Vamos discutir a frase "o gato correu atrás do rato" para uma criança. Você acha uma discussão tola ? Então leia e pense. Esta "dupla dinâmica" de entidades (pois só são isto a princípio), em nosso tempo, é apresentada às crianças no desenho animado Tom e Jerry. Este é o referencial para as crianças. A primeira pergunta da criança para os pais é:
Por que o gato está correndo atrás do rato ?
A resposta óbvia é:
Porque o gato quer pegar o rato para comer.
Quem acompanhou Tom e Jerry nestes anos todos sabe que esta é a intenção do gato Tom, que não teve êxito e nem o terá no tempo, senão a dupla acaba, a história acaba e é o fim da magia. Outras gerações precisam do conhecimento que esta relação entre os dois quer transmitir.
Então vem a próxima pergunta:
Por que o gato quer comer o rato ?
A resposta simples:
Porque gatos comem ratos.
Talvez a criança fique satisfeita. Aí reside uma verdade estabelecida. A criança come comida e sabe que tem fome, e come arroz, carne, batata frita, hamburguer. Ela sabe que comer faz parte do seu instinto, e isto é automático. Por isto a resposta "gatos comem ratos" faz sentido para ela. Instinto básico. E instinto básico não se questiona.
Este par, esta dupla, é a sua primeira associação válida de comer com o mundo interno que ela já conhece. Neste mundo interno ela come comida, porque tem fome.
Diagrama de contexto
As perguntas mais inocentes podem surgir:
- Papai, o gato pode me comer também ?
- O gato é menor que você. Ele não vai te comer.
- O gato pode comer a minha comida ?
- Pode.
- O rato também ?
- Também.
- Eu posso comer o gato ?
- Nós não comemos carne de gato.
- Por que ? (Uma negação quase sempre trás outra pergunta.)
- Porque gente não come carne de gato.
- Por que gente não pode comer carne de gato ?
- Porque não faz bem.
- Dá dor de barriga ?
- Tem outros bichos que a gente pode comer: galinha, peixe, vaca, mas gato e rato não. Os homens não estão acostumados a comer carne de gato, e rato é um bicho que anda na sujeira.
- Mas porco também anda no sujo e a gente come.
- O porco que comemos sai de uma fazenda, e lá é tudo muito limpo.
Não vamos descer a discussões mais profundas de saúde e nutrição, pois queremos tirar as relações básicas de uma pura conversa de criança, ainda não poluída por abstrações adultas, e poder investigar o cérebro em ação.
Comer é uma ação. Por não ser uma entidade de fácil assimilação, as ações precisam ser fortemente caracterizadas no que acaba sendo uma rede de conhecimentos. Vocês viram pelo tamanho do diálogo o quanto foi preciso conversar com a criança para lhe dar uma idéia do ato de comer em suas diversas relações.
O referencial humano
Em sendo cada um de nós nosso primeiro referencial (e isto é ainda mais forte no caso das crianças), a primeira pergunta foi algo bem visceral, ligado à sobrevivência, e ao medo:
Papai, o gato pode me comer também ?
As crianças são egocêntricas, e diante da ameaça de um animal comê-la, ela quis logo saber do pai se o gato podia comê-la. Nossa primeira medida somos nós mesmos. O cérebro está encerrado dentro de nosso crânio. Ele fica preocupado sobre os riscos que estão à sua volta.
Para tranquilizar a criança, o pai lhe apresenta a relação mais básica na frase:
O gato é menor que você. Ele não vai te comer.
Aqui está a relação mais básica para o raciocínio a respeito de muitas coisas: o tamanho. O maior subjuga o menor. O maior é mais forte que o menor. Para a criança isto é absolutamente satisfatório, e um ponto de partida que não pode ter muitas ramificações, até que ela amadureça um pouco (por volta dos sete anos). A resposta do pai tranquiliza a criança para muitas relações entre ela e outras entidades que apareçam diante dela, como formigas, pássaros, etc.
Diagrama de contexto
- Papai, o gato pode me comer também ?
- O gato é menor que você. Ele não vai te comer.
- O gato pode comer a minha comida ?
- Pode.
- O rato também ?
- Também.
- Eu posso comer o gato ?
- Nós não comemos carne de gato.
- Por que ? (Uma negação quase sempre trás outra pergunta.)
- Porque gente não come carne de gato.
- Por que gente não pode comer carne de gato ?
- Porque não faz bem.
- Dá dor de barriga ?
- Tem outros bichos que a gente pode comer: galinha, peixe, vaca, mas gato e rato não. Os homens não estão acostumados a comer carne de gato, e rato é um bicho que anda na sujeira.
- Mas porco também anda no sujo e a gente come.
- O porco que comemos sai de uma fazenda, e lá é tudo muito limpo.
Não vamos descer a discussões mais profundas de saúde e nutrição, pois queremos tirar as relações básicas de uma pura conversa de criança, ainda não poluída por abstrações adultas, e poder investigar o cérebro em ação.
Comer é uma ação. Por não ser uma entidade de fácil assimilação, as ações precisam ser fortemente caracterizadas no que acaba sendo uma rede de conhecimentos. Vocês viram pelo tamanho do diálogo o quanto foi preciso conversar com a criança para lhe dar uma idéia do ato de comer em suas diversas relações.
O referencial humano
Em sendo cada um de nós nosso primeiro referencial (e isto é ainda mais forte no caso das crianças), a primeira pergunta foi algo bem visceral, ligado à sobrevivência, e ao medo:
Papai, o gato pode me comer também ?
As crianças são egocêntricas, e diante da ameaça de um animal comê-la, ela quis logo saber do pai se o gato podia comê-la. Nossa primeira medida somos nós mesmos. O cérebro está encerrado dentro de nosso crânio. Ele fica preocupado sobre os riscos que estão à sua volta.
Para tranquilizar a criança, o pai lhe apresenta a relação mais básica na frase:
O gato é menor que você. Ele não vai te comer.
Aqui está a relação mais básica para o raciocínio a respeito de muitas coisas: o tamanho. O maior subjuga o menor. O maior é mais forte que o menor. Para a criança isto é absolutamente satisfatório, e um ponto de partida que não pode ter muitas ramificações, até que ela amadureça um pouco (por volta dos sete anos). A resposta do pai tranquiliza a criança para muitas relações entre ela e outras entidades que apareçam diante dela, como formigas, pássaros, etc.
Depois vem associações que a criança explora relacionando as entidades deste seu momento frente ao gato e ao rato, como:
"Eu posso comer o gato ?" , "por que gente não pode comer carne de gato", "mas porco também anda no sujo e a gente come ?"
A criança cruza as entidades entre si, procurando relações válidas. Qualquer negativa é questionada. O cérebro, o herói por detrás das perguntas, age desta forma, procurando as relações e, ao se surpreender com um "não", "se revolta" e pergunta o por quê. Existe agressividade quando se pergunta algo que não se sabe, e este instinto agressivo ajuda a investigação.
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