brasil está se alinhando com países mais de esquerda, e os países capitalistas não querem perder a sua influência política. Então todos estes discursos teóricos influenciam nossos jovens, que os tomam como bandeira de oposição ao sistema.

Mas por que estes discursos tem tanto êxito no Brasil ? Porque nossos jovens, ao contrário da geração de 70, não possuem princípios filosóficos. A ênfase e o apelo da mídia é o consumo. O momento histórico encontra toda uma rede de consumo estabelecida com Shoppings e Internet via celular para fazer a propaganda.

O resultado no campo espiritual é uma legião de jovens que pesqusa a Bíblia para negá-la. A pesquisa pode ser pela Internet, e eles acabam lendo trechos razoáveis para atingir um veredito. Isto é positivo no aspecto de desenvolvimento da critica. E ao fazer isto, o jovem, querendo ou não, toma contato com o "VÍRUS DA FÉ", pois a Bíblia foi escrita de uma forma a penetrar na mente de quem a lê. Não é possível identificar o que a faz ser assim, mas experimentalmente se observa o quanto indivíduos que a odeiam sabem citar versículos dela.

O Vírus

Se a pessoa entende o que está escrito, a penetração é pela comprensão automática. Se não compreende, a  forma de expressão um tanto enigmática do texto bíblico provoca questionamento, que é como aquela música que você ouve e não consegue esquecer.

E se o leitor fica indignado pelo aparente absurdo do que está exposto (milagres, coisas fora do senso comum), sua contrariedade alimenta s centros emocionais do cérebro (amígdala) e a fixação da memória é mais eficiente. Dificilmente ela conseguirá esquecer o trecho lido e o absurdo expresso.

As história bíblicas, verdadeiras ou falsas, lendárias ou míticas, são como o virus do filme "Resident Evil", mas que seriam chamados de "Resident Good", com alto poder de influência.

O próprio diabo ficou contaminado por elas, e tentou utilizá-las para iludir Jesus, sem êxito. Ele mesmo, o diabo, se tornou uma vítima do vírus bíblico.

Conclusão

Obras bem feitas, reais ou fictícias, tem efeito permanente sobre a mente humana, como uma vacina.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

O cérebro e a Aprendizagem

O mistério dos mecanismos biológicos do aprendizado foi finalmente descoberto como resultado dos trabalhos do cientista Austríaco Eric Kandel.

O que acontece quando você está estudando um novo tema, e tem aquela sensação de que ENTENDEU a coisa explicada.

As Unidades fundamentais

Seremos os mais sucintos para descrever o mecanismo baseado em conhecimentos que a média do público tem sobre o sistema nervoso. A figura a seguir mostra duas células nervosas (neurônios) que, de alguma forma armazenam uma informação conceitual de nossa memória:


Estas unidades básicas do sistema nervoso estão apresentadas em uma forma bem primária, sem os seus prolongamentos (axônios) que são como braços de uma cabeça.

Aquisição de um novo conhecimento

Quando o cérebro é exposto a um novo conhecimento, e O ESTÍMULO É SUFICIENTEMENTE FORTE, um mensageiro celular - cAMP - cuja função seria melhor classificada como um "amplificador" de sinais celulares, ativa a abertura de nosso código genético, com consequente produção de proteínas de crescimento e expansão da membrana celular do neurônio. Esta expansão é automaticamente direcionada para os neurônios que também foram ativados em paralelo, também por mensageiros celulares, por terem algo a ver com a(s) ideia(s) ou fato(s) assemelhados à(s) ideia(s) expressada(s) por este NOVO Conhecimento.

Vídeo


Do vídeo "Memories are made of this" de Erick Kandel:

Veja a partir do minuto 22:



Ligando os fatos

Desde os tempos de escola, dos sete anos em diante, os professores, diante de nossas dificuldades de aprendizado, expunham alguns fatos e nos diziam:

Você tem que ligar uma coisa à outra

Então, hoje, diante desta constatação científica do que ocorre durante o aprendizado, vemos que a metáfora citada ocorre literalmente dentro de nossa massa cerebral, o que é simplesmente fantástico. 

Este mecanismo e sua expressão também valida e homologa o uso tão crescente dos Mapas Mentais em todos os ramos do conhecimento. Pesquise esta ferramenta e comprove.

Conclusão

Aprender no banco escolar ou em sua mesa de estudo, é, a nível cerebral, construir novas ligações ou relações, entenda como quiser.
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cAMP - (Cyclic Adenosine Monophosphate) - É responsável pela ativação
 de proteínas e enzimas, que entre várias ações podemos citar a transcrição
 de fatores genéticos para síntese de novas proteínas.